Foz precisa de um Instituto de Planejamento Urbano

A cada novo governo, a cada nova gestão, o que se percebe em Foz do Iguaçu é um movimento de tentativas de mudar os rumos da cidade e, é claro, desenvolver a economia, gerar empregos, melhorar a infraestrutura e diminuir desigualdades. No entanto, mesmo que bem intencionadas, essas tentativas sempre esbarram em alguns fatores, sendo o mais relevante a falta de alinhamento entre as partes envolvidas, como Prefeitura, órgãos federais, forças de segurança, empresários e movimentos populares. Assim, sem um “pacto” ou sem um “mediador” adequado, as melhorias que a cidade precisa ficam sempre comprometidas e avançam muito pouco. E quem seria esse mediador, esse ponto de equilíbrio?

Um Instituto de Pesquisas e Planejamento Urbano, com certeza, com basicamente três atribuições:

1- Ajudar a organizar a cidade, principalmente nos quesitos mobilidade urbana, arborização, áreas verdes, mananciais, drenagem, manutenção e zeladoria, elaborando um novo Plano Diretor Estratégico e fazendo permanente atualização dos códigos urbanos, sugerindo aprimoramentos e adequações, tanto para a Câmara quanto para a Prefeitura e outras instituições.

2- Efetuar pesquisas, nos moldes de institutos como o IPEA e o IBGE, mas em âmbito municipal, oferecer capacitações, pós-graduações em parcerias com as universidades, produção de notas técnicas, teses, dissertações, artigos e estudos de alto nível, gerando conhecimento sobre a cidade e o território trinacional.

3- Elaborar projetos, buscar recursos, assessorar o prefeito e outros gestores sobre eixos de desenvolvimento e subsidiar investidores com informações confiáveis sobre a cidade e seu futuro.

Há muito dinheiro disponível para financiar obras e empreendimentos que podem melhorar os indicadores sociais e de desenvolvimento de áreas urbanas e rurais, mas faltam projetos. Foz do Iguaçu pode ampliar em muito seu orçamento de investimentos se souber fazer projetos.

Com a criação de um instituto autônomo, de natureza e interesse público, aos moldes do que já acontece em outras cidades do Brasil e do mundo – a maioria com resultados positivos – será possível efetuar pesquisas e elaborar planos de desenvolvimento e diretor estratégicos, direcionar as políticas públicas, apresentar pareceres técnicos isentos, também quais os eixos de investimento e de crescimento da malha urbana, de geração de empregos e mobilidade, tornando a cidade mais competitiva e justa.

O que a iniciativa privada quer é um ambiente previsível para seus investimentos. O que os moradores querem é uma cidade justa e com bons serviços públicos. O que os turistas querem é um destino agradável e bem organizado. O que o Poder Público quer é ter o controle daquilo que é sua responsabilidade. E, com planejamento e um Instituto bem feito, certamente, todos ganham.

Fonte: Luiz Henrique Dias é professor, arquiteto e urbanista e coordenador do Coletivo da Cidade