Saúde, Educação e a Fronteira em reconstrução; um ano de desafios silenciosos e avanços estratégicos
Entre esforços de aprendizagem e integração trinacional, Foz do Iguaçu buscou em 2025 fortalecer sua base social e preparar o território para um futuro de maior conectividade regional.
Redação Almanaque Futuro
A vitalidade socioeconômica de Foz do Iguaçu, sempre entrelaçada ao dinamismo da Tríplice Fronteira, foi mantida em 2025 por um conjunto de forças que operam abaixo do radar do turismo e comércio. O agronegócio do Oeste Paranaense registrou safras robustas de soja e milho, assegurando o fluxo logístico regional e impulsionando exportações. Itaipu Binacional, em paralelo, manteve-se como polo de sustentabilidade, ampliando ações de preservação de microbacias e educação ambiental. No âmbito local, a Secretaria Municipal de Agricultura reforçou o apoio aos pequenos produtores, assegurando abastecimento à merenda escolar e programas sociais – uma engrenagem silenciosa e essencial da segurança alimentar da cidade.
Na Saúde Pública, o ano foi de tensão contínua. O Hospital Municipal Padre Germano Lauck manteve sua condição de referência regional, absorvendo demandas vindas de municípios vizinhos e do próprio fluxo fronteiriço. A dengue nos primeiros meses testou a capacidade de resposta da gestão. Debates sobre a ampliação de leitos de UTI e investimentos em atenção primária ganharam força, enquanto a modernização tecnológica avançou: sistemas de telemedicina, prontuários integrados e agendamento digital começaram a aliviar filas críticas nas UBS, ainda que lentamente.
A Educação viveu outro tipo de batalha — menos visível, porém igualmente urgente: recuperar a aprendizagem perdida nos anos anteriores e consolidar habilidades básicas. A Secretaria Municipal de Educação expandiu o reforço escolar e investiu em formação docente. Na esfera do ensino superior, UNILA e Unioeste ampliaram pesquisas voltadas à integração regional, sustentabilidade e migrações, temas centrais para um território que convive diariamente com fluxos internacionais. O movimento cultural também ganhou fôlego com o avanço do projeto do Museu Georges Pompidou, agora apoiado financeiramente pelo Governo do Paraná, reforçando a ambição de transformar Foz em referência continental de arte e cultura. Na cidade, a Fundação Cultural tentou “cumprir tabela”, com sérios problemas na substituição de pessoal.
No tabuleiro trinacional, a fronteira seguiu sendo lugar de cooperação e tensão. Operações conjuntas entre Brasil, Paraguai e Argentina intensificaram o combate ao crime organizado, tráfico de armas, drogas e contrabando. O Gabinete de Gestão Integrada de Fronteira ganhou protagonismo ao consolidar ações coordenadas entre polícias, Receita Federal e forças estaduais. Embora a tradicional cota terrestre de US$ 500 tenha sido mantida, a fiscalização se tornou mais rigorosa na Ponte da Amizade, estradas e aeroporto, enquanto o lado argentino voltou a enfrentar lentidão nos trâmites migratórios e aduaneiros, provocando congestionamentos diários. A lição do ano, dolorosamente clara, é que grandes obras de conexão – como a Ponte da Integração – só cumprem seu papel quando acompanhadas de gestão compartilhada, protocolos unificados e vontade política dos três países. Há muita ansiedade em ver a estrutura funcionando, mas para isso é necessário vigorar os acessos e as estruturas aduaneiras. Ainda falta bastante.
Foz, mais uma vez, viveu o ano na corda bamba entre seus avanços sociais e complexidades. Ainda assim, manteve vivo o esforço de tentar melhorar, e, preparar a cidade para um futuro.
Desenvolvimento urbano — Inovação, logística e sustentabilidade no horizonte
2025 consolidou Foz do Iguaçu como polo tecnológico e fortaleceu discussões sobre logística, energia e planejamento para a próxima década.
O desenvolvimento urbano de Foz do Iguaçu em 2025 foi marcado por uma agenda estratégica que ultrapassou o cotidiano das obras e ampliou as bases para um novo ciclo de crescimento. O Parque Tecnológico Itaipu (PTI) consolidou-se como epicentro regional de inovação, abrigando startups, centros de pesquisa e eventos de grande porte. O Festival Iguassu Inova reuniu milhares de participantes para debater inteligência artificial, blockchain, energias renováveis e soluções de ecoturismo, projetando Foz como polo emergente da tecnologia no Paraná.
A expectativa pela plena operação da Ponte da Integração e da Perimetral Leste reacendeu debates sobre o entreposto aduaneiro e logístico. A proposta — defendida por entidades empresariais, CODEFOZ e Governo do Estado — visa aproveitar a nova matriz de circulação de cargas e atrair empregos formais num setor de alta complexidade. São demandas ainda em debate e, segundo a opinião dos entendidos, deveriam ter avançado mais.
A sustentabilidade também marcou presença na agenda municipal. Programas de eficiência energética e iniciativas de incentivo às energias renováveis em prédios públicos renderam destaque em relatórios estaduais. A gestão de resíduos sólidos continua fortalecida com ações de coleta seletiva e planejamento ambiental, reforçando o compromisso de Foz com o Marco do Saneamento.
No Turismo, a cidade ampliou sua posição como destino de grandes eventos. O Varejo Experience Brasil (VEX25), o Festival das Cataratas e congressos internacionais garantiram movimento econômico robusto fora da alta temporada, comprovando a força do setor MICE (Meetings, Incentives, Conferences and Exhibitions). Se destacaram as atividades do Visit Iguassu, como ferramenta importantíssima na prospecção de negócios.
Foz do Iguaçu, ao fim de 2025, não solucionou todos os seus dilemas — mas preparou a mesa onde serão discutidas as decisões que moldarão seu futuro.
Veja a edição completa do Suplemento Especial em PDF. Dê um clique na foto para entrar!

