Foz do Iguaçu enfrenta desafio histórico de representatividade política
Apesar de reunir quase 200 mil eleitores, o município tem menos cadeiras na Assembleia e na Câmara do que cidades menores, reflexo da pulverização de votos e da falta de estratégias coletivas.
A pulverização dos votos continua sendo um dos maiores entraves para que Foz do Iguaçu conquiste a representatividade política proporcional ao seu tamanho e à sua importância no cenário estadual. A cada eleição, enquanto cidades de porte muito menor se organizam e elegem bancadas consistentes, Foz desperdiça uma quantidade expressiva de votos em candidatos de fora e ainda divide seu eleitorado entre um grande número de postulantes locais. O resultado é conhecido: a cidade, beira 200 mil eleitores, não consegue converter esse potencial em cadeiras significativas na Assembleia Legislativa nem na Câmara dos Deputados.
Na eleição de 2022, os números falaram alto. Curitiba elegeu 22 dos 54 deputados estaduais, seguida por Cascavel com 4, Londrina, Maringá e Guarapuava com 3 cada, e Ponta Grossa com 2. Já Foz do Iguaçu, apesar de ter uma das maiores populações do Estado, ficou com apenas um representante na Alep. A mesma desproporção se observa em Brasília: a capital paranaense concentra 11 deputados federais, enquanto Foz ocupa apenas duas cadeiras. É um contraste, apesar da proporcionalidade, sobretudo quando se compara o eleitorado local com o de cidades que, mesmo menores, transformam sua força em presença política efetiva.
O problema não se resume às eleições proporcionais. Nas majoritárias, quando o município precisa projetar nomes competitivos para disputar o segundo turno, o quadro também não é animador. A dificuldade de formar consensos internos e de unir lideranças em torno de candidaturas próprias enfraquece o peso da cidade nos grandes embates políticos. Em vez de apresentar um bloco coeso, Foz tende a se dividir, reduzindo suas chances de influenciar decisões estratégicas e de garantir espaço na agenda estadual e nacional.
Lideranças locais, como o empresário Deoclécio Duarte, têm defendido abertamente a necessidade de mudar essa realidade. Em entrevista à Rádio Massa, em entrevista ao comunicador Valdomiro Cantini, ele destacou que a cidade precisa apostar em estratégias coletivas, estimulando o eleitor a apoiar candidatos de Foz, independentemente da legenda. O argumento é simples: somente a união poderá consolidar uma bancada local forte, capaz de fazer frente ao protagonismo de cidades que, mesmo com colégios eleitorais menores, já entenderam que a representatividade política começa pela consciência do voto.

Enquanto essa mudança cultural não se instala de forma mais ampla, a cidade seguirá convivendo com a contradição: ser grande em população e importância econômica, mas pequena quando se trata de presença política em Curitiba e em Brasília.
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