Com Conferência da Mata Atlântica, Paraná reforça protagonismo ambiental
Estado ampliou o protagonismo ambiental em busca de soluções para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Organizado pelo Governo do Paraná, o evento, que segue até quinta-feira (21), contou com a participação representantes do Consórcio Brasil Verde, da Prefeitura de Curitiba e de lideranças ambientais e sociais.
Referência mundial em sustentabilidade, o Paraná ampliou o protagonismo ambiental em busca de soluções para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Esse foi o foco do primeiro dia de discussões da Conferência da Mata Atlântica. A abertura ocorreu nesta terça-feira (19), no Teatro Guaíra, em Curitiba, como parte da agenda do 13° Encontro do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud). Organizado pelo Governo do Paraná, o evento contou com a participação representantes do Consórcio Brasil Verde, da Prefeitura de Curitiba e de lideranças ambientais e sociais.
Durante a tarde, os painéis ocorreram no Salão de Atos do Parque Barigui e na Capela Santa Maria, também na capital paranaense. A programação segue nesta quarta-feira (20), a partir das 9 horas. O encerramento está previsto para quinta-feira (21). Confira a agenda completa da Conferência do Meio Ambiente AQUI.
Secretário de Estado do Desenvolvimento Sustentável, Rafael Greca, participou do painel “Contexto geral e perspectivas da COP30 para a agenda de clima no Brasil – o papel da união, dos estados e dos municípios da governança climática nacional”. Ele destacou programas e ações implementados no Paraná e que podem ser replicados em diferentes pontos do País com o objetivo de ampliar a consciência ecológica.
Citou a distribuição por parte do Instituto Água e Terra (IAT), autarquia vinculada à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), de mais de 12 milhões de mudas de espécies nativas desde 2019 – 1,4 milhão apenas no primeiro semestre deste ano. Reforçou também o impacto da redução do desmatamento ilegal de mais de 64% de 2023 para 2024 e a implementação do Banco Verde, plataforma de fomento lançada nesta terça-feira (19) pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior para que investidores possam apoiar projetos ambientais.
“O mundo só fica em pé se a floresta estiver em pé. E isso só se faz por meio do plantio e da distribuição de mudas. O desmatamento gera multas ambientais, que devem gerar consciência ambiental pela educação. Esse é o caminho que seguimos no Paraná”, destacou Greca. “Com o nosso Banco Verde, uma riqueza das ideias em prol da descarbonização”, destacou Greca.
A iniciativa paranaense de organizar e sediar uma conferência voltada para a Mata Atlântica foi bastante elogiada por diferentes palestrantes ao longo do primeiro dia de discussão. “É a liderança de Curitiba como capital ecológica e do Paraná como estado mais sustentável do País”, disse o prefeito da Capital, Eduardo Pimentel, citando exemplos bem-sucedidos da cidade em prol da preservação, como a usina de energia solar da Caximba, projetos de microdrenagem para evitar enchentes em rios, como o Belém e Mossunguê, e a ampliação de novas fontes de energia limpa no transporte público.
“Essa articulação, por meio de um diálogo qualificado, é muito necessária. Gostaria que outros estados e países tivessem algo assim. A conferência dá representação aos atores locais em busca de um planeta para salvar”, comentou a representante para Biodiversidade e Conservação da Organização das Nações Unidas (ONU), Bianca Brasil.
EMERGÊNCIA CLIMÁTICA – O primeiro dia de discussões foi marcado também pela palestra do pesquisador e cientista climático, Carlos Nobre sobre “Emergência Climática: Desafios a Enfrentar”. Membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Nobre é reconhecido internacionalmente pelo trabalho acadêmico sobre clima e aquecimento global.
“Fiz uma provocação, incentivando boas iniciativas, para saber qual estado vai conseguir zerar a emissão de gases danosos ao planeta. E, pelo que vi, fiquei bastante impressionado com ações em andamento no Paraná”, afirmou ele. “Restaurando nossos biomas, como a Mata Atlântica, vamos remover mais de 600 milhões de toneladas de gás carbônico por ano. É o que devemos buscar”, completou.
