O Carnaval da Saudade, não ficará mais na “saudade”
Em sua coluna, Rogério Romano Bonato comenta os carnavais de antigamente, as águas abundantes e o perigo em Foz, e, o sonho de uma mobilidade sustentável.
Coluna do Corvo (Bonato) para sexta-feira 21/02/25
Os bebês e as piscinas
Sem querer pegar carona em uma recente e quase tragédia, sabemos que crianças pequenas adoram piscinas, sobretudo porque passaram nove meses submersas no ventre das mamães; querem a todo o custo pular na água. Todo cuidado é pouco e, dependendo a situação, os pais se complicarão se forem relapsos. Sai bem mais em conta monitor os pimpolhos, cercar as piscinas, janelas, escadas e locais que inspiram mais cuidados, do que enfrentar um processo, que causa constrangimento e aperto no coração anos a fio.
Os marmanjos e as barrancas
Crianças, se os pais estiverem atentos, conseguirão dar conta, mas, e, os adultos, chegados em dar mergulho nas águas do Paranazão? Se os bebês dão trabalho aos pais, os marmanjos não param de incomodar o Corpo de Bombeiros! Muitos enchem a cara e acreditam que o Rio Paraná é uma lagoa de águas mansas e é aí que mora o perigo. Em suma, o verão é uma delícia, mas requer atenção até nos balneários. Ao lembrar isso, as obras de duplicação da BR 469 causaram a extinção de alguns balneários populares, aqueles que o povo estaciona na beira do riacho e desembarca com boia de câmara de pneu, farofa e uma garrafa de pinga! Eita festerê!
Mais hospitais
É bom saber que o Estado quer um novo hospital regional em Foz e, atendimento na área de Saúde sempre será prioridade, ainda quando as filas por cirurgias se formam e aumentam, por maior o esforço de cumprir agenda. Segundo uma fonte o setor de “trauma” é o que esculhamba todo o processo. De olho nisso há quem esteja convicto que as motos são mesmo um vilão implacável. Bom, isso está rendendo pano para manga em todas as grandes cidades brasileiras.
Não aprendem
Foz do Iguaçu está se tornando um lugar muito perigoso para motoristas, motoqueiros e ciclistas. Os horários de pico se convertem em “globos da morte”, com um enxame de motos fazendo malabarismo em meio aos veículos leves e pesados. E furam semáforos, desrespeitam os limites de velocidade, danificam automóveis e arranjam muita encrenca no trânsito. Esses dias uma moto entrou abruptamente na frente de um veículo, foi atropelada e em minutos o motorista, inocente, quase foi linchado. Várias pessoas, hoje testemunhas, precisaram jogar água morna na confusão.
Faixas elevadas
Este colunista testemunhou uma situação em nada agradável: uma mulher viu que um veículo vinha em velocidade acima da média, na Avenida das Cataratas e mesmo assim entrou na frente dele, esperando que respeitasse a faixa elevada. Por muito pouco não ocorreu o atropelamento. Há quem confie muito nos outros e acredite que respeitarão plenamente as regras de trânsito. Lamentavelmente ainda não evoluímos tanto.
Axé e samba
As iniciativas, como sabemos, nunca agradam a todos. “puxa vida, porque não trazem um trio elétrico, uma Ivete Sangalo da vida, gente mais ligada aos ritmos carnavalescos? Vão contratar dupla caipira?”, desabafou uma leitora, inconformada com a escolha. A verdade é que cada região busca as alternativas em acordo com a cultura local. Fazer um Carnaval “agro”, por exemplo, é um diferencial e atrairá mais gente do que foliões, levando em conta que nem todo mundo sai de casa para cair na folia do gorducho Momo.
Carnaval seguro
Ao que parece e se depender do almirante Tinoco, Foz será muito bem cuidada no período de Carnaval. Os foliões, visitantes e turistas agradecerão. Embora os índices de ocorrências não sejam muito altos no período, nunca se sabe o que poderá acontecer. A divulgação sobre o policiamento ostensivo ajudará bastante a diminuir os irresponsáveis ao volante, porque bêbado em blitze, ainda pode ir parar na cadeia, dependendo o que disser o bafômetro. Algumas pessoas bebem tanto no Carnaval que os aparelhos enguiçam; não estão preparados para o bafo de onça.
A frota de aplicativos
Tomara haja bastante motoristas de aplicativos em operação no período carnavalesco. Além do consumo de bebidas, o que leva as pessoas deixarem os veículos na garagem é a falta de estacionamento. Com os shows anunciados na Terceira Pista, os teimosos terão que encostar o veículo lá pelas bandas da Avenida Paraná, pelo visto. A dupla “PPA”, Pedro Paulo e Alex ameaça levar 50 mil pessoas para a área de apresentações. Há quem esteja montando excursões em cidades da região. Ontem pessoas de Missal, Santa Helena, Rondon, e, até Guaíra ligaram para os organizadores pedindo informações e querendo saber se era mesmo verdade que haveria apresentações do porte.
