O Partido dos Trabalhadores de Foz do Iguaçu declarou no início da semana que será oposição ao Governo Chico Brasileiro. Sabemos que no fundo, é um jeito de fazer oposição ao Nilton Bobato. Chico só acabou no rebolo. A encrenca foi anunciada e se deu em reunião extraordinária e com pauta única.
Como há várias pessoas assumindo cargos em secretárias e diretorias, o paredão foi geral. Um muro de fuzilamento estatutário, diga-se. Que situação hein? Pessoas que ganham de dez a quase R$ 16 mil reais terão que atender, do contrário esbarrarão no cadafalso ético.
O homem de preto
O resultado da reunião no PT foi 11 votos pela oposição ao governo e quatro contra, com uma abstenção. O vice-presidente Fernando Duso apareceu fazendo as vezes de “homem de preto”, com terno e gravata, pronto para eletrizar os alienígenas, ou seja, os recém ingressos no partido. Bom, nem sei ao certo a cor da indumentária, mas achei graça no trocadilho.
Como é que foi isso?
Sabemos do rompimento, mas como será, foi esse namoro? Filiados do PT e o governo Chico começaram o affair após o resultado das eleições e o Lula Presidente da República. Tem explicação: no jogo de “pega na mão, abraça e beija”, petistas foram parar no governo (alguns já estavam lá) e “Chiquistas” acabaram bem no meio do PT. Isso despertou a ira do Dilto Vitorassi, independentemente dos apelos da cúpula do partido e o seu fortalecimento rumo às eleições do ano que vem. O PT nacional pensa em ser um oceano, em Foz é a piscina onde somente o Vitorassi pode nadar de braçada e conforme ele mesmo diz, é bom de dar um “marguiu”.
Reza a lenda…
…que esse namoro começou em razão da possibilidade de Itaipu Binacional assumir o Hospital Municipal Padre Germano Lauck. Mas como em tudo, quando o assunto esbarrou na ocupação dos cargos, degringolou.
Ao que consta os petistas foram assumindo o governo por meio de ações individuais, mas é difícil imaginar que o partido não soubesse, uma vez que há nomes históricos e que sempre participaram das decisões na sigla.
Com certeza, o prefeito Chico embarcou na onda da “conciliação”, uma vez que conversava com gente do alto escalão. Não imaginou que isso virasse em tamanha confusão. Tendo em conta que o governo federal é importantíssimo para uma cidade como Foz, é sim uma dor de cabeça concluir que o principal partido governista fará oposição. Como o Chico e seus secretários farão a peregrinação em busca de verbas nos ministérios nessa bola dividida?
Quem está no paredão
Se a encrenca não for remediada, os secretários de Governo e Meio Ambiente, Nilton Bobato e Angela Meira estão em situação complicada, bem como o diretor de Assuntos Internacionais, Jihad Abu Ali. Já, os secretários de Habitação e Turismo, por sua vez Ian Vargas e André Alliana podem deixar o governo. Nilton já adiantou que ficará no governo e também no PT. Ele está conversando com os partidos da base aliada, pois ao que parece, muita gente não concorda com a decisão da terça-feira. O PT pode não ter rachado, isso não será possível afirmar quanto à federação partidária.
Vitorassi
Todos que conversaram com o Dilto Vitorassi ouviram a mesma versão, como “o PT nunca foi situação, está tranqujilo para ser oposição”. Ele não considera que negociações pessoais sejam satisfatórias, “do tipo toma lá, dá cá, na base de cargos políticos”. Disse em bom tom que não quer prejudicar as pessoas ou “tirar o emprego de alguém”, mas existe um estatuto e espera que os “companheiros” levem isso à sério.
Os motivos
Ao que parece, para não parecer que a encrenca era pessoal, encontraram um remédio para reforçar a decisão no PT: o Transporte Coletivo Urbano, os alagamentos e o setor de Saúde, “que usa o dinheiro do governo federal e a verba nunca é suficiente”. Mas o Vitorassi espreme o André Alliana. Diz que ele se ausentou das festividades do 11/11, o Cataratas Day e a passividade com o final dos passeios da embarcação Kattamaran.
