Perimetral Leste: a obra que aliviará o trânsito e encurtará caminhos

A ligação entre a região Sul de Foz e a BR-277 é uma das obras estruturantes mais debatidas e ao mesmo tempo esperadas pela população e  transportadores com acentuado valor logístico.

O conceito e a necessidade de um “eixo perimetral” em Foz do Iguaçu existe desde o final dos anos 70, quando o município enfrentou uma reformulação urbana de grandes proporções, iniciada e concluída na gestão do ex-prefeito Clóvis Cunha Vianna. No período foram construídas ou duplicadas as Avenida Paraná, Juscelino Kubitschek e realizado todo o desenho urbano, que praticamente resiste até os dias atuais.

Desde a colonização, o desenvolvimento da cidade, com base na área central, e, onde está localizado o “marco zero”, margeou os rios Iguaçu e Paraná, e isso tem explicação: a hidrovia foi durante décadas, a única alternativa para o transporte de cargas e pessoas entre os grandes centros brasileiros e o extremo oeste do Paraná. O isolamento só foi quebrado nos anos 60, com a empreitada da BR-277, mais que uma estrada, o acesso para o desenvolvimento.

A Tríplice Fronteira suplantou décadas aprimorando as relações entre localidades brasileiras, argentinas e paraguaias. Puerto Iguazú, foi durante muito tempo, a cidade mais importante da região; lá ia-se buscar os produtos para o consumo das famílias e abastecimento do comércio, com destaque para os grãos, especiarias, laticínios, óleo, banha e carne. Na margem paraguaia do Rio Paraná, Puerto Franco também se destacava no transporte de madeira e erva-mate. O lugarejo nas vizinhanças, hoje Ciudad del Este e originalmente batizado com o nome do ditador Alfredo Stroessner, desenvolveria anos depois.

A estrada ligando Foz a Curitiba foi inaugurada em 1969. Quatro anos antes, porém, passou a funcionar o acesso com o Paraguai, a Ponte Internacional da Amizade, inaugurada oficialmente em 1965. Somente três décadas depois, em 1985, é que o Brasil e Argentina foram unidos pela Ponte da Fraternidade, batizada também com o nome de Tancredo Neves. Foi quando aumentaram consideravelmente as movimentações de cargas entre os dois países, em decorrência dos bons negócios na balança comercial.

Com o passar dos anos, vários bairros de Foz passaram a existir ao longo da BR- 277, no sentido leste, e, no curso desse povoamento, surgiu uma enorme área rural entre a estrada federal e o acesso para a Argentina, dificultando o transporte de cargas. Diferentemente do trânsito pesado originário do Paraguai, os caminhões que cruzavam a fronteira argentina ocuparam as avenidas de Foz, o que deu luz à necessidade de uma perimetral.

Como em quase todas as grandes obras estruturantes ensaiadas na cidade, as discussões sobre a perimetral se arrastaram e isso causou um certo desgaste, com o tema envolto em uma nuvem de descrédito.

Em 2019, Itaipu aceitou tocar em frente demandas desafiadoras e que arejariam, finalmente, o desenvolvimento de Foz do Iguaçu. Entre elas, um conjunto de obras estruturantes altamente estratégicas, e, bancadas com recursos da margem brasileira da Binacional, mobilizando mais de R$ 2,5 bilhões e, assim, acrescentando um novo marco desenvolvimentista para a região. A Perimetral Leste, somada à segunda ponte com o Paraguai, saiu finalmente do papel, formando um conjunto de obras causadoras de mudanças altamente positivas em Foz do Iguaçu e todo o seu entorno.

A Perimetral Leste ligará a Ponte da Integração Brasil – Paraguai à BR-277, na altura do Bairro de Três Lagoas, agregando imenso valor não só à mobilidade da região trinacional, desviando o tráfego pesado das vias centrais de Foz do Iguaçu, como será também um acesso muito eficiente para o eixo turístico, uma vez que grandes hotéis estão localizados em trechos da Avenida das Cataratas, que compreende a área urbana e também a BR-469, contemplando parques temáticos, o Aeroporto Internacional e prosseguindo  até o  Parque Nacional do Iguaçu.

