Nova variante da dengue preocupa autoridades de saúde no Brasil
A introdução do sorotipo 3 em uma população majoritariamente exposta aos tipos 1 e 2 eleva consideravelmente o risco de casos graves
A recente proliferação de um novo sorotipo do vírus da dengue, o sorotipo 3, tem alarmado autoridades de saúde no Brasil. O país, que enfrentou sua pior epidemia da doença em 2024 com mais de 6,6 milhões de casos e 6.068 óbitos, inicia 2025 com sinais de agravamento. O retorno do sorotipo 3, ausente por 17 anos, aumenta a vulnerabilidade da população a infecções mais severas, especialmente em regiões já afetadas pela cocirculação de outros tipos do vírus.
O estado de São Paulo tem sido um dos mais atingidos. Apenas nas duas primeiras semanas de 2025, houve um aumento de 51% nos casos em comparação ao mesmo período do ano anterior. Foram registrados 43.817 novos casos, com destaque para as regiões de Araçatuba e São José do Rio Preto, onde a incidência alcançou 255 diagnósticos por 100 mil habitantes. Essa situação reforça a necessidade de ações rápidas e efetivas para controlar a disseminação do vírus.
Sorotipo 3
Ao contrair dengue de um sorotipo específico, o paciente adquire imunidade permanente contra ele, mas permanece vulnerável aos outros. A introdução do sorotipo 3 em uma população majoritariamente exposta aos tipos 1 e 2 eleva consideravelmente o risco de casos graves. Dados recentes do Ministério da Saúde mostram que 40,8% das infecções registradas em dezembro de 2024 na região noroeste paulista foram atribuídas ao sorotipo 3.
Medidas de controle e prevenção
Diante desse cenário, governos estaduais e municipais têm intensificado os esforços de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus. No estado de São Paulo, uma sala de emergência foi criada para monitorar a situação, enquanto tecnologias como drones são usadas para localizar criadouros do mosquito. Agentes de saúde estão promovendo nebulizações e campanhas educativas para eliminar pontos de água parada.
Vacinação
A vacina Qdenga, desenvolvida no Japão e disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), representa um avanço significativo, mas sua produção ainda é limitada. Para 2025, foram adquiridas 9,5 milhões de doses, capazes de imunizar apenas 4,25 milhões de brasileiros. Paralelamente, a vacina do Butantan aguarda aprovação da Anvisa e tem previsão de produção em larga escala para 2026.
Iniciativas
O projeto Wolbachia, liderado pela Fiocruz, desponta como uma solução promissora. Ele utiliza mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia, que impede a transmissão do vírus da dengue. Em locais como Niterói (RJ), a iniciativa reduziu os casos em até 70%. A expectativa é que, até o final de 2025, 12 milhões de brasileiros sejam beneficiados pela liberação desses mosquitos modificados.
Desafios
Especialistas destacam que a solução para a dengue vai além de vacinas e tecnologias. Melhorias na infraestrutura básica, como a regularização do abastecimento de água, poderiam reduzir significativamente os criadouros do mosquito. O Ministério da Saúde prevê investir R$ 1,5 bilhão em 2025 para combater a doença, com possibilidade de aumento do orçamento se necessário.
Almanaque Futuro com ABr.