Editorial –
O que é, o que é? Um lugar cheio de paisagens naturais e monumentos criados pelo homem, ou uma cidade envolvida com as atividades que movimentam a economia, a exemplo de muitas outras pelo mundo? Como Foz do Iguaçu se define, entre possuir belos atrativos e ser uma “cidade turística”? Onde está a linha que separa uma coisa da outra? Quem conhece o assunto acredita que mais da metade do caminho já foi superado, mas ainda falta.
Qual a definição de uma “cidade turística”? Antes, é preciso discernir o conceito que há sobre as cidades e as suas particularidades, independentemente de como são constituídas socialmente. As distinções são muitas: as “Cidades Naturais” se desenvolveram com o tempo, diferente das “Cidades Planejadas” constituídas a partir de projetos e planos diretores. Há a classificação por atividades econômicas, como “Cidades Industriais”, ou “Comerciais”, ao concentrarem fontes geradoras de receita. Existem “Cidades Portuárias”, “Educacionais”, “Logísticas”, “Religiosas”, “Históricas”, e, as “Cidades Turísticas”, cujos núcleos urbanos estão em sintonia com os visitantes, para desfrutarem de suas belezas naturais, culturais, arquitetônicas, com gastronomia típica, onde realizam feiras, exposições, comemorações regionais e que atendam motivações ecológicas, rurais, ou estejam destinadas aos fins comerciais e de negócios.
Não é apenas o potencial dos atrativos que define se uma cidade é “turística”, mas também o envolvimento da população. É assim que, em geral, conceituam a distribuição de subsídios financeiros para desenvolver o segmento, como o setor de hospedagem, com hotéis diversificados; receptivos eficientes; um suporte de guias; e a infraestrutura municipal, por meio de sinalização, transporte público, centros de atendimento a todas necessidades, incluindo saúde; e uma política orçamentária desenvolvimentista.
O leitor deve fomentar opinião de como Foz do Iguaçu se situa nesse contexto, mas há um pensamento comum de que a cidade é um importante “destino”, porém precisa caminhar ainda até alcançar uma plenitude turística, se encaixando entre os centros que dividem uma importante economia no Planeta, geradora de muitos empregos e riquezas, causando acelerada distribuição de renda. No atual estágio, em Foz, o Turismo e o Comércio se entrelaçam, comungando o sucesso um do outro e também se socorrendo, como aconteceu no período da pandemia.
O que seria a Foz do Iguaçu plenamente turística? Segundo os que estudam o assunto, não falta muito para se chegar lá; a “cidade plenamente turística” existirá quando a comunidade entender a essencialidade da economia, com mais pessoas produzindo negócios voltados exclusivamente ao setor, consolidando o elo comercial, com aprimoramento da mão de obra dos serviços, indústria do artesanato e a criação de um calendário de eventos próprios, em todas as épocas do ano, uma maior aproximação da população com os visitantes e, por fim, um orçamento público eficiente, capaz de causar transformações.
Olhando para a Foz do Iguaçu no início dos anos 80, é possível afirmar que houve uma transformação no segmento do Turismo próxima dos 100%, com avanços em boa parte dos ramos que formam essa grande árvore imaginária. O que falta é reforçar as raízes e saber aparar as arestas; cada ação requer o emprego da habilidade, conhecimento e o tempo certo.
A cidade contempla, em verdade economia em cinco segmentos importantíssimos, o Turismo, Logística, Educação, Saúde e Comércio, porém o Turismo se destaca pela capacidade de investimentos e em grande parte no setor privado o que se traduz em fortalecimento da atividade. Isso chama a responsabilidade da área pública no papel de fomentar o desenvolvimento. Se por um lado, o empresariado investe e ainda paga impostos, anseia por infraestrutura, segurança e promoção do destino.
Há vários fatores que poderiam impulsionar com mais qualidade o crescimento regional, sobretudo com a retomada de um projeto que não é novo e sempre vive expectativas: o “Polo Turístico Internacional Iguassu”, no âmbito do Mercosul. O conjunto de iniciativas preconiza o afastamento das atividades de fiscalização, tirando-as das cabeceiras das pontes, integrando três cidades em países diferentes, unindo esforços, com acessos multilaterais e nada menos que três aeroportos com estrutura para voos de todos os portes. O que são hoje, cidades sufocadas pelas fronteiras, praticamente sitiadas por leis e regras sufocantes, somariam um extraordinário Hub de lazer e negócios, atraindo investimentos de todo o mundo.