Faixa de Proteção e biodiversidade: a floresta ao redor da energia

A mata que abraça o reservatório abriga vida silvestre, regula o clima e reforça a sustentabilidade da produção de energia.

Quando o reservatório de Itaipu foi formado, em 1982, teve início imediatamente a formação de um cinturão verde circundando sua orla e entranças na Margem Esquerda (Brasil), desmatada nas décadas anteriores pelo avanço da fronteira agrícola. Hoje, essa faixa de proteção ambiental — com mais de 34 mil hectares de áreas preservadas ou em recuperação — é uma das maiores e mais bem conservadas reservas contínuas de vegetação nativa no sul do Brasil e no leste do Paraguai.

Muito além de uma função cênica, a faixa de proteção é infraestrutura ecológica crítica. Ela garante a estabilidade das margens do reservatório, reduz a erosão, contribui para a qualidade da água, regula o microclima, protege a biodiversidade local e impede o avanço desordenado da ocupação humana.

Distribuída em todo o perímetro do lago de Itaipu, a faixa de proteção envolve 16 municípios brasileiros lindeiros, além de diversos distritos paraguaios. Composta majoritariamente por fragmentos de Mata Atlântica e Floresta Estacional Semidecidual, abriga diversas espécies de flora e fauna, muitas ameaçadas de extinção — como a onça-pintada, o tamanduá-bandeira, o veado-campeiro, a harpia, bem como anfíbios, répteis e peixes.

Um cinturão de vida

Olhando para a mata que se formou, é difícil imaginar que boa parte dessa vegetação foi plantada pela própria Itaipu. Desde o início do enchimento do reservatório, a empresa executa projetos de reflorestamento ativo com espécies nativas, recuperação de áreas degradadas e reconexão de fragmentos florestais por meio de corredores ecológicos, com o plantio de milhões de mudas ao longo da margem do lago e nas bacias hidrográficas do entorno.
Esse trabalho é feito com apoio de viveiros florestais mantidos pela própria usina, onde são produzidas mais de 1 milhão de mudas por ano, incluindo espécies frutíferas, ornamentais e de alto valor ecológico. As mudas são distribuídas gratuitamente a produtores rurais, escolas, prefeituras e ONGs envolvidas com a conservação.

Conectividade ecológica e refúgios da fauna

Além de proteger as margens do lago, a faixa de proteção de Itaipu funciona como passagem segura para a fauna silvestre, permitindo o deslocamento de animais entre áreas de floresta. Essa conectividade é essencial para a reprodução, dispersão genética e sobrevivência de diversas espécies — especialmente grandes mamíferos e aves.

Em trechos estratégicos, foram criadas Unidades de Conservação como o Refúgio Biológico Bela Vista (Foz do Iguaçu, BR) e o Refúgio Biológico Mbaracayú (Hernandarias, PY), que atuam como áreas de reabilitação, pesquisa e educação ambiental.
Esses espaços são também laboratórios vivos, onde universidades e centros científicos realizam monitoramentos de flora, inventários de fauna, estudos de polinização, de comportamento de espécies ameaçadas e dos efeitos das mudanças climáticas na biodiversidade local.

O verde como estratégia energética

Proteger a floresta não é um gesto poético — é uma exigência para a manutenção da capacidade operacional da usina. Áreas florestadas evitam o carreamento de sedimentos para o lago, reduzem a temperatura das águas superficiais, impedem o avanço de espécies invasoras e ajudam a manter o ciclo hidrológico estável.

A relação entre floresta e energia é tão direta que Itaipu trata a faixa de proteção como parte do seu ativo operacional — uma engrenagem verde que, embora silenciosa, é indispensável para a continuidade da geração elétrica.

Ao fazer nascer e proteger essa floresta contínua, Itaipu demonstra que a produção de energia e a preservação da vida podem — e devem — caminhar juntas. A faixa verde que abraça o lago não é só paisagem: é garantia de futuro e prova viva de que grandes obras podem ser também grandes defensoras da natureza.

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