Com auxílio da música, oficina no CER-IV trabalha desenvolvimento intelectual e auditivo de crianças

Trabalho é voltado para crianças com transtorno do espectro do autismo ou com deficiência auditiva, que aprendem a conviver melhor em sociedade e lidar com o mundo_

Durante a infância, cada aprendizado marca uma nova fase no desenvolvimento da criança. Entretanto, para algumas, as conquistas são ainda mais marcantes – como no caso dos pequenos que participam da oficina de musicalização infantil no Centro Especializado em Reabilitação (CER-IV), equipamento da Secretaria de Saúde de Foz do Iguaçu.

Todas as segundas-feiras, crianças com transtorno do espectro do autismo ou deficiência auditiva aprendem, por meio da música, a entender o mundo de uma forma mais agradável, descobrindo a força de cada som, gesto e convivência em grupo.

Desde que foi diagnosticado com transtorno do espectro do autismo, há dois anos, o Rafinha, que hoje tem cinco, participa das diversas oficinas oferecidas no CER-IV. Na de musicalização, por exemplo, a mãe, Rosangela Schwalbe, comemora cada avanço, visto diariamente.

“Ele não falava quase nada e isso nos preocupava, mas agora é todo tagarela e está sempre aprendendo algo novo. Na creche em que ele vai, as professoras comentam que ele participa e brinca com as outras crianças. O acompanhamento, medicação e terapias só o melhoram cada vez mais”, celebra Rosangela.

Integração especializada

O trabalho é realizado pelas fonoaudiólogas Ana Lígia Maroja e Mirelly Miranda, junto com a terapeuta ocupacional Lauriane Buytendorp, especializadas na reabilitação auditiva e intelectual.

“Aliadas, ambas as terapias conseguem criar resultados que desenvolvem os aspectos cognitivos, a melhora da fala e a interação entre as crianças. A terapia em grupo faz com que eles entendam as dificuldades do outro e percebam as diferenças”, explicou Maroja.

“Com a música, ensinamos também os gestos e o incentivo aos pais para que repitam o que fazemos aqui dentro de casa, pois para as crianças é muito importante que isso se torne uma atividade constante”, disse Buytendorp.

Conquistas marcantes

No caso do pequeno Arthur, de cinco anos, a adaptação ao aparelho auditivo era o grande desafio para a mãe, Jéssica Torres. Há cerca de um ano participando das terapias, viu o filho se transformar.

“Ele mal conseguia formar palavras, e hoje já diz frases completas e conversa com todos. Para ele, é uma diversão vir aqui brincar e aprender. Como mãe, fico cada vez mais impressionada com o que é feito”, elogiou Jéssica.

A sensibilidade auditiva, conforme conta Mirelly, é mais uma atividade essencial trabalhada na terapia, pois facilita a relação da criança com as demais pessoas.

“Principalmente para as crianças com transtorno do espectro do autismo, a hipersenbilidade auditiva é um ponto que trabalhamos e vemos bons resultados. Quando elas começaram, o barulho era muito forte para elas. Com o passar das aulas, observamos que isso foi mudando e hoje conseguem participar normalmente”, afirmou.

Desenvolvimento natural

As profissionais comentam ainda que cada turma tem uma duração média de seis meses. De acordo com elas, esse é o tempo ideal para que a oficina mostre os resultados e os participantes consigam partir para novos desafios de adaptação e aprendizados.

“Eles continuam a fazer terapias aqui no CER-IV, mas em níveis diferentes. A nossa intenção é justamente promover mais autonomia no desenvolvimento deles. Podem ir para os centros de convivência, por exemplo. A cada turma formada, a nossa vontade de fazer mais só aumenta”, ressaltou a fonoaudióloga Ana Lígia Maroja.

“Trabalhar com essas crianças motiva os profissionais do município a buscarem cada vez mais métodos diferentes e completos. A música é importante para todos e a forma como é usada na terapia só comprova isso. Temos um orgulho imenso em poder dizer que atividades como essa são oferecidas gratuitamente em nossa cidade”, afirma a secretária municipal de Saúde, Rosa Maria Jerônymo.

AMN