Educadores em greve acampam na Praça da Paz em Foz do Iguaçu

Mobilização reúne professores e funcionários contra privatização de escolas públicas da rede estadual.

Após protesto em frente ao Núcleo Regional de Educação, nessa segunda-feira, 3, educadores em greve instalaram acampamento na Praça da Paz, em Foz do Iguaçu. A paralisação por tempo indeterminado visa a evitar o avanço da privatização de escolas públicas da rede estadual, representada pelo projeto “Parceiros da Escola”, do Governo do Paraná.

O projeto “Parceiros da Escola” será discutido novamente na Assembleia Legislativa do Paraná, por receber emendas. Primeiro, passará por uma comissão, devendo seguir para a votação dos deputados estaduais em plenário.

A medida prevê o pagamento de R$ 800 ao mês por estudante das instituições sob a gestão de empresas, totalizando R$ 1,7 bilhão por ano apenas com as primeiras 200 escolas nomeadas no projeto. Mantido o patamar de duas escolas privatizadas, serão 12% em taxa de administração e lucro, retirando R$ 200 milhões do ensino público por ano.

Professores e funcionários defendem que esse montante não vá para empresas, mas que seja investido nas escolas da rede estadual. Se o projeto for aprovado, o que acontecerá é a expansão da privatização sobre os 2,1 mil estabelecimentos públicos de ensino, reduzindo salários e prejudicando a qualidade do ensino.

“Por qual razão Ratinho Junior não quer discutir esse projeto amplamente com a sociedade, educadores e instituições?”, questionou o presidente da APP-Sindicato/Foz, Ari Jarczewski. “Ele enviou um projeto a toque de caixa para os deputados votarem, e se nega a qualquer diálogo. Só nos restou a greve”, expôs.
O professor avalia que “Parceiros da Escola” fere o direito constitucional, o qual prevê ensino público, gratuito e de qualidade ofertado pelo Estado. Mas, prossegue, esse projeto coloca em xeque o futuro de adolescentes e jovens, pois quando há relação de lucro a tendência é que avancem os meios para se extrair mais dinheiro.

“O governo conta com uma máquina de propaganda, inclusive com a concentração de veículos que são da família. Estamos numa luta da verdade contra a manipulação, do direito à educação contra o lucro fácil”, enfatizou. “A população está entendendo que esse projeto é um engano, uma falácia para enriquecer ainda mais uns poucos com dinheiro público”, denuncia Ari.

Greve por tempo indeterminado

A greve dos educadores começou segunda-feira com ato público no órgão educacional que representa o Governo do Paraná. Centenas de professores e funcionários de escolas das cidades da região, juntamente com estudantes, mães e pais, fizeram ecoar a voz contra a privatização da escola pública.

Depois, com faixas e cartazes, o movimento seguiu em passeata, entoando palavras de ordem em defesa da escola pública e contra o projeto privatista do governador Ratinho Junior. O acampamento da greve na Praça da Paz está montado, concentrando a organização e as atividades da categoria.

Em Foz do Iguaçu, a greve dos educadores recebeu o apoio de diversos sindicatos, entre eles o Sindicato dos Professores e Profissionais da Educação da Rede Pública Municipal de Foz do Iguaçu – Sinprefi e o Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do Paraná – Sindijus. Professores da Unila e da Unioeste e representantes de entidades, também estiveram presentes no ato à porta do Núcleo Regional de Educação. Dirigentes da APP-Sindicato/Foz também estão mantendo agendas com agentes públicos, apresentando o motivo da greve e pedindo apoio.

(AI APP-Sindicato/Foz)