*Por Eliane Luiza Schaefer_
Em 2001, um caldeirão de ideias transformou a folia carnavalesca de Foz do Iguaçu tornando-se um símbolo de solidariedade. A história da Canja do Galo Inácio começou com um desafio: como revitalizar o Carnaval e, ao mesmo tempo, apoiar quem mais precisava. A resposta veio quente, direto do fogão, do centro da cidade para o prato da comunidade
Quando o prefeito Sâmis da Silva assumiu a gestão municipal, trouxe o Carnaval de volta ao centro urbano. A tarefa de reestruturar a festa coube ao radialista Álvaro Martins, que revitalizou o Bloco Meninas Veneno, enquanto a Fundação Cultural planejava a infraestrutura. Faltava, porém, um diferencial. Foi então que o jornalista Rogério Bonato, propôs algo inédito: uma canja gigante, capaz de alimentar os milhares de foliões e destinar recursos a entidades sociais.
A ideia, porém, exigia mais do que boa vontade. “Era preciso segurança, organização e muita mão na massa”, lembra Bonato. O projeto envolveria manipulação de alimentos em larga escala, fogareiros, botijões de gás e uma logística complexa. Mas não houve dificuldades em montar uma equipe e todos toparam o desafio.
Doações e parcerias: o tempero da solidariedade
O primeiro passo foi definir o destino da renda: instituições de apoio à infância e nutrição. Os padres Juliano Inzis e Germano Lauck, conhecidos pelo trabalho social, indicaram o Centro de Nutrição Infantil como o primeiro beneficiário.
A notícia se espalhou, e a comunidade respondeu. Mercados locais e regionais, produtores de frango, hortas comunitárias e padarias doaram ingredientes. A rede Super Muffato entrou como parceira estratégica, garantindo insumos para a primeira edição, foi na terça feira, 27 de fevereiro de 2001. Naquele dia, mais de 300 voluntários atuaram nas panelas com uma tonelada de alimentos, servindo canja a foliões e destinando parte da produção ao centro nutricional e outras entidades, como o Lar dos Velhinhos. O evento repercutiu em todo o país e encerrou o telejornal Bom Dia Brasil, dividindo a cena com o tradicional bloco Bacalhau do Batata.
Identidade e legado
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Para marcar o evento, cartunistas como Ziraldo, Millôr Fernandes, Santiago, Bennet, Angeli, Airon, Dante Mendonça, e muitos outros, foram convidados a criar ilustrações que se tornaram estampas de camisetas e materiais promocionais. A Canja do Galo Inácio se tornaria uma referência à tradição local, tornando-se um bem cultural e social iguaçuense.
Ao longo dos anos, a iniciativa passou por mãos dedicadas: de 2001 a 2005, foi organizada por voluntários; em 2006, o Provopar, sob a liderança de Nanci Rafagnin Andreola, assumiu a gestão. Desde 2018, o Rotary Foz do Iguaçu Grande Lago coordena o projeto, mantendo viva a essência comunitária.
Edição 2025: Inclusão e Continuidade
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A entidade beneficiada deste ano é a APASFI (Associação de Pais e Amigos dos Surdos de Foz do Iguaçu). A logomarca da campanha foi escolhida por meio de um concurso entre alunos da APAE, no qual o desenho do estudante Vitor Gabriel da Silva Santos foi selecionado para estampar as camisetas, reforçando o lema: “Solidariedade promovendo solidariedade.”