Instituto Cativa reúne pacientes de cannabis medicinal em Foz

Depoimentos de pacientes mostram melhora em quadros de dor e em diversas patologias

Eloá tem 61 anos e recebeu o diagnóstico de Parkinson no início de 2023. O impacto foi grande, e mesmo utilizando a medicação orientada por médicos, o avanço dos sintomas da doença foi inevitável. “Quando descobri não queria contar para ninguém, mas os sintomas começaram a ficar visíveis”, conta.

Há quatro meses iniciou uso do óleo de cannabis sativa, com orientação farmacológica do CATIVA – Instituto Cannabis Sativa em Foz do Iguaçu e se emociona ao dar o relato de melhoras. “Recuperei minha vida”, resumiu.

Depoimentos como de Eloá. foram compartilhados com um público de quase 60 pessoas que participou do 1o Encontro de Pacientes de Cannabis Medicinal, promovido pelo Instituto Cativa. “Foi uma surpresa muito positiva a resposta que tivemos em relação a quantidade de pessoas que se fizeram presentes e surpreso por saber que este é o primeiro encontro realizado com foco nos pacientes no Brasil”, afirma Raby Kalil, um dos idealizadores do projeto.

De acordo com ele, o 1º encontro foi o início de uma série de atividades previstas pelo Instituto Cativa com foco e objetivo no acesso à Cannabis Medicinal para quem precisa.O tema ainda será pauta na audiência pública que acontece nos dias 01 e 2 de dezembro na Câmara Municipal de Foz do Iguaçu. Hoje, em Foz e região, mais de 500 famílias são atendidas pelo Instituto.

A cannabis sativa contém mais de 200 compostos que atuam no sistema de equilíbrio do corpo, por meio do sistema endocanabinóide, descoberto a partir dos anos 60, mais especificamente a partir de 1964 quando a molécula do THC (delta9-tetrahidrocanabinol) foi isolada. Ainda que os estudos tenham avançado, o uso do óleo no Brasil deve ser ministrado com receita médica e supervisão.

Histórias reais

Mara, que convive com Parkinson há quase 40 anos, também faz uso do óleo associado a outras medicações alopáticas. “Sofria muito com a rigidez muscular e pelas dores no corpo após cada crise. O óleo foi essencial para que pudesse recuperar minha qualidade de vida”.

Depoimentos de mães de crianças e jovens com espectro autista também sugeriram melhora nos episódios de agitação e alteração de humor. Alessandra, mãe de Matheus, ministra doses diárias ao filho há 3 anos. “Agora estamos vivendo!”, comenta ao falar sobre a melhora nas atividades cognitivas do filho.

Os pacientes que utilizam o óleo passam por avaliação farmacológica e são também orientados a buscar receita junto aos médicos autorizados.”Ainda há muito preconceito e desconhecimento sobre o uso do óleo. Cada paciente tem suas particularidades e isso também influencia no tipo do óleo e na dose a ser administrada”, explicou Ana Rover, farmacêutica especialista em farmacologia interações medicamentosas e pesquisadora clínica em cannabis medicinal, que integra a equipe do Instituto.

O preconceito é um dos enfrentamentos a serem feitos para o uso do óleo em pacientes com quadros de patologias diversas. Para Ana, a principal ferramenta de apoio é o conhecimento. “Quanto mais as pessoas sabem, mais podem desenvolver, e menos preconceito tem a respeito”.

Ana ainda comenta que uma das missões como associação, é promover acolhimento e ser a ‘ponte’ entre os pacientes, profissionais habilitados e o universo científico da Cannabis medicinal, garantindo um tratamento pautado na ciência e longe do preconceito.

Assessoria