Refúgio Biológico Bela Vista: conservação e sustentabilidade

O espaço é equipado para dar suporte a importantes programas socioambientais, com imenso sucesso em suas ações

 

Especial Meio Ambiente

 

Os refúgios biológicos de Itaipu estão concentrados em uma área superior a 40 mil hectares, nas margens do reservatório no Brasil e no Paraguai. São espaços de conservação ambiental protegidos, com mata nativa, reflorestamento e pesquisas que visam garantir a sobrevida das espécies, inclusive animais ameaçados de extinção.

Os espaços foram pensados no final da década de 1970, e as primeiras instalações do Refúgio Biológico Bela Vista, no lado brasileiro, passaram a funcionar em 1981. As áreas foram dimensionadas para abrigar animais resgatados na formação do Lago de Itaipu e para o desenvolvimento de pesquisas.

O Refúgio Bela Vista foi efetivamente criado em 1984, com quase 2 mil hectares, levando adiante um vasto programa de preservação da fauna e flora local. Com o passar dos anos, foi edificada uma estrutura ímpar, com pavilhões integrados à natureza, provendo conforto aos servidores, com laboratórios, salas iluminadas e bem aclimatadas.

Os programas ambientais desenvolvidos pela Binacional se tornaram referência na proteção da vida silvestre, integrando o Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

Hoje, o “RBV”, como é abreviado, é um centro de reprodução da flora nativa, responsável pelo desenvolvimento e plantio de mudas, compondo o Corredor de Biodiversidade Santa Maria, que conecta o Parque Nacional do Iguaçu às áreas protegidas da Itaipu e ao Parque Nacional de Ilha Grande. A área é reconhecida como um posto avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.

O refúgio é considerado um dos mais bem-sucedidos do mundo na reprodução de harpias, aves de rapina ameaçadas de extinção. Outras espécies raras também fazem parte do plantel, como o gato-maracajá, o veado-bororó, a anta e a jaguatirica. Mais de 1.100 animais nasceram no RBV. Há também bons resultados na reprodução da onça-pintada, considerada o maior felino das américas. Cercada de cuidados, a chegada dos filhotes, é sempre uma celebração. O índice de sobrevivência dos filhotes é altíssimo.

O RBV abriga um zoológico, o principal atrativo do roteiro de visitação e importante para a educação ambiental. São quase duas dezenas de animais de cerca de 50 espécies, entre répteis, anfíbios, aves e mamíferos. Os animais são provenientes do próprio criadouro de animais silvestres da Itaipu, de outros zoológicos ou de órgãos ambientais como IAP, Ibama, ICMBio e Centro de Triagem de Animais Silvestres da PUC-PR. O Refúgio não recebe animais resgatados diretamente – apenas por meio dos órgãos ambientais.

O zoológico foi batizado com o nome de Roberto Ribas Lange, ambientalista que atuou em Itaipu entre os anos 1978 a 1982. Considerado um visionário, ele foi fundamental na criação do modelo de planejamento ambiental que depois foi copiado por diversas usinas hidrelétricas.

Como estação científica, o Refúgio Biológico Bela Vista está equipado para dar suporte a importantes programas socioambientais e, mediante o sucesso nas ações, tornou-se um exemplo em sustentabilidade, contribuindo na elaboração de políticas públicas de conservação e demonstrando suas ações como parte da Reserva da Biosfera.

O passeio pelo Refúgio Biológico é uma lição de educação ambiental, na qual é possível compreender o respeito do homem pela natureza. Guias acompanham os visitantes em todo o percurso e atendem aos questionamentos, sobretudo de crianças, sempre as maiores interessadas quando o assunto são os animais.

Os passeios pelo Refúgio são realizados em veículos contemplativos, facilitando o contato com natureza, e por meio de caminhadas em trilhas.

Conhecer e entender as ações do Refúgio é como viajar no tempo, conhecendo as posturas exemplares e inéditas aplicadas pela Itaipu no setor elétrico, com respeito às futuras gerações.