O embate entre governo e empresas, reunidas na modalidade de Consórcio, não deve alcançar um acordo. O atual governo quer antecipar o término do contrato.
Crise no Transporte: um título muito conhecido dos iguaçuenses. Muitos se perguntam quando é que não houve encrencas no setor. Em verdade, os momentos de paz foram raros e pouco duradouros.
Se fizermos uma rápida análise histórica, concluiremos que a questão do transporte coletivo em Foz do Iguaçu foi mais um litígio público, permanente, do que um simples serviço de levar centenas de milhares de pessoas – que dependem da modalidade – aos seus destinos, o que é considerado um dever do Estado.
Empresas, funcionários e governos, raramente encontraram um equilíbrio mútuo na relação entre custo, conforto, usuários, trabalhadores e empresários. A todo instante surgem impasses que ameaçam o sistema, como as reposições salariais, ou aumento da passagem, ou falta de ar-condicionado nos ônibus, ou questões que resultam em greve de motoristas. A complexidade na área é tão grande, que chega a ser difícil imaginar um resultado entre as partes.
Nos últimos anos viu-se um pouco de tudo e esperava-se que o Consórcio fosse um modelo aprimorado para o setor, porque ocorreram avanços como o uso de cartão para os passageiros, a frota foi uniformizada, alguns veículos ganharam ar condicionado, e as linhas, afinal, foram divididas em menos empresas, levando em conta que a detentora da maior quantidade de percursos acabou afastada e por várias razões.
Apesar dos embates atuais, nos anos 80, Foz já viveu outras turbulências mais agravantes, como a substituição de empresas da noite para o dia, tiros e até mesmo o edifício do antigo Fórum não escapou da pichação por parte dos envolvidos.
Na atual crise, a população assiste a desavença com certa apreensão, e, além do mais, foi consultada para ajudar no destino de uma solução. A prefeitura deverá fazer uso de uma pesquisa realizada entre os usuários e só depois disso deve delinear os avanços para reformar a modalidade.
A situação agravou com a pandemia. As empresas reduziram o número de veículos e mesmo assim, passaram a acumular prejuízos em razão dos períodos de isolamento. Paralelamente, com a escalada dos preços nos combustíveis, insumos e, na obrigação das reposições salariais, os empresários não obtiveram subsídios e nem o aumento no valor da passagem. Atualmente, os iguaçuenses pagam R$ 4,10 para utilizar um trecho com o ônibus e segundo os cálculos das planilhas, o valor teria que ser reajustado em R$ 5,10.
Empresas e governo se arrastam no debate e o pedido de aumento, mais uma vez, foi parar na Justiça, com a reivindicação negada em primeira e segunda instâncias. Com isto, o governo deve tirar proveito da situação e tentar um plano arriscado, em ver a “caducidade” do contrato, que deveria expirar em 2025. Os argumentos estão calçados no não cumprimento de vários itens, o que é refutado pelos empresários.
Ouvir a população, em outras palavras, seria como um tiro de misericórdia nas empresas, porque por melhor o serviço prestado, a população nunca se diz satisfeita. O histórico de Foz reforça ainda mais a rejeição na área do transporte e buscar alternativas é um assunto muito mais técnico do que político.
Antes mesmo da colheita de informações, as maiores reclamações dos usuários era ônibus cheios em horários de pica, localização dos pontos de embarque e desembarque, demora no intervalo das linhas, as condições do Terminal Urbano, a falta de ar-condicionado e o valor da passagem.
Segundo técnicos do setor de transporte e que estudam novas formas de mobilidade, a transformação em Foz não deve ser pequena, logo, a prefeitura não conseguirá implantar medidas em curto prazo. Isso aguça a curiosidade de muitas pessoas, e elas querem saber: se as mudanças não são poucas, quais as providências para transportar a população, com um virtual rompimento do contrato? As respostas são incógnitas e pessoas à frente do impasse não adiantam de que forma equilibrarão o assunto. Isso leva a crer, que ainda haverá algum tipo de mediação para sustentar o transporte por meio do Consórcio.
O Almanaque Futuro apurou que apesar da vontade de mudanças, há resistências dentro e fora da prefeitura. Alguns membros do governo acreditam que deve haver cutela, mas o impasse pode ter servido para as empresas entenderem que é hora de mudar e inovar, como se manifestou o prefeito Chico Brasileiro em programa de rádio.
Com a divulgação da pesquisa, nesta segunda-feira, 20, espera-se novos movimentos por parte da administração pública.