Juliana Linhares encanta Foz do Iguaçu no Festival Cantautoras
Com voz marcante e poesia nordestina, artista celebra a força feminina na música durante residência artística e show na Casa Foz
Redação Almanaque Futuro
A Casa Foz recebeu grandes artistas no Festival Cantautoras, realizado em outubro, um evento dedicado à valorização da música autoral feminina e à troca de experiências. A programação contou com shows em uma noite marcada pela diversidade sonora e pelo protagonismo feminino.
Além das apresentações musicais, o festival promoveu oficinas, saraus e sessões de cinema, criando um ambiente de aprendizado e integração que fortaleceu a rede de mulheres criadoras na música. O evento aconteceu na Casa Foz, espaço cultural reconhecido por seu papel ativo na promoção da arte e da diversidade em Foz do Iguaçu.
Durante o festival, Juliana Linhares participou de uma residência artística na cidade, acompanhada do músico e arranjador Elísio Freitas. Hospedada no Hotel Viale Tower, um dos empreendimentos mais exclusivos de Foz do Iguaçu, localizado na Via Gastronômica e próximo a bares, restaurantes e comércio local, a artista esteve na cidade entre os dias 24 e 26 de outubro.
Juliana Linhares: arte, poesia e identidade nordestina
Juliana Linhares é uma das artistas que vêm redesenhando a cena contemporânea da MPB. Com voz marcante e presença cênica potente, ela transita entre música, teatro e poesia, costurando em sua obra uma identidade nordestina que dialoga com o Brasil de hoje.
Cantora, compositora e atriz, Juliana lançou em março de 2021 o álbum Nordeste Ficção, seu primeiro trabalho solo, com direção artística de Marcus Preto e produção de Elísio Freitas. O disco foi concebido como um roteiro teatral, misturando romance, autoficção e documentário musical. As 11 faixas formam uma narrativa afetiva sobre o Nordeste, inspirada tanto pela memória quanto pela invenção.
O álbum evoca os clássicos de Elba Ramalho, Amelinha, Cátia de França e Terezinha de Jesus, ao mesmo tempo em que dialoga com artistas como Belchior, Fagner, Alceu Valença, Ednardo e Zé Ramalho. Também traz referências à geração de 1990 — Rita Ribeiro, Lenine, Chico César — atualizando as sonoridades regionais com liberdade e experimentação.

Entre as faixas, destacam-se parcerias com Tom Zé, Letrux, Zeca Baleiro, Moyseis Marques, Khrystal, Mestrinho, Posada e Jéssica Caitano, além de uma releitura da clássica “Tareco e Mariola”, de Petrúcio Amorim. A inspiração veio do livro A Invenção do Nordeste e Outras Artes, de Durval Muniz de Albuquerque Jr., que questiona as representações culturais da região.
Nascida em Natal (RN) e radicada no Rio de Janeiro desde 2010, Juliana construiu, a partir dessa distância, o conceito de Nordeste Ficção, um trabalho que propõe desconstruir mitos e criar “outros nordestes possíveis”. Formada em Direção Teatral pela UNIRIO, mantém forte vínculo com o teatro, especialmente com o universo infantil. Em 2021, lançou ao lado do irmão o projeto Bode Bé, série de animações musicais inspiradas nas brincadeiras e sonoridades nordestinas.
Com canções como “Balanceiro”, “Aburguesar”, “Bolero de Isabel” e “Lambada da Lambida”, Juliana Linhares consolida um percurso singular entre a força das raízes e a vontade de inventar novas formas de cantar o país.
O Festival Cantautoras é um projeto aprovado pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná, com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, do Ministério da Cultura e do Governo Federal.

 
				
