O que o Paraná e Foz do Iguaçu fazem em Dubai?

Emirados possuem mais de US$ 3 trilhões reservados para investimentos em projetos de infraestrutura em áreas diversas e que vão de energias renováveis à agricultura.

 

Os eventos “Expo”, ou exposições mundiais, são realizados pelo Bureau International des Expositions, ou “BIE”, uma organização internacional intergovernamental, com sede em Paris. Trata-se de uma entidade autônoma, mas com origem no início do século passado (1928). As “Exposições Universais” são realizadas desde 1851, com a “The Great Exhibition of the Works of Industry of all Nations”, um grande evento que marcou a era vitoriana. O Brasil participou.

A primeira grande exposição mundial da inovação foi organizada em Londres, na era vitoriana. O Brasil marcou presença.

As Exposições Internacionais concedidas pelo BIE podem durar até seis meses, sendo organizadas oficialmente por um Estado, como acontece em Dubai, nos Emirados Árabes. O evento foi originalmente concebido para 2020, porém adiado para este mês de outubro, até 31 de março de 2022. Como ocorreu nos Jogos Olímpicos de Tóquio, e, em vários eventos que deveriam ocorrer no ano passado, o nome “Expo 2020” foi mantido.

Segundo o governo do Paraná, o Estado representa o Brasil na Expo Dubai e para dar envergadura à missão, organizou uma comitiva incluindo prefeitos, empresários e autoridades de vários segmentos, com o objetivo de atrair negócios, acordos bilaterais e ampliar investimentos.

As exposições mundiais não possuem um caráter comercial e sim, são voltadas primeiramente para a inovação. Desta maneira, as intenções paranaenses ocorrerão em boa parte, por meio de agendas paralelas, onde é possível tratar de aportes e recursos.

Dentre as ações, há uma visita ao maior porto do Oriente Médio, a participação em um fórum global de negócios da África e reuniões com a Câmara Árabe de Comércio, na busca pelos intercâmbios culturais e incentivar visitas aos berços de tecnologia do Estado, como é o Tecpar. O governo quer trazer grupos empresariais e governos para conhecer os parques tecnológicos públicos e privados no Paraná.

 

Em Abu Dhabi

Os paranaenses devem participar de audiências com os “fundos soberanos” Abu Dhabi Investiment Autority, o Abu Dhabi Financial Group e o Mubadala Investment Company. Os maiores fundos soberanos do mundo estão nos Emirados Árabes. Estima-se que possuam mais de US$ 3 trilhões reservados para investimentos diretos em empresas e projetos de infraestrutura em diversas áreas, com evidência em energias renováveis, alimentos e agricultura, o foco de desenvolvimento do Paraná, um celeiro alimentício e matriz de novas tecnologias, como é o caso do Biogás.

Hub logístico

A viagem à Dubai, caso as negociações rendam frutos, poderá calçar um projeto ambicioso, capitaneado desde o início do atual governo, que é transformar o Paraná no mais importante “hub” logístico da América do Sul, o que pode beneficiar e muito, uma cidade como Foz do Iguaçu.

O Estado possui muitos projetos desenvolvimentistas, mas um dos mais ousados é a ligação transoceânica entre Paranaguá e a costa chilena no Pacífico, onde estão as cidades portuárias de Arique, Iquique e Antofagasta. Foz do Iguaçu está no caminho e se avantaja com a construção de uma nova ponte com o Paraguai e obras estruturantes que poderão dar suporte a um programa de modais, atendendo além das rodovias, a navegação fluvial, ferrovias e transporte de cargas aéreas. Dentre outras, justifica-se a visita ao Jebel Ali Port, cerca de 35 quilômetros de Dubai, nada menos que o maior porto artificial do planeta e o que concentra as maiores movimentações de cargas de todo o Oriente Médio. Em verdade, todo o complexo dá uma dimensão de como o Paraná poderá saltar para o futuro da logística, conjugando operações aéreas e marítimas, estruturadas pelas rodovias e ferrovias.

 

Discussão

A chamada “rota bioceânica” tem sido fruto de muitas discussões e mesmo de disputa entre estados brasileiros. Há dois projetos em ênfase, um saindo do Porto de Santos, São Paulo e o defendido pelo governo do Paraná a partir do Porto de Paranaguá. Os traçados são diferentes; o primeiro pela Bolívia e segundo, atravessando o Paraná, Paraguai, norte da Argentina, com acesso ao norte do Chile. Há quem defenda a integração entre as duas ideias, criando um dos mais prósperos corredores das Américas, mas as logísticas são bem diferentes, concentrando interesses de vários países. Segundo a opinião de algumas pessoas, as duas obras são viáveis no futuro. Independentemente da rota escolhida ou que terá as obras iniciadas, isso não diminui em nada as qualidades logísticas e estratégicas de Foz.

Duas rotas estão em discussão para a ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico. A paranaense é bem recebida por argentinos e paraguaios.

 

A Terra das Cataratas nos Emirados

Mostrar a cidade e o que ela possui, pode encher os olhos dos investidores, sobretudo quando Foz está em localização geográfica tão interessante e com um conjunto de ações quando o assunto é desenvolvimento, seja por meio das novas tecnologias e inovações, como pelo Turismo. Atrair investimentos, afinal, é uma maneira de prover recursos para solucionar muitos problemas urbanos e realizar projetos de vulto na área ambiental.

Com tanto dinheiro assim nos fundos de investimentos árabes e, para desenvolver novos projetos em todo o mundo, certamente Foz é uma grande vitrine quando enverga seus cartões postais. Mas a cidade, além daquilo que mostra, precisará realizar uma série de ações para dar conforto aos moradores, como é o caso de tirá-los das margens dos rios, erradicar a pobreza em várias comunidades, como o Bubas e desenvolver mais espaços, realizando ações como o Parque Linear, um projeto que está pronto e necessita recursos para ser levado adiante. A lista de investimentos não é pequena, o caso é saber onde se ajustam na proposta dos investidores.