Em meio ao ecossistema há uma cidade. E agora?
Os gestores públicos municipais se aprimoram para o discurso da sustentabilidade e, colocá-la em prática, é bem mais difícil.
Especial Meio Ambiente
O “destino” Foz do Iguaçu é enigmático ao se deparar com os belos atrativos naturais, e, paradoxal no simples fato das pessoas se deslocarem entre um lugar e outro.
Os visitantes desembarcam em um aeroporto ao lado do Parque Nacional; utilizam vias com trânsito intenso durante a permanência; consomem peixes dos rios da região, se deparam com nativos em frente aos restaurantes e locais de muito movimento, além de outras situações que dão vazão ao pensamento.
Por onde se vai, há ruas imensamente arborizadas, sendo que algumas se tornaram pontos turísticos, como é o caso da Avenida Pedro Basso, orgulhosamente referendada “a rua mais bonita do Brasil”. O fato é que em Foz do Iguaçu, a exemplo de outras cidades da Região Oeste paranaense, o verde é abundante.
Mas como lidar com uma cidade, cuja população ativa é superior a 250 mil habitantes, encravada entre uma das Maravilhas da Natureza e a gigantesca Itaipu Binacional, uma das maiores edificações concebidas pelo homem?
Além do mais, o município recebe obras estruturantes fundamentais, transformado em um intenso canteiro de demandas que mexem inclusive com o meio ambiente, como a segunda ponte com o Paraguai, a Perimetral Leste e a duplicação da BR 469, a estrada de acesso ao Parque Nacional. Recentemente, no setor Sul, houve a ampliação no Aeroporto Internacional e a revitalização de quase todos os acessos rurais. Segundo apurado, tais iniciativas estão em acordo com as regras ambientais, com licenciamentos efetuados pelo poder público federal, através do IBAMA, com acompanhamento das Secretarias Municipais, pois necessitam de alvarás e aprovações para serem executadas.
Em meio a isso, a administração pública precisa pensar em se equipar, adaptar, de modo sustentável e adequado; envolver ao máximo a população; realizando projetos e programas que preservem e ao mesmo tempo conscientizem, com a dimensão socioeconômica focada nos recursos naturais, de maneira ética, justa e legal, em harmonia com o gerenciamento de recursos, satisfazendo as necessidades humanas e em equilíbrio com a natureza.
Para atuar no contexto da sustentabilidade, os gestores municipais precisam de preparo, e, argumentos, pois em algum lugar enfrentarão as discordâncias, tendo em mente que a racionalidade ecológica causa a diminuição da exploração e do consumo, para proteger a natureza. Inserir isso em governança exige muito discernimento e paciência, sobretudo na tarefa de manter a coesão social.
O meio ambiente esbarra na satisfação e nas necessidades básicas das pessoas, e nem todos entendem que o objetivo do trabalho é aumento da qualidade de vida. Muitos não se submetem à maneira correta de ocupar o espaço, controlando endemias, sem causar assoreamento e poluição dos cursos d’água e nascentes, por exemplo.
Em Foz, há muito empenho em promover a gestão adequada dos resíduos, em especial dos recicláveis secos o que cria novas atividades laborais, ajudando substancialmente na distribuição de renda das famílias carentes. Um cenário assim, socialmente sustentável, reduz significativamente as iniquidades e gera menos problemas com a saúde da população.
É possível afirmar que há responsabilidade social na atenção ao objetivo da sustentabilidade comunitária em Foz do Iguaçu, especialmente quando as iniciativas de caráter coletivo são valorizadas, incentivando os indivíduos em novas práticas, técnicas e recursos que visam melhorar sua existência, pois é o desenvolvimento sustentável que atenua a perda dos recursos ambientais.
Se há essa intenção e a coletividade está disposta a levar o projeto adiante, será necessário muito empenho legal e orçamentário até se causar as transformações em várias localidades, como os agrupamentos que ainda estão nas margens dos rios; e áreas populacionais complexas, como o Bubas, por exemplo, em vias de receber o atendimento público.