Uma ponte perto demais – Com as obras avançando em mais de 70%, prazo deverá ser mantido

A nova ligação com o Paraguai está sendo materializada como uma vitória daqueles que, há muito, se inspiraram e anteviram a necessidade de integrar mais do que diferentes regiões internacionais mas sim, também, a responsabilidade de aproximar os oceanos Atlântico e Pacífico.

A faixa geográfica com um pouco mais de 17 quilômetros, entre a hidrelétrica de Itaipu, até o encontro dos rios Iguaçu e Paraná, compreende todo o perímetro de Foz do Iguaçu, na fronteira com o Paraguai. A Ponte Internacional da Amizade está localizada quase na metade dessa distância.

No curso das águas, cerca de 8 km abaixo da Ponte da Amizade, quase na foz do rio Iguaçu, está sendo construída a “Ponte da Integração”, praticamente ao lado do complexo turístico que leva o nome de Marco das Fronteiras. Não há equívoco em imaginar, que nesta curta extensão formada pelas margens do rio Paraná, haverá três ligações físicas com o país vizinho: duas pontes e a crista da barragem da Itaipu Binacional.

Passeando pela história, saberemos como as margens dos grandes rios apartavam as comunidades ribeirinhas e de que maneiras isso foi vencido, possibilitando uma pujante relação fronteiriça no espaço de um século. Vencer as águas turbulentas e pesadas do “Paranazão”, foi descrito como uma tarefa muito difícil para os colonizadores, com narrações em documentos, cartas, livros e registros dos mais diversos.

Essa “pujança” territorial foi marcada por meio de ciclos, começando pela extração da erva-mate, depois, na derrubada das matas e comercialização da madeira, e bem mais tarde, com a construção de Itaipu. Foz do Iguaçu foi uma cidade forjada graças a impactos populacionais e seus reflexos sociais; foi assim no final do século XIX, quando o povoado possuía bem menos de 150 habitantes e recebeu uma companhia militar com cerca de 600 soldados. Até os anos 70, segundo o IBGE, a população era de 33.966 habitantes e em 1980, esse número saltou para 136.352, com a construção de Itaipu.

Revisando o passado, entenderemos também a monumentalidade da Ponte da Amizade, à época em que foi edificada; um recorde mundial de vão em ponte de concreto armado e arco engastado, com 290 metros e outros 552 de extensão. A estrutura levou quase dez anos até ser concluída e foi inaugurada em 1965. Monumental também foi a intenção, em construir a ligação física mesmo que houvesse estradas.

(Registo Histórico) Portal da Memória Paranaense

No curso da obra, inauguradas duas vezes, o Brasil vislumbrou uma responsabilidade maior do que a ousadia arquitetônica e de engenharia, muito além da ligação entre brasileiros e paraguaios. Nas palavras do ex-presidente Juscelino Kubitschek, a Ponte da Amizade deveria unir a América Latina.

Mas depois de concluída, a estrutura permaneceu muitos anos servindo apenas às populações isoladas, até a existência da BR-277, quase cinco anos depois.

Foi com o “ciclo de compras”, cuja explosão se deu nas décadas de 70 e 80, que despontaram os anseios por mais uma ligação entre Foz e as cidades paraguaias.

O fato é que o debate se dividiu por longo tempo, quase 40 anos, com muitas discussões e divergências quanto à localização para a construção de uma nova ponte. Segundo a opinião de muitas pessoas, isso contribuiu para atrasar a iniciativa. O conflito de opiniões foi entre os brasileiros e também paraguaios. Foram vários os adiamentos e anúncios de postergação da obra e suas decorrentes licitações.

Com a nova tomada de decisões por parte de Itaipu, em apoiar, com os seus recursos, as grandes demandas e obras estruturantes na Região, a construção da nova ponte com o Paraguai saiu do papel, do sonho, das discussões e assumiu o topo da lista de necessidades. As obras foram iniciadas em agosto de 2019, depois de estabelecidos os acordos com o Governo do Estado do Paraná, que aporta os recursos oriundos da operadora da usina. O investimento foi estimado em 323 milhões de reais.

A iniciativa mexeu com a zona Sul da cidade, uma das áreas mais populosas da Região Oeste do Paraná, maior que muitas cidades. A movimentação elevou a autoestima dos moradores e impulsionou o comércio, mesmo em tempos de crise, com a situação agravada pela pandemia de covid-19. O desenvolvimento chamou a atenção da prefeitura em adotar providências urgentes no sentido de assistir e urbanizar bolsões de pobreza, como é o caso da área invadida, conhecida como Bubas e planejar a revitalização de muitas vias e acessos.

A Ponte da Integração, além de sua função primordial, em receber o tráfego de cargas do Paraguai, assumirá também uma imagem no contexto turístico regional, na forma de um imponente e novo cartão postal. A estrutura será estaiada, ou seja, suspensa por cabos sustentados por enormes colunas de concreto, com o comprimento total de 760 metros e um vão livre, cuja extensão chegará aos 470 metros, números bem maiores que os da Ponte da Amizade.

 

Infraestrutura e Logística: Obra da segunda ponte entre Brasil e Paraguai atinge 57% de execução - Agência Estadual de Notícias

Agência Estadual de Notícias

A travessia receberá veículos leves e pesados e houve grande impacto com o início das obras, visitadas rotineiramente por muitas pessoas. Na última atualização, o progresso das obras está próximo de atingir 70% e a inauguração é mantida para agosto de 2022.

A Ponte da Integração faz parte do conjunto de obras estruturantes, cujos investimentos são pagos por Itaipu e somam bilhões de reais, valores que além de outras demandas, asseguram a execução da Perimetral Leste, a duplicação da BR- 469 e muitas outras iniciativas, que garantirão o ingresso de Foz em uma nova fase desenvolvimentista, defendendo, dentre outras, a “trimodalidade” para o setor de cargas. O aporte beneficiará toda a Região Oeste do Paraná.

A “era dos modais”, ocasionará um salto ainda maior para Foz do Iguaçu  ao se tornar um importante entreposto comercial e de logística da América Latina, assumindo, 57 anos depois, a visão dos que vislumbravam a união do continente. A Ponte da Integração é uma via inspiradora para unir os oceanos Atlântico e Pacífico.

 

Excluisvo Redação Almanaque Futuro

Fotos Assessoria e divulgação