Exercício político de centro descontrói a polarização entre direita e a esquerda em Foz
Os pré-candidatos buscam aliança com frentes partidárias de todas as ideologias, leia na coluna de Rogério Bonato
Derretimento do efeito polarização
As eleições municipais estão conseguindo desfazer o efeito “polarizador” entre direita e esquerda, como ocorreu na escolha para presidente da República. Pelo menos é o que se percebe em Foz do Iguaçu, onde os pré-candidatos conseguem buscar apoio em todas as frentes. O fator que desconstrói a polarização é a atividade política de centro.
O que acontece
Embora a pressão da direita, personalizada no ex-presidente Bolsonaro, os iguaçuenses se dividem, e, ao que consta, levam em consideração o peso das figuras locais, o passado, feitos e períodos em que exerceram mandatos; independentemente de suas ideologias. Frente a uma situação assim, os pré-candidatos buscam apoio em uns, sem macular outros. Literalmente pisam em ovos.
Lei Vicente Matheus
Não parece ser uma tarefa fácil atravessar o dia conversando com gente ligada aos extremos, logo, mesmo se definindo com “direita” ou “esquerda”, os pré-candidatos adotam o comportamento de “centro”, controlando a chama eleitoral sem ferir suscetibilidades. No jargão, abraçam Deus e o capeta, se for o caso, nem que isso lhes incomode pessoalmente.
Treinamento
Faz tempo os políticos se cuidam em assuntos delicados como é o caso da “religião”. Muitos não revelam a fé, assim não desagradam a massa eleitoral dividida em múltiplos credos. Chegam a esconder até a preferência por time de futebol e tentam a todo o custo escapar de temas polêmicos como o aborto, por exemplo. Com um treinamento desses, driblar radicais de esquerda e direita não é lá algo tão complicado, mas como a polarização é recente, isso exige demasiada habilidade.
O espetro político de Foz
O último levantamento (Radar Inteligência registro no TSE número PR-06064/2024, de 29/05/2024) diz que em 100% das abordagens, 12,3% dos entrevistados pendem para a Esquerda; 14,1% se dizem simpáticos ao Centro e, 38,2% militam na Direita. Há, porém, um percentual de 35,4% de pessoas que não sabem e não opinaram. Revendo o placar da eleição presidencial, um outro espectro, diga-se, Jair Bolsonaro obteve 66,18% contra os 33,82% de Lula. 4.223 eleitores votaram branco ou anularam o voto, enquanto 36.982 eleitores da cidade não compareceram às urnas. A soma de nulos, brancos e abstenções representa 20,74% do total de eleitores do município. Comparativamente um valor menor que os apurados recentemente.
Desempenho
A ainda recente pesquisa diz que 59,5 consultados são simpáticos aos candidatos apoiados pelo ex-presidente Bolsonaro. Olhando isso nas comunidades, há locais em que isso está acima de 75%; o menor valor não está abaixo de 50%. Como se explica o desempenho de um pré-candidato que se diz da “direita”, no caso do General Silva e Luna, com 21,4% no resultado pelo espectro político (direita), contra os 56,3% de Paulo Mac Donald, que se comporta como um candidato de centro? Certamente muitos fatores calçam explicação, um deles é o fato de nem assumirem de fato campanha e, tampouco os aliados declararem o voto. Mas isso é algo que ajuda a dissolver a tese da polarização. Nessa comparação vale lembrar que o General possui a simpatia de gente da esquerda em 4,3% e de centro em 10,1%.
Tecido ideológico
O leitor e os pré-candidatos entenderão que a comparação não pretende macular a uns e a outros, mas explicar o tecido da compreensão ideológica e como ele se manifesta. No mesmo espectro, Paulo Mac Donald aparece no empate entre os 56,7% de apoio da esquerda e 56,3% da direita, mas com 62,0% de apoio de centro. Isso demonstra que o iguaçuense não dá muita importância aos fundamentos da ideologia, pelo menos quando se discute a eleição municipal.
Vai mudar?