Os possíveis puxões de orelha
André Alliana e Ian Vargas mantém fortes ligações com os caciques petistas e também com diretor-geral de Itaipu, Ênio Verri; Kattamaran e Cataratas Day foram ações de Turismo incentivadas por Itaipu. Por sua vez, Chico Brasileiro também possui bom trânsito na Binacional. Alguém disse a este colunista que Enio Verri anda um pouco desconfortável com a situação, sobretudo porque isso pode desviar a sua atenção de assuntos muito importantes, como a negociação com os vizinhos paraguaios e a alta de consumo de energia no país, devido a onda de calor. O tema já chegou na mesa da Gleisi Hoffmann.
Festerê dos outros
Quem está radiante com as últimas deliberações no Partido dos Trabalhadores de Foz do Iguaçu é a oposição. Todos os partidos de direita e centro andavam preocupados com o tamanho do arsenal que o PT estava construindo, ganhando muita musculatura para o processo eleitoral do ano que vem. Andaram soltando rojões com a quebra de intenções com a máquina administrativa.
Maristela
A “presidenta” do PT em Foz, Maristela da Silva Viana disse que em situações assim, a maioria pensa e fala conforme as suas convicções, mas ela preferiu analisar o contexto geral, no exercício da função: “o diretório votou oposição a atual gestão municipal; mencionou que houve várias falas, favoráveis e contrárias, porém a maioria do decidiu manifestar contrariedade à atual gestão”. Disse e completou: “uma ala do PT defendeu que o partido ficasse neutro, e outra, defendeu manifestar a oposição. O diretório respeito a decisão da maioria”.
Mirtha em silêncio
O que não devem fazer é subestimar a cabeça de Mirtha Baez. É ela quem coordena a Comissão de Ética do PT em Foz. É alguém que milita desde cedo, e, conhece o terreno. Mirtha obedece a vontade da maioria, mas é muito ligada ao mundo exterior, totalmente enraizada ao pensamento maior do PT. É amiga e pode-se dizer, íntima das figuras mais expoentes, leia-se Gleisi, Enio, Janja; frequentou e muito a sala de estar, cozinha e churrasqueira do casal Lula da Silva. Se questionada, estará preparada para dar as explicações de maneira muito isenta.
Bobato falou…
“Só lamento a decisão local do PT, capitaneada por um grupo que só pensa na política subterrânea, não consegue enxergar o momento que o país vive e que precisa ampliar sua influência e não limitá-la. A decisão, claramente, por ser extemporânea, regurgita apenas rancores e não contribui em nada com a construção do país que precisamos, não contribui em nada para a construção da cidade que queremos. Só buscou gerar constrangimento às pessoas, militantes, novos ou antigos, que desempenham funções no Governo Municipal. A parceria do governo municipal com os órgãos do governo federal e da Itaipu, continuam, isso independe de uma decisão política açodada de parte do diretório local”.
Jihad muito magoado
O tesoureiro da recém nomeada diretoria do PT em Foz, Jihad Abu Ali, foi quem aparentemente mais sentiu as dores do imbróglio contra o governo municipal. Em meio aos discursos e argumentos, ele balançava a cabeça negativamente e não aguentou, fez um desabafo sincero e emocionante, ao anunciar a desfiliação, na noite da terça-feira.
O “brimo” é gente boa
Se há uma lista de pessoas solícitas e que abraçam as causas iguaçuenses certamente o nome de Jihad aparecerá disputando a liderança. O fato é que alguém assim desperta ciúme. Pessoas que fazem são sempre duramente criticadas pelos que nada fazem. O “brimo” é diplomático, mas também não leva para casa. Qualquer partido político gostaria de contar com os préstimos e solidariedade de alguém assim. Só o PT que não. Pode até ser que resolva permanecer com o Bobato.
E o André Alliana?
O assunto fica para a próxima coluna. A opinião do Alliana sempre é contundente. Pessoas ligadas ao governo de Foz não escondem a preocupação.
Itaipu e os desdobramentos
No meio do quebra-pau, com o diretório do PT declarando oposição ao governo municipal, eis que surge a notícia de uma parceria com Itaipu prevendo novos investimentos. Diga-se, de “obras estruturantes”, coisa que lá no início não fazia mais parte dos planos da Binacional. O fato é que se Itaipu não estender a mão, dificilmente a cidade conseguirá reverter questões graves, como é o caso da interligação da Avenida Tancredo Neves com a BR 277. E há outras demandas em curso. Bom, penso que por hoje deu. Estou com os dedos doendo de tanto escrever sobre o PT, além do mais o assunto já está cansado, mesmo sabendo que teremos rounds emocionantes pela frente. “Inté” a próxima!