Refúgio Biológico de Itaipu: 40 anos preservando a fauna e flora

Unidade foi criada para receber milhares de plantas e animais desalojados quando da formação do reservatório da usina. Espaço é símbolo máximo de proteção ao meio ambiente

O espaço foi planejado bem antes, mas celebra a sua inauguração em 27 de junho de 1984. O Refúgio Biológico Bela Vista (RBV) de Itaipu foi concebido para receber os milhares de animais resgatados e desalojados durante a formação do reservatório de Itaipu e para a produção de mudas na composição dos programas de reflorestamento das margens do lago, expandindo o Corredor da Biodiversidade do Rio Paraná. Mas a tarefa aumentou e muito com o passar dos anos. O RBV ainda atua em atender resgates e trabalha a perpetuação de espécies em risco de extinção.

O Refúgio é um dos símbolos da Itaipu quando o assunto é a preocupação em proteção ambiental e reúne, a maior diversidade possível de espécies da flora e fauna regional, sobretudo as que enfrentaram os ecossistemas afetados, antes mesmo da formação do reservatório da hidrelétrica.

O recinto alcançou a maturidade como centro de referência, recebendo estudiosos e pesquisadores de todo o mundo tanto para demonstrar seus programas e experiências, como no intercâmbio em várias áreas.

Destacam-se trabalhos de reprodução de espécies raras ou em vias de extinção, com investimento na coleta de material genético e incentivo à reprodução em cativeiro, em animais como as onças, que estão no topo da cadeia predatória. Animais são avistados passeando pelas áreas recompostas e os vestígios levam a crer que possuem uma vida saudável. Uma das evidências de uma floresta em boas condições de preservação, é a presença dos felinos de grande porte.

A fauna nativa regional é estudada nos programas do Refúgio e os resultados se denotam pelo índice de nascimentos, com mais de 1.200 registros. Espécies como as antas, capivaras, jaguatiricas, veados-bororó, gatos-maracajá, dentre outros, são acompanhados pelos técnicos.

O Refúgio é referência no manejo de harpias, espécie ameaçada de extinção, da mesma forma, é o único centro de estudos no país na área da reprodução continuada de aves. Em mais de vinte anos já foram registrados 56 nascimentos de gaviões reais, por exemplo. Um dos êxitos do RBV é conseguir duas gerações nos programas continuados, ou seja, com filhotes de aves já nascidas em cativeiro. Fatores assim credenciam a entidade na exportação de harpias para criadouros em outros países. De Foz já saíram casais dessa espécie para a França e Alemanha, além de outros indivíduos para zoológicos e criadouros de diversos estados brasileiros.

Há o manejo e produção de mudas florestais de mais de 100 espécies utilizadas para a recuperação das matas, e no ervanário, são produzidas e processadas diversas espécies de plantas medicinais. O projeto “Opaná – Chão Indígena” recebeu 1.210 mudas de plantas medicinais em iniciativa da Fundação Luterana de

Diaconia (FLD) em parceria com a própria Itaipu. Trata-se de uma atuação sustentável, ambiental e alimentar de comunidades Guarani do Oeste e Litoral do Paraná. Entre as espécies, estão a alfavaca, arnica, boldo, cavalinha, centelha asiática, ginseng, hortelã, jambu, jurubeba, malvarisco, maracujá, manjerona, orégano, penicilina e salva-cidreira. O cultivo e o uso tradicional das plantas medicinais, contribui para a saúde e a preservação dos saberes ancestrais das comunidades. As plantas medicinais desempenham um papel muito relevante dentro das comunidades indígenas, sendo utilizadas há séculos como fontes primárias de tratamento natural. Muitas dessas plantas contêm compostos bioativos com propriedades anti-inflamatórias, antimicrobianas e antioxidantes que ajudam a prevenir e tratar diversas doenças, além de possuírem finalidades de fortalecimento espiritual dentro da visão indígena.

O Refúgio Biológico, referência de preservação da fauna e da flora, é reconhecido como um posto avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Parte dos recintos estão inseridos nos roteiros de visitação turística em Itaipu, onde os visitantes, testemunham os cuidados e formam opinião sobre o empenho e a atenção de Itaipu ao meio-ambiente.