Sem parar e sempre vigilantes

Por Paulo Baldan

Sempre olhamos para o futuro; pensamos em progredir, abrir postos de trabalho, expandir os negócios e obviamente, arcando com as responsabilidades, os riscos e as derivadas obrigações. Elas não são poucas. Se antes, redobrar a atenção, fazia parte do papel de um empreendedor, hoje a tarefa exige introspecção, discernimento, disciplina e medidas adicionais para não contaminar o ânimo. As pessoas perguntam: “como foi a sensação de estarem à frente de projetos que exigem tanta performance empresarial e do nada, precisar lidar com a crise imposta por uma pandemia?”. E respondo: a primeira pauta do nosso grupo, foi manter a calma, depois, nos preparamos para um exercício organizacional incansável, sem afastar colaboradores, mostrando esse empenho para as empresas, executivos e investidores. Quando, do outro lado, estão as pessoas que acreditam no nosso potencial, fazem negócios conosco e sentem segurança, fica bem mais fácil encarar períodos turbulentos, independentemente do tempo que isso vá durar. E quem estava preparado para uma crise desta proporção?

De certa forma, vencer este momento e partir para reaver o que perdemos ou involuntariamente “se perdeu”, nos fará muito mais fortes e nos agregará muito mais conhecimento para qualquer ação no futuro. É preciso cabeça para vencer a crise e será necessário tê-la no lugar, para o período de recuperação econômica, porque isso não dependerá só de nós. Lutar contra as adversidades é um empenho individual, do ponto de vista das organizações e como elas se adaptam; recuperar a economia é uma questão coletiva, e, talvez, seja este o momento mais delicado, quando há uma somatória de ânimos, com grupos que conseguiram sobreviver e outros que sofreram e quase quebraram.

Dentre os nossos negócios, a hotelaria é nossa linha de frente, onde mais investimos. Isso está diretamente ligado ao Turismo, um setor que possui grande potencial de recuperação. É possível entender, que Foz do Iguaçu, por várias razões, contornará a crise antes que muitos destinos concorrentes, mas não devemos nos iludir quanto ao tempo necessário para que a situação seja resolvida. É bom acreditar e é igualmente mais confortável manter os pés no chão, sabendo que não teremos o movimento de antes da pandemia. Mas isso não quer dizer que vamos perder a esperança. Para lidar com uma situação assim, é necessário inovar no campo das decisões, contando desde que todos pensem com certa similaridade.

É interessante conviver com a crise e ao mesmo tempo com a onda que move o otimismo. Nossa cidade, afinal, vive um momento de grandes expectativas com tantas obras estruturantes. Esperamos que elas se cumpram dentro dos prazos e neste caso, dependemos do empenho do setor público. Na área privada, fazemos a nossa parte, a começar pelo pagamento dos impostos, encargos, taxas e tarifas altíssimas. O setor empresarial precisa encontrar formas de convencer o Estado em aliviar um pouco o peso de sua mão, em impor menos obstáculos à cada momento e oferecendo alternativas. É bom ser sócio de uma nação tão vanguardista, orgânica e que supera todas as crises, como é o Brasil, mas não podemos nos conformar, quando nossos negócios se deparam com essas encruzilhadas difíceis e muitas vezes injustas. Pelo o que nos esforçamos, e, ajudamos a arrecadar, deveria haver um mínimo de conforto. Vamos em frente, sempre, mas com atenção, pois sem ela, nossa tarefa será mais difícil. Isso aprendemos e dificilmente esqueceremos.

Paulo Baldan é diretor do Vialle Hotéis Foz do IGuaçu