“Itaipu Mais que Energia”, um marco para a Sustentabilidade

Desde os primeiros relatórios, ainda na década de 70, e, o Plano Básico de Conservação do Meio Ambiente”, a usina devolve os impactos que causou à natureza; mais até que o previsto.
  • Especial Sustentabilidade/Redação Almanaque Futuro  – O anúncio da construção de uma usina binacional no Rio Paraná, por suas dimensões e capacidade de geração de energia chamou a atenção em todo o mundo. Aos olhos de muitos, afinal, seria uma montanha de concreto, moldada por colunas de ferro e aço, encravada em uma região onde a natureza lutava pela sobrevivência, cercada de parques nacionais e reservas; áreas remanescentes do que fora a Mata Atlântica.

O projeto da usina e os primeiros relatórios de prováveis impactos causaram discussão em Estocolmo, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, realizada em 1972. A delegação brasileira foi chefiada pelo general Costa Cavalcanti. No ano seguinte (1973), foi assinado o Tratado de Itaipu, com muitas inovações e cuidados nas questões ambientais, um papel que mudaria o curso das construções de barragens no planeta.

Havia o compromisso de realizar pesquisas, bem como iniciativas eficientes em favor dos bens naturais, porém isso foi recebido com certo ceticismo, afinal de contas o Brasil atravessava um “milagre econômico” e desenfreado, com estradas rasgando as matas, expansão agropecuária e agrícola, atração de indústrias automobilísticas e uma forte migração aos grandes centros, com o crescimento das cidades.

O projeto da grande usina em Foz do Iguaçu demonstrava eficiência ambiental quando ocuparia uma área de reservatório muito menor que outras barragens, produzindo uma quantidade de energia em média dez vezes superior, mas com dois agravantes: a inundação das margens ao longo de uma extensão de 170 km no Rio Paraná, nos lados brasileiro e paraguaio, entre o local da obra e o Município de Guaíra, causando o desaparecimento das Sete Quedas.

Vários estudos ambientais deram forma aos planos diretores de Itaipu, moldando uma postura até então inédita no setor elétrico brasileiro, com diretrizes para minimizar e compensar os efeitos adversos sobre o meio ambiente, implementadas nas fases de construção e operação do gigantesco empreendimento.

A Diretoria de Coordenação de Itaipu elaborou um “Plano Básico de Conservação do Meio Ambiente”, aprovado em setembro de 1975. O documento estabeleceu o roteiro das atividades relacionadas com o meio ambiente necessárias ao pleno funcionamento da hidrelétrica, definindo projetos para corrigir as alterações, devolvendo o equilíbrio aos recursos naturais.

Foram realizados inventários florestais, identificadas as espécies e, no curso dos acontecimentos, criados os refúgios biológicos; operações de resgate de animais com a formação do reservatório; um canal foi construído para a migração e desova dos peixes; o lago recebeu faixas ciliares, com o plantio de milhões de mudas de árvores, formando corredores de biodiversidade, e, meio século depois, perfazem a restauração da Mata Atlântica, promovendo a conectividade de ecossistemas, articulando instituições no planejamento e execução de ações para a restauração e conservação.

Várias espécies nativas foram protegidas e procriadas, por meio de programas socioambientais, conservação e sustentabilidade. Itaipu hoje é um modelo em desenvolvimento sustentável. No aspecto do desenvolvimento regional, a Usina sempre esteve ao lado dos municípios em sua área de atuação, provendo uma longa lista de necessidades, além dos repasses de royalties. Obras importantes foram assumidas pela Binacional, bem como desenvolvido programas inovadores. A gestão atual, empossada desde o início do ano, anunciou novas diretrizes e uma considerável abrangência territorial, beneficiando 434 municípios, sendo 399 no Paraná e 35 no Mato Grosso do Sul, beneficiando 11 milhões de habitantes.

O programa “Itaipu Mais que Energia” investirá cerca de R$ 1 bilhão em projetos socioambientais, como o manejo de água e solo, saneamento ambiental, energia renovável e obras sociais, comunitárias e de infraestrutura.

Estima-se que tais atividades cubram mais de 200 mil quilômetros quadrados, área maior que muitos países.

Os recursos serão equilibrados com valores que antes eram usados para o pagamento da dívida de construção da usina, quitada em fevereiro deste ano (2023).

O programa está alinhado às diretrizes ambientais do governo federal e já é considerado um marco pois consolida a ampliação da área de influência da usina, diretamente relacionada à vida útil do reservatório, por sua vez à produção de energia. A ampliação territorial é respaldada no item 5.4 do Plano Diretor de Gestão Ambiental da Entidade, que estabelece as Áreas de Interesse Empresarial, e à Nota Reversal de 31/03/2005, assinada pelos governos do Brasil e do Paraguai, que tornou as iniciativas no campo da responsabilidade social e ambiental como componente permanente da missão da Itaipu.

O programa “Itaipu mais que Energia” está alinhado com a missão, visão e objetivos estratégicos da Binacional, especialmente com os que tratam do desenvolvimento territorial sustentável e da segurança hídrica, incluindo a pesquisa e a inovação em áreas de interesse como o turismo e as energias renováveis.