Mobilidade urbana: otimizar o transporte e poluir menos é um desafio para as cidades

O Foztrans trabalha em gestão de frota e conscientização para reforçar as políticas públicas e atender os “ODS”

  • Especial Sustentabilidade/Redação Almanaque Futuro – 

A sustentabilidade do transporte público é um desafio e não deixa de ser uma oportunidade para promover uma mobilidade mais eficiente, menos poluente e acessível. Os municípios precisam investir em infraestrutura, tecnologia, educação e antes na busca por soluções e novas ideias para o setor. É possível tornar o transporte uma alternativa atraente, pois o simples fato de ser utilizado pela população já é uma grande contribuição para o desenvolvimento sustentável das cidades.

Isso tem sido um tema na ponta das discussões sustentáveis, portanto, de extrema importância, pois o deslocamento das populações nas cidades é responsável por cerca de 20% das emissões de gases causadores do efeito estufa no mundo, em contrapartida, o transporte público é uma alternativa para reduzir a dependência no uso de veículos particulares, autônomos, e promover o trânsito mais sustentável.

E como tornar o transporte sustentável? O setor possui um grande laboratório de estudos e desenvolvimento de novas tecnologias, na busca permanente para atenuar os prejuízos ao meio ambiente, provendo saúde e conforto aos usuários.

A busca pela redução na emissão de gases poluentes é um desafio. Se comparado a um automóvel, o ônibus polui mais, porém transporta mais pessoas, reduzindo assim o número de veículos circulando pela cidade. Essa relação é puramente matemática, logo, se mais pessoas utilizarem os coletivos, haverá uma melhoria considerável da qualidade do ar e a consequente redução das emissões de gases poluentes, contribuindo com tudo o que há em volta, ou seja, nos percursos. O transporte público ajuda a reduzir o congestionamento e facilita o deslocamento das pessoas, proporcionando acesso a mais oportunidades de trabalho, educação e lazer.

Há uma revolução na busca por novas modalidades como a utilização de biocombustíveis ou a tração elétrica, por redes ou motores impulsionados por baterias, porém o simples é também bastante eficiente, como o incentivo e uso de outros meios de locomoção, como as bicicletas. Apesar das vantagens, é necessário que o poder público invista em ciclovias e calçadas.

Ainda no campo das comparações, o transporte público pode ser mais caro do que o transporte privado, o que dificulta o acesso para as pessoas de baixa renda, além do mais, o setor é discriminado, considerado de segunda classe, o que dificulta e muito a adesão popular.

Muitas cidades venceram o preconceito e, ao mesmo tempo que construíram ciclovias, melhoraram as estações de embarque e desembarque, investiram na busca por eficiência, por meio de gestão de frotas e sistemas de monitoramento. Campanhas de conscientização fazem parte das políticas públicas, ainda mais para atender os “ODS”.

Foz do Iguaçu busca muitas alternativas para melhorar o sistema de transporte. Não está errado avaliar que o setor atravessa uma transição, depois de décadas atuando por meio de empresas regulares e que dividiam as linhas, com forte rejeição perante os usuários. Hoje uma única empresa atende toda a cidade e por um prazo de contratação relativamente curto, apenas dois anos. O Instituto de Transportes e Trânsito de Foz do Iguaçu (Foztrans) vê isso como uma contagem regressiva, objetivando todo um arcabouço de medidas. Uma empreitada assim, nem sempre compreendida pelos meios políticos e a população, requer paciência e fôlego, até a casa ser colocada em ordem, provendo alternativas a longo prazo.

Uma das maneiras de entender isso melhor, é conversando com outras cidades, avaliando os pontos positivos e as novidades no setor. Para isso, o Foztrans participa de eventos e também os organiza, a exemplo da 115ª Reunião do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana, evento sediado na cidade entre 13 e 15 de setembro.

O encontro, promovido pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), em parceria com a Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu e o Foztrans, reuniu mais de uma centena de gestores e técnicos de todo o país. Os painéis abordaram soluções na mobilidade urbana e no transporte público nas cidades.
Foz teve a oportunidade de explanar seus desafios no setor, abordando questões como o subsídio, a gratuidade, a operação do serviço e a contratação direta através do Município do novo Sistema de Bilhetagem Eletrônica.

Levando em conta a diversidade de temas que abraçam o setor, houve abordagens sobre a situação do transporte coletivo nas cidades brasileiras e os desafios para a reestruturação do setor, além do discernimento em assuntos importantes, como o Marco Legal do Transporte Coletivo, as fontes de custeio; desoneração da folha e renovação da frota. Mobilidade urbana, veículos elétricos, transição energética, como a utilizando ônibus elétricos e os resultados que obtém; as fontes de energias renováveis e soluções como o uso do etanol, biometano e o hidrogênio, foram temas frequentes, com o foco na mobilidade urbana sustentável. O fórum também aprofundou discussões sobre o impacto do transporte individual no trânsito e quais as alternativas viáveis de promover acessibilidade.

O fato é que Foz do Iguaçu se depara com a realidade do pós-pandemia, geradora de efeitos no setor do Transporte Público em todo o mundo. Houve um impacto econômico e ele ocasionou uma baixa no número de passageiros, com cerca de 60% dos usuários migrando para outras alternativas de locomoção, um fenômeno que exige um empenho muito grande para recuperar o sistema.

Por meio de um rápido retrospecto, em abril de 2019, o transporte coletivo de Foz transportou cerca de 1,5 milhão de passageiros. Desse número, considera-se que 75% eram pagantes. Em abril de 2020, esse número caiu para 137 mil passageiros.

Foz do Iguaçu conta atualmente com 91 ônibus em operação. Algo próximo dos 30% da frota foi adquirida nos últimos seis meses, com quase todos os veículos equipados com ar-condicionado. A operação compreende 39 linhas, rodando mais de 560 mil quilômetros a cada mês. O fato é que os investimentos atraem mais usuários e o número de passageiros volta a subir gradativamente, chegando à marca de 1 milhão de passageiros por mês.

No novo cenário, cerca de 40% dos usuários são isentos e isso obriga o poder público subsidiar o serviço, com o objetivo de manter a qualidade, sem aumentar o valor da tarifa. O Foztrans estuda meios de ampliar o número de linhas, o que reduzirá o tempo entre as viagens. Isso agradará aos passageiros, uma vez que chegarão mais rápido ao destino. Também tem investido em soluções para facilitar a compra antecipada dos créditos e com novos métodos para o pagamento embarcado diretamente nos ônibus, utilizando, por exemplo, relógios inteligentes, smartphones, cartões de débito e crédito por aproximação. Medidas assim são mais que uma luz no fim do túnel na sobrevivência do transporte público, porque proporcionam bem-estar da população.

Qualificando o transporte, haverá um compromisso maior com o meio ambiente, reduzindo os poluentes, aliviando os horários de pico nas ruas e avenidas, diminuindo sobretudo o número de acidentes. Para se ter uma dimensão disso, basta informar que, até julho, Foz registrou cerca de 2 mil sinistros de trânsito, com mais de 600 vítimas graves. São pacientes que ocupam leitos hospitalares por longos períodos, prejudicando a agenda de cirurgias eletivas, sem contar o sofrimento das famílias.

O transporte público é um direito que efetiva outros direitos, pois facilita o acesso aos serviços essenciais, como Saúde e Educação, e com eficiência e atenção, melhora a qualidade de vida da população.