A eficiência no transporte coletivo
Parece fácil, mas só quem conhece do assunto pode com certeza fazer explanação. O setor é o mais atropelado com ideias inúteis e que em prática, só causarão mais dor de cabeça aos usuários. O saudoso Ermínio Gatti vivia repetindo: “transporte levanta e afunda governos”. É a mais pura verdade. Mas o Observatório Social está correto quando inicia um debate para as novas políticas e isso, sabemos, não acontece de um dia ao outro.
Laboratório
Vamos deixar um pouco de lado as complexidades que implicam em levar a população de um lado ao outro. É algo importantíssimo, mas olhar adiante, pode ser uma maneira de encurtar os problemas. É interessante saber que o mundo acompanha as inovações do Parquetec na área da mobilidade e, ficamos pensando como Foz do Iguaçu vai tirar uma casquinha. Se souberem articular isso, transformação a cidade num imenso laboratório em favor da sustentabilidade, se adequando ao que virá, ou seja, o inevitável: deixar de usar os combustíveis fósseis.
A mão do progresso
Na Europa há uma “corrida de transformação”, retirando das ruas os veículos movidos a gasolina e devolvendo-os com a tração por meio de baterias e biocombustíveis. As fábricas realizam o grosso da operação, mas em todas as cidades há experimentos dos mais diversos, até mesmo em oficinas.
Revolução
Há prazo para erradicar a queima de combustíveis; alguns países levam o assunto mais a sério que outros. Os que mantém as frotas maiores certamente encaram as discussões latentes. Para se ter ideia, isso ainda nem começou para valer no Brasil, que segue na busca pela exploração do petróleo. Certas coisas são difíceis de entender: uma parte só fala em meio-ambiente, sustentabilidade, preservação da Natureza e a outra, em exploração. O povo fica meio perdido no meio disso.
Voltando à folia
Algumas pessoas perguntam: como nasceu e, qual o problema como Carnaval da Saudade ao deixar de existir. Não é uma resposta difícil, então vamos lá: o “carnavalzinho”, como muito apelidaram carinhosamente, surgiu para aliviar a pressão na Avenida Duque de Caxias e agradar quem pedia ritmos antigos e tradicionais. Foi assim que a Fundação Cultural, contra tudo e todos (menos os foliões), implantou o Carnaval da Saudade no centro da cidade. Isso aconteceu no segundo ano de gestão deste colunista na Fundação, e, portanto, as informações são verídicas e documentadas.
A escolha do local
A esquina entre a Marechal Deodoro e Quintino Bocaiúva abrigou o evento, batizado como Largo Raúl Q uadros, porque segundo testemunhos, lá aconteciam o encontro dos “corsos” no início do século passado, quando a cidade ainda estava sendo colonizada. Nas proximidades foi construída a sede do Oeste Paraná Cube. Parte da história foi narrada em entrevista pelo capitão Ciriaco e pioneiros como Toto Palma, Roberto Simões, Rosa Cirillo e outros que já não estão entre nós. O fato é que o vento pegou rapidamente e deu muito certo até o local ficar pequeno.
E o primeiro ano?
A banda da Fundação, sob a regência do maestro Sobrinho cedeu três músicos e a Guarda Mirim outros dois. Eles subiram em uma charanga conversível e desfilaram duas quadras tocando marchinhas. Ao chegarem na área do evento, havia um pequeno coreto, feito com pedados de postes derrubados. Lá estavam a cantora Luana, o maestro Zezinho, o saxofonista Ruiz e o Oliveira Júnior animando a folia. O Coral da FC também marcou presença. Assim aconteceu o primeiro desfile de fantasias infantis. Os Pierrots e o Centro de Convivência do Idoso formaram os primeiros blocos. Anos depois a Canja do Galo Inácio se mudou para o local, uma vez que boa parte das porções eram buscadas por quem apreciava a iguaria em casa.
E qual a razão de acabar?
Quando o Carnaval da Saudade começou, ainda não havia alguns edifícios no local, mas com o passar dos anos, o evento foi se tornando muito grande e a rua pequena. Desde o início a área precisou ser compartilhada com o Templo Evangélico, uma relação um tanto estridente. Com os novos moradores, não houve jeito e para evitar encrencas, parece ter sido mais fácil matar o carnaval, no lugar de transferi-lo. Para a alegria de muitos, depois de alguns anos, eis que nascerá a Charanga da Yolanda, na última quadra da Avenida Iguaçu. Por hoje deu meus caros amigos! Uma boa sexta-feira a todos!