Conheça os profissionais que ensinam a arte da dança no programa Foz Fazendo Arte

 

Em todas as culturas, a dança é parte essencial na formação de características de um povo. Tamanha importância levou a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), a instituir o dia 29 de abril como o Dia Internacional da dança.

A data reforça os diversos papéis que a dança pode representar – entre eles, o educacional e terapêutico. São essas as vertentes utilizadas pela Fundação Cultural de Foz do Iguaçu que, por meio do programa Foz Fazendo Arte, leva para crianças e adultos os benefícios dessa atividade.

Ao todo, quatro arte-educadores atuam em todas as regiões da cidade. Com experiências e vivências diferentes, compartilham do mesmo amor e sintonia com a arte.

Weverton Inácio: “a dança me salvou”

Hoje, Weverton Inácio se dedica aos estudos do ballet clássico e a ensinar a coreografia da quadrilha para a festa junina dos pacientes atendidos pelo CAPS II. Porém, esse cenário era inimaginável há cerca de oito anos, após ter sofrido um acidente que o deixou impossibilitado de dançar por diversos meses.

“Foi um período muito difícil que enfrentei e dança veio para me salvar. Pensei por diversas vezes até mesmo em fazer algo contra mim. Com o tratamento, consegui voltar a dançar e recuperei aquele sentimento que só a arte consegue me trazer”.

Weverton e a arte caminham juntos há mais de 30 anos. Aos sete, ingressou em um projeto social na cidade de São Paulo e tornou-se ator de teatro. Aos 17, a dança se fez presente. Agora, com 29 anos, coleciona lembranças das apresentações e espetáculos pelo Brasil, mostrando nos palcos as habilidades com o jazz, o ballet clássico, a dança de salão, gafieira e muitos outros.

Mesmo após conhecer tantos lugares, foi em Foz que o coração do dançarino decidiu criar raízes. “Vim para Foz em 2016, com um grupo de dança e teatro que iria se ficar aqui por três meses – mas acabei ficando seis anos. Conheci a minha esposa e hoje temos um negócio próprio, além das minhas aulas aqui no CAPS, que se tornou uma experiência impar”, diz.

Cícero Adolfo: “Com a dança, sinto o corpo, a mente e a alma flutando”

No que depender da paixão pelo que faz, os alunos de Cícero Adolfo irão encontrar um professor que declamar amor eterno pela dança. Ele e a dança também estão interligados. Começou a dançar aos cinco anos e aos 38 é bailarino com formação superior em Dança, além de especializações no ballet clássico e dança contemporânea.

Como professor, já são 20 anos de docência. Atualmente leciona em diversos locais pelo Foz Fazendo Arte, mostrando que a dança aceita a todos que chegam com vontade e amor pela arte – mesmo que o caminho não seja sempre fácil.

“Era muito difícil viver da arte, mas o sonho me mantinha firme e me fazia seguir. Como bailarino profissional tive a oportunidade de dançar em grandes Companhias de dança e me apresentar em teatros históricos de cidades como Manaus, Recife, Rio de Janeiro, Florianópolis, Curitiba, além de Paraguai e Argentina”.

Para os que começam nas aulas, a explicação que Cícero dá sobre o sentimento de dançar é sempre animadora. “A dança, para mim, é estar em movimento. É sentir o corpo, a mente e a alma flutuando juntos. Enfim, é vida. Quando se dança estamos vivendo em plenitude, em uma construção intelectual do corpo com o universo e vida”, detalhou.

Nina Nassif: “mantemos viva essa dança milenar, acrescentando a ela a nossa alma brasileira”

Sabe quando algo marca tanto a infância que você o leva para a vida? Pois bem, assim foi com Nina Nassif. Com ela, a paixão pela dança também surgiu ainda pequena. Encantada com os costumes, roupas, e claro, as danças árabes, cultivou esse interesse até conseguir se especializar em dança do ventre e hoje é uma das principais referências na modalidade.

“Na escola eu pratiquei ginástica olímpica e tinha a intenção de ser uma ginasta, porém, sempre que via algo relacionado a essa cultura eu ficava maravilhada. Quando eu já morava aqui em Foz, conheci a dança do ventre e estou até hoje”.

A busca por conhecimento, porém, nunca terminou. Nina tem formação profissional baseada em dança moderna, jazz, é acadêmica de Educação Física e professora de dança árabe, zumba, gaúcha e dança recreativa. Com toda a experiência que possui, a emoção de se apresentar segue a mesma – e compartilha isso com todos os alunos que tem a oportunidade de conhecer.

“Sinto uma sensação de liberdade, prazer, conforto. Com a dança posso expandir minhas emoções livremente. Principalmente com a dança do ventre, onde mantemos viva essa dança milenar, acrescentando a nossa alma brasileira”, explicou.

“Aproveitando que a dança é uma arte com este projeto único, posso divulgar e oportunizar mulheres de diferentes idades a conhecer uma dança cultural, respeitando as diferentes possibilidades de participação, contribuindo com o desenvolvimento da integridade social e comunitária”, completou Nina.

Bianor Junior: “Temos que abrir espaço para a cultura das ruas”

Tudo culminou para que o destino de Bianor fosse esse. Com 10 anos, a cultura de rua já fazia parte do que ele era. Rap, street dance e tudo aquilo que a cultura hip hop tem o poder para questionar e denunciar. Desde muito novo fazendo parte de projetos sociais, possui uma inquietude dentro de si, disposto a tornar o estilo que ama cada vez mais reconhecido dentro da cidade.

“A cultura de rua, por si só, sempre teve muita dificuldade de se firmar. Temos projetos para abrir as portas para ela, encontrar espaço para a nossa cultura hip hop, que é tão importante quanto todas as demais”.

Dentro do Foz Fazendo Arte, Bianor tem definida a intenção de iniciar um novo movimento dentro da cultura de rua com as aulas de danças urbanas ao redor da cidade.

“Eu iniciei quando criança, em um projeto social na Vila C, e anos depois eu retorno para o bairro, agora como professor. Estamos ali para ensinar e descobrir talentos, oportunizar espaços para que esses talentos gerem forças e reverberem e gerem um ciclo artístico dentro da cidade”.

Para Bianor, a dança se traduz em movimento e histórias, lutando para quebrar estereótipos. “É terapêutico fazer dança de rua, porque esse aluno aprende a se expressar por meio dela. É preciso treinar, se dedicar e, claro, se divertir, se despindo da autocrítica e tentando várias vezes. A cultura de rua te ensina isso e muitas coisas positivas, como política, entretenimento e informações. Não podemos mais enxergá-la como algo negativo”.

AMN