Grandes obras que impulsionaram o desenvolvimento do Oeste do Paraná

Anos antes do início da construção de Itaipu, as autoridades planejaram a reestruturação de Foz do Iguaçu: suas ruas, avenidas e até mesmo as estradas por onde passariam equipamentos gigantescos. Foram criadas estruturas de receptivo, recebendo técnicos, diplomatas e autoridades mundiais.

O povoado provinciano, com aspirações turísticas e boas relações fronteiriças, experimentou um novo ciclo depois de estabelecida a ligação terrestre pela BR-277 (março de 1969) e, anos antes, pela Ponte Internacional da Amizade (março de 1965). Esta última deu vida a Puerto Presidente Stroessner, hoje Ciudad del Este, potencializando-a como atrativo.

Não há como deixar de registrar que houve um isolamento secular, e para chegar até a região era necessário navegar pela Costa Atlântica e Estuário do Prata, contra a correnteza do Rio Paraná. Outra alternativa, em épocas em que os aviões ainda não cruzavam os céus, era desbravar as picadas nas matas, com apenas um leito carroçável.

Mal se abriram as clareiras, pavimentando “A Grande Estrada”, a rota Assunção-Paranaguá — pensada desde 1941 pelo presidente Getúlio Vargas — Foz do Iguaçu começou a experimentar abruptas transformações.

A mão federal estava por todo o perímetro, primeiro com um levantamento aerofotogramétrico e, depois, por meio de topógrafos, urbanistas, projetistas e engenheiros em busca de soluções viárias. A assinatura do Tratado de Itaipu Binacional ocorreu em 1973, mas antes disso a cidade ensaiava um compasso de preparativos, uma vez que avançavam os estudos sobre o potencial hidráulico do Rio Paraná.

Uma comissão mista, conveniada entre o Brasil e Paraguai, vinha realizando o levantamento desde 1967. Três anos depois, foi firmado um convênio de cooperação entre os dois países, estabelecendo as possibilidades técnico-econômicas do Projeto Itaipu. Uma sucessividade de eventos como esses, a todo momento divulgados, causava grande ansiedade na população, e a Binacional, para muitos, já era uma realidade.

Com o novo Aeroporto Internacional, na vizinhança do Parque Nacional do Iguaçu, uma série de empreendimentos públicos e privados foi se instalando. Um deles foi o Hotel Bourbon. Dez anos depois de fundarem a primeira unidade em Londrina, a família Vezozzo inaugurou, em 1973, uma ala com 69 apartamentos em Foz.

O local se tornaria a “segunda casa” do general José Costa Cavalcanti, escolhido para comandar o início da enorme obra, acumulando a chefia do Ministério do Interior.

“Nos anos 70 e 80, não só os brasileiros, mas pessoas de todo o planeta viajavam para Foz do Iguaçu para ver a maior usina hidrelétrica já construída, e sempre recordo momentos gloriosos, de presidentes e autoridades se encontrando no Bourbon. Grandes nomes da engenharia também permaneciam dias e até meses hospedados. Tive o privilégio, juntamente com a minha família, de conhecer as mais influentes autoridades brasileiras, e elas sempre estavam em nosso hotel a cada unidade inaugurada, nos mais diversos eventos importantes que marcavam as novas etapas da gigantesca obra. Recebíamos mandatários, reis, príncipes, primeiros-ministros e, devo ressaltar, que ao passo de isso tudo acontecer, nosso estabelecimento expandia novas alas, criava salões de eventos, áreas de gastronomia e sempre mais conforto aos ilustres hóspedes”, lembrou Alceu Vezozzo Filho, hoje CEO de um dos maiores grupos hoteleiros da América do Sul, com 24 unidades em vários estados brasileiros, além de unidades no Paraguai e na Argentina.

Outros vários empreendimentos nasceram e expandiram enquanto a usina era construída, gerando empregos, distribuindo renda e emoldurando o futuro da cidade.

Com Itaipu se tornando uma realidade, várias frentes de trabalho passaram a reformar o traçado urbano, com a abertura das avenidas Paraná, Juscelino Kubitschek e BR-600, hoje Tancredo Neves, além dos acessos diretos aos bairros e localidades que abrigaram os barrageiros e suas famílias. Também foram rapidamente erguidas as Vilas A, B e C, concomitantemente aos preparativos da grande usina.