Operação de grande porte expõe apenas um nome e levanta debate sobre imparcialidade na divulgação
Especialistas e sociedade questionam por que, em investigação sob sigilo com dezenas de empresários, apenas um deles foi nominalmente citado e teve sua imagem amplamente repercutida.
Da Redação/Almanaque Futuro
A Justiça de Santa Catarina expediu mandados de prisão preventiva contra empresários investigados por participação em um suposto esquema de fraude fiscal e sonegação tributária no comércio eletrônico. A operação, chamada Mercado de Pandora, mobilizou equipes policiais em diversos estados, incluindo Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Alagoas.
No total, foram determinados 15 mandados de prisão, 44 de busca e apreensão em residências e empresas e 69 bloqueios de bens e valores de pessoas físicas e jurídicas, alcançando aproximadamente R$ 227 milhões. Segundo as investigações, que correm sob sigilo, o grupo seria responsável por um sofisticado esquema de evasão fiscal envolvendo a venda de smartphones em plataformas de marketplace.
Embora o caso tenha dimensão nacional e envolva diferentes empresários e cidades, chamou atenção o fato de apenas um nome ter sido divulgado até o momento. A situação gerou repercussão imediata e, em alguns veículos de comunicação, fotos do empresário foram veiculadas sem que houvesse, previamente, espaço para sua manifestação.
Em processos sob investigação, a boa prática jornalística recomenda cautela na exposição de envolvidos, sobretudo quando não há decisão judicial definitiva. O princípio da imparcialidade é central para que a divulgação de informações não configure prejulgamento ou abalo desnecessário à imagem e reputação de pessoas e empresas.
No caso específico, a menção isolada de um empresário, enquanto os demais aparecem apenas como “investigados” ou “empresários”, evidencia um tratamento desproporcional. Esse desequilíbrio foi apontado por observadores como um risco de se transformar a cobertura em condenação antecipada, contrariando o espírito do devido processo legal.
Diante da repercussão, a empresa citada emitiu uma nota de esclarecimento à imprensa, reforçando que o empresário mencionado não tem envolvimento com os fatos sob apuração e que colaborará integralmente com as autoridades competentes. A nota ressalta ainda a trajetória de conduta ética e a confiança de que a verdade prevalecerá ao final do processo.
O episódio abre espaço para um debate necessário: como equilibrar o interesse público em acompanhar operações de grande porte com a responsabilidade de não expor seletivamente indivíduos, em especial quando as investigações permanecem em curso e sob sigilo judicial.
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