Foz cresce, mas ainda cabe mais mundo aqui: novembro bate recorde no Parque Nacional — e o alerta segue ligado
Linha de apoio: O destino avança em infraestrutura, atrativos e promoção global, mas ainda disputa visitante a visitante com gigantes mundiais como Niagara.
Rogério Bonato na redação do Almaque Futuro, com informções e fotos de assessoria/Urbia+Cataratas
Foz do Iguaçu registrou em novembro o melhor desempenho de visitação de sua história no Parque Nacional do Iguaçu: 199.380 pessoas de 132 países contemplaram as Cataratas, superando o recorde de 2024 e também o de 2019. A Urbia+Cataratas faz a lição de casa direitinho. O número é excelente, especialmente após os solavancos da pandemia, que embaralhou calendários e derrubou visitas no mundo inteiro. Hoje, a retomada é visível e consistente, e a visitação ao Parque segue sendo o melhor termômetro da vitalidade turística do destino. Mas, ao mesmo tempo em que comemoramos, também é inevitável perguntar: é suficiente? Afinal, enquanto celebramos nossos quase 200 mil visitantes em novembro, Niagara Falls continua registrando, ano após ano, algo em torno de 12 milhões de turistas ao ano — uma diferença que dói um pouco, sobretudo quando lembramos que, em beleza natural, Foz vence por nocaute. Eleanor Roosevelt já havia antecipado isso nos anos 1950, ao mirar nosso paredão de água e soltar a célebre frase: “Poor Niagara.” Pobrezinha, coitada, comparada ao esplendor do Iguaçu. Ironia do destino: quando o assunto é volume de visitantes, é Foz que fica em desvantagem.
Ainda assim, o que se vê é uma cidade em preparação para virar o jogo. O aeroporto modernizado ampliou a capacidade para rotas nacionais e internacionais. Grandes vias estruturantes, como a Perimetral Leste e duplicação da BR-469 — embora atrasada — vão redesenhar o fluxo de turistas. A abertura do AquaFoz e o fortalecimento de complexos de entretenimento como o Dreamland, com seu museu de cera & dinossauros, somam-se ao roteiro de experiências. O Parque das Aves segue como referência mundial em conservação, o Movie Cars surpreende com sua mistura de cinema, história e cultura pop, e o turismo de compras vive sua própria revolução: o Mercado Público Barrageiro virou polo gastronômico; Ciudad del Este continua sendo um dos maiores centros de compras a céu aberto do planeta; e Puerto Iguazú, na Argentina, avança com restaurantes premiados, cassinos e novos espaços culturais. Os hotéis também acompanham essa evolução: gigantes internacionais chegam com projetos robustos, enquanto redes tradicionais reformam suas estruturas para competir em padrão global.
Com tudo isso, um desafio permanece evidente — e merece ser dito com todas as letras: falta divulgação. O trade turístico e entidades como o Visit Iguassu têm realizado um trabalho incansável, levando o destino às maiores feiras do mundo e apresentando Foz como produto turístico premium. Itaipu, por sua vez, continua desempenhando papel decisivo na projeção internacional da cidade. Mas a prefeitura precisa fazer sua parte de forma mais intensa e permanente. É impensável que um destino deste porte, com esta quantidade e qualidade de atrativos, ainda conviva com gargalos tão simples quanto filas intermináveis para cruzar a fronteira. E aí fica a pergunta provocadora: se já enfrentamos filas com os números atuais, como seria com o fluxo de visitantes de Niagara? Provavelmente transformaríamos a paciência em patrimônio imaterial da humanidade.
Apesar disso, os números de novembro apontam para um futuro promissor. No acumulado de 2025, o Parque Nacional já recebeu mais de 1,8 milhão de visitantes, crescimento de 9,18% em relação ao ano anterior. É um movimento sólido, coerente com a expansão do destino e com a diversificação dos seus atrativos. A cidade avança em infraestrutura, amplia experiências, recebe novos empreendimentos e investe cada vez mais no turismo sustentável. O cenário é de evolução. A competitividade está aumentando. O mundo começa a olhar para Foz com mais interesse.
E, no fim das contas, Eleanor Roosevelt continua absolutamente certa: Foz dá de dez a zero na concorrência. Falta apenas o planeta inteiro perceber isso — e estamos cada vez mais perto desse momento. Foz chegará ao lugar onde ela sempre mereceu estar: entre os gigantes globais do turismo.

