A encrenca no PT de Foz do Iguaçu ainda pode ganhar novos rumos

É o que diz o secretário de Turismo André Alliana após a declaração do partido em fazer oposição ao governo Chico Brasileiro

Coluna do Rogério Bonato

A encrenca no PT de Foz ainda pode ganhar novos rumos

O secretário de Turismo André Alliana abriu o jogo na manhã desta sexta-feira e fez um balanço detalhado e esclarecedor sobre tudo o que ocorre no PT de Foz do Iguaçu. Fez inclusive previsões, devidamente checadas com os escalões em Curitiba e Brasília. A conclusão é que algumas pessoas podem ficar penduradas na brocha. Este humilde colunista até pensou em fazer um resumo, mas Alliana foi cirúrgico e, de alguma maneira, expressou a opinião de outros, uma vez que é muito conectado com a cúpula do partido. Em suma, temos o desenho de duas visões, a ampla, de horizontes vastos que permitam o crescimento do partido por meio das boas relações e a da ostra, fechadinha, sem espaço, massageando o próprio ego. Embora o emprego de jargões e o tom de humor – grifos deste colunista – são visões que requerem respeito. Além do mais, as encrencas entre Alliana e Vitorassi no PT são mais do que antigas (Charge). Isso acontece desde os tempos em que o Cabeza de Vaca passou pela cidade. Vamos ao discernimento com o André…

 

 

O pensamento petista atual

André Alliana tornou-se um petista liberal, se é que se pode denominar assim, ou seja, pertence à ala do povo que conversa com outros partidos. Essa liberalidade não quer dizer que ele perdeu o conservadorismo petista e partidário. O fato é que em todo o país, a sigla vem debatendo os rumos, por meio da interlocução. Na análise do André, “o PT vive um momento de disputas internas, o foco principal é saber o que as lideranças pensam para o partido no ano que vem”. É de fato um momento que requer concentração e a introspecção de cada um. “Nosso grupo está muito alinhado com a construção de uma frente ampla, a exemplo do que acontece no Estado, envolvendo PSB, PDT, PSDB, Cidadania, que envolve uma série de partidos, muito além da nossa federação; é o consideramos estratégico para vencer a direita em Foz; organizar e unir a esquerda, centro esquerda, partidos de centro, de maneira que se possa vencer a eleição municipal”, afirmou André Alliana.

 

As divergências

“Apesar de algumas pessoas dizerem que defendem candidatura própria, há uma opinião muito diversificada no PT, com gente defendendo um pouco de tudo, isso vai desde o desejo de indicar vice de candidatos que apoiaram o Jair Bolsonaro no passado, até quem prefira a ‘terra arrasada’ no partido, para depois tentar conquistar o mando, como já aconteceu. São visões ao meu ver equivocadas e que vão contra os interesses do partido no âmbito regional, na direção de projetos pessoais. Isso está errado, penso que é um grande equívoco que algumas pessoas estão cometendo e isso, em minha opinião, não se manterá no processo do ano que vem”, alertou Alliana.

 

A legitimidade

“Enquanto há essas divergências, existem os que fazem questionamentos absolutamente legítimos com relação às políticas e posicionamentos do prefeito Chico Brasileiro ao longo do mandato, com bolsonaristas no governo, nas suas relações com o governo do Estado, afinal de contas ele pertence ao PSD. Muita gente faz ponderações, apesar do Chico ter ajudado o PT nas últimas eleições. Foi um dos pouquíssimos prefeitos que de uma forma ou de outra colaborou; veja, várias pessoas do seu primeiro e segundo escalão se envolveram, inclusive no primeiro turno. Quer dizer, pessoas como a Ângela Meira, que sempre pertenceu ao PT, fez campanha abertamente. O próprio Nilton Bobato se licenciou do MDB para trabalhar na campanha do Lula nos dois turnos, juntamente com outras pessoas e isso não acontece sem o aval do prefeito”, lembrou Alliana, justificando o equívoco que pode ser o rompimento com o governo municipal.

 

O processo de definição no PT

“É preciso registrar, que os caminhos que devem ser seguidos no PT começam pelas discussões locais, até aí sem problema, mas em função da estratégia regional e nacional e ainda mais agora, que Foz está para se tornar uma cidade com Segundo Turno, é necessário o aval do partido no Paraná e em Brasília. Isso está no Estatuto do Partido dos Trabalhadores; é uma resolução que precisa ser cumprida em cidades como Foz”. Esta declaração de André Alliana nos faz crer que pode haver um revés na recente deliberação, de emparedar filiados e romper com aliados. É uma situação um tanto nítida, uma vez que o governo municipal conversa sobre vários temas de relevância com Itaipu e Governo Federal.

 

O revés no futuro próximo

Alliana foi taxativo: “não tenho a menor dúvida, que obedeceremos a estratégica regional e nacional. O PT de Foz do Iguaçu vai construir as suas candidaturas de vereadores, a prefeito à vice, com uma gama ampla de partidos que querem ver esse país caminhar com estabilidade, provendo as necessidades da população em todos os setores, no processo de transformação programado pelo governo Lula e, não um retrocesso, deixando a prefeitura nas mãos de bolsonaristas, da direita; o PT tem essa responsabilidade e eu tenho a plena certeza que é nisso em que o partido estará inserido”. Ouvindo essas coisas pensamos: como é que vão colocar um band-aid na machucadura?

 

A machucadura

Segundo a análise de Alliana, “tudo não passa de uma disputa interna e o partido se divide quase meio a meio”. “Um exemplo disso pode ser medido pelas reuniões ordinárias, onde há a troca de coordenadores, devido o descontentamento geral. Já na reunião sequencial, aproveitando a falta de alguns filiados, aprovam o rompimento com o governo. Então o PT enfrenta esses sobressaltos, por meio de decisões com maioria e minoria e corre-se o risco de enfrentar isso até a eleição do ano que vem. Não poderia ser assim”.

