Itaipu estabeleceu um pacto ambiental antes mesmo do início de sua construção.
A binacional formalizou um olhar avançado nas práticas ambientais e não desviou em momento algum dos objetivos.
Especial Meio Ambiente
Quando se fala em devolução, recomposição, compensação e resgate de recursos naturais, bem como o respeito ao meio ambiente, Itaipu Binacional sempre está em voga.
Quem visita a usina e a sua imensa barragem de concreto pergunta: Itaipu mais tirou ou devolveu à natureza? É correto dizer que devolveu, repôs, corrigiu, no lugar de destruir ou degradar. A hidrelétrica, em verdade, “modificou” positivamente e isso se deu ao compromisso de olhar para a meio ambiente realizando pesquisas, iniciativas práticas e eficientes levadas adiante por décadas, o que raramente ocorreu em demandas similares por onde o homem resolveu interferir.
Antes de Itaipu havia aproximadamente 170 km do Rio Paraná, entre o local da obra e o Município de Guaíra, onde se formavam as Sete Quedas. Foram os dois pontos considerados mais preocupantes nos primeiros relatórios de impacto. O lado brasileiro era quase que por completo degradado pela agricultura, com a caça indiscriminada, e, antes, vitimado pelos ciclos econômicos, no extrativismo da erva-mate, atraindo levas de mensus e colonos. Posteriormente, promoveram a retirada da madeira. A margem paraguaia era bem mais conservada, em boa parte coberta por florestas. O enchimento do reservatório da usina fez submergir o passado de exploração e destruição da Mata Atlântica no perímetro.
Não foi uma tarefa fácil relocar vilas, povoados, indígenas; houve muitas negociações e decorrentes ações judiciais; movimentos dos mais diversos também questionaram a necessidade de uma obra tão robusta. Mas o tempo, afinal, corrigiu o curso, fez justiça e hoje, Itaipu é encarada de uma outra maneira, graças aos compromissos ambientais que nunca foram deixados de lado, sem o esmorecimento nas ações e desvios de atividades.
E como seria imaginar isso, quando ainda nem se havia calculado a dimensão dos impactos na natureza? Itaipu é contemporânea das grandes Conferências Ambientais; a primeira grande entre elas foi realizada em Estocolmo, em 1972, chamada de “Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável”, cuja declaração estabeleceu os 26 princípios sobre desenvolvimento e meio ambiente. A “Ata do Iguaçu”, que deu origem à Binacional foi assinada em 1966 e o Tratado de Itaipu, em 1973. Por esta ótica, Itaipu se preocupou surgir, inovando as questões ambientais, assumindo um papel que mudaria o curso das construções de barragens no planeta e como tratar o ambiente com as hidrelétricas em operação.
No espaço de 40 anos surgiram florestas serpenteando o reservatório; com cidades e propriedades agrícolas entendendo o significado dos mais de mil quilômetros da Faixa de Proteção, em verdade um início de reposição de Mata Atlântica, em terreno que reintegra o bioma; a flora se refazendo, habitada por animais e pássaros que praticamente transitam entre dois parques nacionais, Iguaçu e Ilha grande.
É um privilégio a atual geração ver uma floresta surgir e, devolver o que a natureza levou milhões de anos construindo; o que fora devastado em apenas meio século. É sim um compromisso público com a natureza, com a conscientização dos atores que preparam o futuro com os cuidados necessários aos que virão. Olhando os mapas, analisando o que o mundo enfrenta, os impactos e a impotência frente às agressões, parece pouco o que ocorre no entorno do lago, entre Foz e Guaíra, mas não é. Itaipu nos ensina uma grande lição.