Cabeceira da Ponte da Integração terá a Perimetral como eixo até a BR 277 – Foto Rubens Fraulini/Itaipu Binacional

A via possui 15 quilômetros e sua construção custará, em valores atualizados, cerca de R$ 336 milhões. O valor foi reajustado, ou aditivado, em razão da valorização imobiliária das áreas em processo de desapropriação, além de alterações importantes no projeto, adequações ajustadas às necessidades comunitárias e órgãos alfandegários.

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A expectativa e o início das obras, aumentaram consideravelmente os valores dos terrenos o que significa 191 propriedades e suas desapropriações. Nos próximos meses haverá um mutirão para a liberação formal de 56 propriedades no setor entre a Rodovia das Cataratas, na região do Carimã, até a nova ponte, permitindo a evolução onde há situações primárias com dois países, com os respectivos postos aduaneiros. A nova via dará acessos à Argentina e Paraguai em curta distância, com ampliações das duas aduanas, para receber o fluxo de pedestres, ônibus, vãs e carros de passeio.

Obras erm todo o perímetro projetado – Foto Rubens Fraulini/Itaipu BInacional

A perimetral terá em seu curso, segundo o projeto, trechos com pista única e duplicações, além de vários viadutos; com revestimento asfáltico, reforçado, levando em conta a natureza da obra, com acostamentos preparados para veículos grandes. Recentemente foram anunciadas as estruturas elevadas para facilitar a mobilidade acesso nas avenidas Felipe Wandscheer e República Argentina; demandas que foram solicitadas pela prefeitura.

Considerando que a entrega do acesso foi anunciada para meados de 2023, todas as alterações devem aguardar a aprovação por parte do Conselho de Administração da Itaipu, mas os trabalhos sempre são debatidos em reuniões do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (Codefoz), Associação Comercial e Empresarial de Foz e com outras entidades como o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), responsáveis pela obra, e representantes da sociedade civil e do Poder Público municipal, no caso, a prefeitura. Explicando melhor, os conveniados do projeto são ITAIPU/DER/DNIT, no caso, a soma de forças para viabilizar a execução da obra. Itaipu detém o papel central de financiadora; o DER e Governo do Estado do Paraná são os executores e apoiadores do projeto; o DNIT e por sua vez o Governo Federal, configuram como aprovadores e recebedores finais e responsáveis pela manutenção.

No futuro, quando a Perimetral estiver recebendo o tráfego, quem fizer o percurso, em toda a sua extensão, verá a imponente estrutura da Ponte da Integração, e, em direção ao leste, cruzará a Avenida General Meira, encontrará o complexo de acessos à Argentina e mais adiante, um viaduto sobre a Avenida das Cataratas; atravessará localidades como a Mata Verde, encontrando primeiro um viaduto para a Av. Felipe Wandscheer e logo adiante, outro, na Av. República Argentina. Pela frente no Parque Morumbi III e Jardim Europa, passará próximo dos complexos penitenciários, chegando à BR-277, antes do Bairro Três Lagoas. Todo o percurso será realizado no máximo em 15 minutos.

A Perimetral, enfim, viabilizará uma sintonia entre distintos corredores, pilares de importantes setores econômicos, o logístico e o turístico, que impulsionam a economia de Foz, acrescentando imenso valor ao desenvolvimento das atividades ligadas ao Turismo, que continuará utilizando a Ponte da Amizade e as principais vias da cidade. A ligação com a BR-277 e a nova ponte, oxigenarão o setor logístico, saltando para um novo conceito: a necessidade de um Porto Seco Trimodal.

Clique aqui para fazer um roteiro interativo da obra e saiba o seu traçado. As imagens pertencem ao Consórcio Ponte Brasil Paraguai, disponibilizadas antes do anúncio da construção de mais dois viadutos. 

 

Excluisva Redação 

Foto de Capa Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional

Fotos conteúdo Rubens Fraulini/Itaipu Binacional