Quando a crueldade contra um cavalo nos obriga a encarar nossa própria humanidade

_Por Eliane Luiza Schaefer*

 

Um crime bárbaro ocorrido em Bananal, interior de São Paulo, escancarou mais uma vez a ferida aberta dos maus-tratos contra animais no Brasil. Um cavalo teve as quatro patas decepadas após não resistir a uma cavalgada. O ato, registrado em boletim de ocorrência, revelou tamanha brutalidade que o país inteiro se indignou.

O caso só não passou despercebido porque ganhou força nas redes sociais. A cantora Ana Castela, decidiu expor o episódio, chamando atenção para a covardia e pedindo justiça. Seu posicionamento viralizou e trouxe ao debate público a urgência de se discutir a violência cometida contra animais.

A violência que revela quem somos

Mutilar um animal indefeso ultrapassa o limite do aceitável. Mais do que um crime ambiental, é um retrato doloroso de como parte da sociedade ainda trata a vida com descaso. A lei brasileira prevê punição para quem comete maus-tratos, mas, na prática, a sensação de impunidade continua alimentando episódios de crueldade.

Quando um cavalo é submetido a tamanha dor, não é apenas um ser vivo que sofre: é também a nossa humanidade que é violentada. A forma como tratamos os animais reflete diretamente os valores que cultivamos como sociedade.

Da indignação à ação

É inegável que a mobilização digital fez diferença. As imagens compartilhadas e a indignação coletiva pressionaram autoridades, que já investigam o caso. Mas não podemos deixar que a comoção se perca no tempo. Precisamos transformar repulsa em ação concreta.

Isso significa cobrar responsabilização efetiva dos agressores, reforçar a educação para o respeito aos animais e apoiar políticas públicas que ampliem a proteção e o acolhimento de cães, gatos, cavalos e tantas outras espécies vítimas do abandono e da violência.

A vida pede empatia

O episódio de Bananal é um marco doloroso que não pode ser esquecido. Se serve para algo, que seja como alerta: não basta sentir indignação, é preciso agir para que nenhum outro animal passe por tamanha crueldade.

A vida de um cavalo importa. A vida de um cão importa. A vida de um gato importa. E, ao defender cada uma dessas vidas, defendemos também a possibilidade de um futuro mais justo, compassivo e verdadeiramente humano.

Eliane Luiza Schaefer é empresária na área da comunicação, editora do Portal Almanaque Futuro, colunista, artista plástica e atuante em movimentos culturais e de proteção animal