 

Alliana no governo

A pergunta que toda a cidade faz é como os petistas ficarão no governo Chico ou trabalharão isso? Segundo André Alliana, antes de aceitar o cargo de Secretário de Turismo, levou a discussão para o partido e a conclusão foi que “o PT não é governo, mas as pessoas que fazem parte dele, estão lá por livre escolha, por vontade espontânea e pela compreensão que isso pode ser bom, e foi nesse mesmo sentido que aceitei o cargo, pois não houve qualquer tipo de veto, uma posição que não foi alterada até o momento, logo, o partido não decidiu que seus membros ou filiados necessitam deixar os cargos governo. Quando essa discussão acontecer é que será o momento de avaliar. Há dois pensamentos, um é que as pessoas que estão no governo o fazem individualmente e a outra é o fato do partido se colocar como oposição. Para uns é conflitante, para outros não”. “Pode ser que no futuro isso mude, ou não”. A resposta é clara: Alliana deve permanecer no governo.

André Alliana é bem entrosado no PT estadual e nacional e assumiu secretaria de Turismo com o conhecimento de Enio Verri. Na foto eles aparecem com o prefeito Chico Brasileiro.

 

O “x” do problema

Não há segredo: Dilto Virosassi e Fernando Duso manobram as discussões no partido e deliberam com suas armas; mantém um pensamento centrado em vários fundamentos e um deles é não fazer aliança com o governo atual, de maneiras que isso afaste Nilton Bobato e os recém ingressos no partido. Se a estratégia vai funcionar não se sabe ao certo, mas a dupla não desistirá facilmente. Atuam como o Batman e o Robin e seus cintos de inutilidades. Precisam cuidar para não levarem um esbarrão dos caciques, pois ao que se sabe, há muita gente descontente com as recentes manobras. O destino nos dirá o tamanho da musculatura desses super-heróis. Uma coisa é certa: o PT de Foz, continua sendo o PT de Foz.

 

E agora?

Durmam com um pesadelo desses. Às vezes nos cansamos de tanto escrever sobre esses arranca-rabos, mas eles são um pêndulo na política local. O PT é o canhão mais poderoso do cruzador de batalha da oposição, mas vive carregando munição de festim. Querem mudar isso, mas parece difícil. Nilton Bobato e outros recém filiados devem permanecer no partido e em seus cargos, o que em tese, já enfraquece a empreitada de Vitorassi e Duso. O que vão fazer? Pedir a expulsão dessa gente? Isso não será tarefa fácil.

 

Jihad

A decisão mais tempestiva foi a de Jihad Abu Ali. Ele enviou carta de desfiliação ao PT e disse que isso é irrevogável. Explicou que recentemente foi escolhido como o “financeiro” do partido e por se tratar de um cargo importante, não consegue se ver no meio de figuras que não o querem por lá, como é o caso de Vitorassi e Duso. “Se um dia considerarem que eu possa retornar, e, me convidarem, até poderei rever o assunto, mas pelo momento prefiro respirar outros ares”, disse. Não é lá muito difícil entender o desconforto do Jihad, não dá possuir “sangue de barata” em questões assim. Ele entrou no partido acreditando na formação da tal “frente ampla” e no fim, deu-se de cara com um paredão. Preferiu o caminho mais simples e direto. Conhecendo o perfil do Jihad, deverá atuar por fora, na base do tapa escondendo a mão. Bom, aí é um problema para quem criou a confusão.

 

E os outros?

Se Foz do Iguaçu fosse o oceano, haveria uma porção de periscópios de um lado ao outro. O povo diz que “não liga”, que “o PT sempre foi assim”, que “não vai dar em nada” e que “a vida segue em frente”. Se fosse verdade, não andariam fazendo tantas reuniões e nem disparando mensagens a todo tempo para este colunista, querendo saber sobre isso ou aquilo. Ligam sim. Háveria uma estratégia, de preparar o partido para indicar vice ao Paulo Mac Donald, caso ele possa ser candidato. Isso saberemos depois do dia 27 deste mês.

 

O que pretendem?

Não se pode acreditar que há pessoas no PT desprezando a situação do Paulo, ou uma aliança com ele. Vamos pensar: Paulo enfrentaria outra eleição com o Vitorassi de vice? Só quem fez parte do primeiro governo, depois da dobradinha vitoriosa entre PDT e PT saberia avaliar bem algo assim. Há quem garanta que o Paulo não aceiraria dois políticos como vice: Daijó e o Dilto. As condições seriam históricas.

 

Não duvidem…

De toda maneira, as rusgas do passado parecem desaparecer aos poucos. São cobertas com pós de arroz quando o assunto é eleição. Se Paulo conseguir vislumbrar a vitória e isso depender do Vitorassi e Duso, é provável que faça cara de bonzinho e patrocine até um churrasco, mas sempre manterá os olhos abertos e se for o caso, com a ajuda de palitinhos.

 

Composições

Escuta-se um pouco de tudo e às vezes algumas pessoas acreditam que orelha da gente é penico. Por favor! Ligaram depois da meia-noite para relatar um fato extraordinário: Paulo teria se encontrado com o Sâmis da Silva para combinar uma dobradinha. Olhando para o tabuleiro, isso não aconteceria nem se fosse na Terra do Nunca ou em piada de 1º de abril, dia internacional da mentira. Portanto amigos, não roubem o meu sono com essas besteiras, nem sob oi efeito do álcool nos botecos.