A Cultura e os políticos

Os candidatos abordam um pouco de tudo, mas raramente se lembrar dos artistas, músicos e o que eles necessitam para expandir, em busca do difícil reconhecimento

  • Por Eliane Luiza Schaefer – 

Assistindo ao debate entre os candidatos a prefeito, todos abordaram temas como asfalto, qualidade de vida, logística, segurança, meio-ambiente e o que mais é de interesse dos eleitores, no entanto, apenas um destacou a importância da cultura e da arte, mencionando inclusive o projeto “Foz Fazendo Arte”. A pequena inserção, trouxe à luz a necessidade de um teatro, incluído ao rol de promessas de campanha e de raspão, a necessidade de ampliar eventos no setor.

É fundamental que os artistas recebam visibilidade e apoio para se sentirem mais confiantes. O prefeito que será eleito terá a responsabilidade, como cidadão, de ser sensível a esse tema; tão importante e sempre desviado do foco. É errado concluírem, que a Cultura não rende votos e por isso não entra em debates. Isso é um ledo engano.

Infelizmente, no primeiro debate, o assunto foi negligenciado. Contrariando a crença popular (e de muitos políticos), ser artista é uma profissão vital para muitas famílias, seja na arte plástica, circense ou artesanal. Temas como saneamento, saúde, meio ambiente e educação são indiscutivelmente essenciais, mas a arte não só gera renda e sustenta famílias, como também promove a saúde mental, oferecendo qualidade de vida frente a tantas preocupações cotidianas.

Os artesãos, por exemplo, saem antes do amanhecer para montar suas barracas e garantir o sustento na feirinha da JK. Os artistas viajam com os próprios recursos para mostrar o talento e representar a cidade; trata-se sim, de uma causa de extrema importância e que merece ser tratada com seriedade. A geração de renda, movimentação econômica e trabalho dessas pessoas são essenciais para o desenvolvimento de Foz. É lamentável que alguns ainda questionem se o artesanato é uma profissão e pior, se ela é válida!

Foz do Iguaçu não é apenas um destino turístico, mas também um centro cultural vibrante, atuante. A cidade está repleta de expressões talentosas, que poderiam ampliar a representação até globalmente, caso recebessem incentivo, visibilidade e a devida atenção, o que pode ser traduzido como “respeito”. A arte em instituições sociais também é merecedora de reconhecimento e apoio. Muitas entidades, mantém alunos e que já são artistas de mão cheia e carecem da ampliação desse horizonte; muitos ainda lidam com os preconceitos e isso os afastam, lamentavelmente, do público.

É crucial que os candidatos tenham uma visão mais ampla, identificando e abordando não apenas os problemas cotidianos, mas também as dificuldades, as que são menos discutidas pela falta do conhecimento ou de “suposta” necessidade de aproveitar o tempo com outras coisas. A vida com a arte, afinal, é muito necessária.

  • Eliane Schaefer é colunista e responsável pelos conteúdos do Segundo Caderno do GDia, bem como editora do portal Almanaque Futuro.