SEGUNDO DIA – Nesta quarta-feira (20), a programação será aberta às 9 horas, com o painel “Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa”, com Victor Anequini, do Anuário Centro Brasil no Clima (CBC); Rafaela Queiroz e Davi Bomtempo, da Confederação Nacional da Indústria (CNI); Daniel Matos, da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP); Diego Blanc, da C40; e Ety Carneiro, do Hospital Pequeno Príncipe.
A partir das 11 horas, a discussão é sobre “Adaptação às Mudanças Climáticas”, com Paulo de Tarso, diretor-presidente do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar); Marilza Dias, secretária Municipal do Meio Ambiente de Curitiba; Axel Grael, engenheiro Florestal, ambientalista e ex-prefeito de Niterói (RJ); Regiane Borsato, do Instituto Life; e Maria Tereza Uille, advogada e doutora em Sociologia.
À tarde, novamente a partir das 14 horas, os encontros são sobre “Instrumentos e Mecanismos de Financiamento e Fundos Climáticos”, com Ana Zornig Jayme, presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba; Fernando Campos, gerente de Finanças de Conservação e Clima da Sitawi; Marta Bandeira de Freitas, gerente de Mudanças Climáticas do Departamento de Sustentabilidade do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Também participam Dayene Peixoto, coordenadora-geral de Projetos Sociais e Sustentabilidade do Ministério do Planejamento; e Lisiane Astarita de Limas, gerente de Planejamento e Novos Negócios do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).
Já o painel “Justiça Climática e Governança”, às 16 horas, reúne Mario Mantovani, da Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente (Anama); Isabela Barbosa, do ICLEI-Governos Locais pela Sustentabilidade; Ivens Zschoerper Linhares, presidente do Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR); o deputado estadual Luiz Claudio Romanelli; o promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Paraná, Daniel Pedro Lourenço; e Romancil Gentil Cretã, liderança indígena, coordenador Executivo Região Sul da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
ÚLTIMO DIA – Para finalizar, na quinta-feira (21), a palestra será sobre “O Futuro dos Negócios é Sustentável: Como o ESG Redefine o Sucesso Corporativo”, ministrada por Rafael Greca e Rosana Jatobá, jornalista especializada em Sustentabilidade.
“É preciso se inspirar nessa conferência, nas boas práticas de Curitiba e do Paraná. Incentivar esse mutirão em nome da agenda climática”, disse o diretor-executivo da rede global ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade, Rodrigo Perpétuo.
MATA ATLÂNTICA – O bioma abrange 17 estados brasileiros, correspondendo a 15% do território nacional. Atualmente vivem na Mata Atlântica 72% dos brasileiros, concentrando 70% do PIB nacional.
O Paraná lidera os projetos relacionados à região geográfica no âmbito do Consórcio Brasil Verde, iniciativa dos governos estaduais para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas e reduzir a emissão de carbono no País. O Estado é responsável pela coordenação dos projetos voltados ao bioma desde 2023.
Com 99% do seu território inserido na Mata Atlântica, o Paraná conta com uma das maiores áreas remanescentes de floresta no País – são mais de 2,3 milhões de hectares preservados. Além disso, foi considerado o estado mais sustentável do Brasil pelo Ranking de Competitividade dos Estados por quatro vezes consecutivas.
Em 2023, o Cosud formalizou um protocolo de intenções chamado de “Tratado da Mata Atlântica”, visando a união de esforços para a preservação, conservação e a utilização racional dos recursos naturais do bioma, mediante a adoção de ações conjuntas e coordenadas para promover o desenvolvimento harmônico e o alcance de resultados mutuamente proveitosos.
Entre os objetivos do protocolo estão o planejamento integrado de corredores ecológicos regionais, com foco na gestão territorial, por meio do compartilhamento de experiências entre os estados e da adoção integrada de instrumentos e estratégias de monitoramento, de fomento à restauração e conservação de ecossistemas e paisagens e da bioeconomia.
Visa também a integração de estratégias, tecnologias, metodologias, dados e informações geoespaciais para aumentar a eficiência na fiscalização ambiental e combater o desmatamento ilegal.
AEN