Aí se necessitaria uma máquina para avançar no tempo e avaliar o que de fato poderá acontecer. São muitas as variáveis. Não é possível, neste caso, acreditar em bola de crista, búzios e cartomantes. A vontade popular é algo bem mais relevante e requer analise por meio de fundamentos na ciência social. Entre as variáveis, os candidatos cometem erros, abrem o bocão na hora errada, escândalos surgem no curso da campanha; depende de quem sobre no palanque e faça a cabeça dos eleitores. Ainda falta bastante tempo.
Outras comparações
Mudando de saco para mala, este colunista recebeu mensagens abordando os serviços públicos e privados na área da Saúde, independentemente o nome dos prestadores de serviço. Segundo uma leitora, o número de atendidos em planos de Saúde é bem menor que a quantidade de pessoas que procuram as UBSs, UPAs e hospitais públicos e, logo, o atendimento deveria ser mais humano, sem tanta espera. “Fui ao atendimento do Plano de Saúde com um problema lombar e possivelmente saí de lá com contágio por gripe ou resfriado, tanto tempo precisei dividir o ambiente com sintomas dos mais diversos e ninguém, absolutamente ninguém usando máscara”. A observação é pertinente. Depois de tanto aprendizado, a população ignora um item importante de proteção.
Realidade
Em cidade onde a Saúde funciona e atende bem a população, plano de Saúde encontra dificuldades. O povo se socorre em locais onde é melhor atendido. Há casos de pessoas que possuem plano de Saúde e sabe-se lá as razões, porque são muitas, vai buscar apoio no setor público. Logo, a coisa deve estar bem complicada mesmo. De outra maneira, sabe-se que há uma constante migração de um plano a outro, diante dos diferenciais de atendimento.
A famosa calçada
Quem passar próximo da Câmara Municipal verá a confusão que há por lá em matéria de obras, demolições e locais em reforma, como é o caso do antigo edifício da Caixa Econômica Federal e que hoje pertence a privados. O espaço onde estava o Hotel Espanhol e a piscina do Hotel Salvatti se converteu em entulho. Isso eliminou parte do estacionamento aos que frequentavam a Casa de Leis. Motoristas tentam por tudo encontrar lugar para deixar o veículo, uma tarefa em nada fácil; usam as vagas nas ruas ou nos estacionamentos do bancos e empresas. Recentemente, um rebuliço chamou a atenção da cidade, quando vários veículos foram multados pelo Foztrans, por estacionarem em frente ao edifício da antiga Caixa. O resultado, além do transtorno aos “infratores”, foi a polêmica que se criou se é ou não possível estacionar por lá, uma vez que não existe sinalização.
Privado ou público
Vamos por partes, a calçada ou “passeio” é público, isso compreende uma área delimitada, onde é expressamente proibido estacionar. Por outro lado, o perímetro da área privada possui outras características e se o proprietário não se importar ou avisar sobre a proibição do estacionamento, isso abre uma discussão, como está acontecendo. A PM ou GM, podem multar quem estaciona lá, mesmo no perímetro do imóvel privado, longe da calçada?
Pois bem…
…como não há estacionamento, os motoristas deixam os veículos no local e a todo momento lidam com a polêmica. Até mesmo o Corpo de Bombeiros enfileirou as viaturas em frente ao prédio da antiga Caixa e não havia incêndio, tampouco outro sinistro; o motivo foi a homenagem recebida pelos vereadores. Certamente os valorosos soldados não ganharam multa.
É, ou, não é?
Olhando para a confusão, o vereador Galhardo deverá ingressar com um pedido de explicação para saber as condições do imóvel e se é, ou não, possível parar o carro lá, um imbróglio na verdade, e que precisa mesmo de esclarecimento. Enquanto isso, alguns considerados “infratores” aguardam ansiosamente a multa, para levar o tema em recurso.
Enfim o Mercado
Foi muito bom saber do avanço para entregarem finalmente um mercado público para a população. Muita gente está se organizando para criar a rotina de frequência, mesmo sem saber o que encontra, mas ao que se imagina, será um bom lugar para ir e o iguaçuense carece de endereços assim.
Rogério Bonato escreve regularmente para o Almanaque Futuro