Festival de Culturas da UNILA exibe raro documentário sobre a resistência palestina
Dirigido pelo curitibano Gustavo Castro, o filme Notas Sobre um Desterro denuncia o genocídio na Palestina e cobra posicionamento ético.
Desde que o filme Notas Sobre um Desterro teve sua primeira apresentação, no Festival Olhar de Cinema, em Curitiba, a trajetória do documentário foi catapultada para um outro patamar. As exibições reuniram centenas de pessoas, enquanto outras tantas participaram dos debates liderados pelo diretor Gustavo Castro e a produtora e roteirista Juliana Sanson. Não por acaso. O tema do documentário é urgente: uma denúncia sensível da resistência palestina diante de um cenário estarrecedor. Agora o documentário chega ao Festival de Culturas da UNILA, com exibição única no dia 10 de setembro (quarta-feira), às 19h.
A ideia do filme surgiu em 2018, quando Castro e o fotógrafo Rafael de Oliveira cruzaram a Cisjordânia com câmeras na mochila e uma pergunta essencial: como sobrevivem os que resistem? Durante um mês, percorreram estradas vigiadas por tanques e checkpoints acolhidos por uma família em Kobar, a de Rabah, irmã presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal). O objetivo inicial era registrar a vida sob ocupação e as possibilidades de coexistência. Mas os acontecimentos de outubro de 2023 alteraram o rumo do projeto. “Há um ano e meio ouvimos notícias sobre Gaza, sempre de forma superficial, como se tudo tivesse começado em 7 de outubro de 2023. Notas Sobre um Desterro parte da premissa de que, diante de um processo quase irreversível de e limpeza étnica, tomar partido uma obrigação ética”, afirma o diretor.
Realidade
O resultado é um filme em primeira pessoa com alcance coletivo. Reúne registros de 2018, imagens históricas de arquivo e vídeos recentes, compartilhados nas redes sociais pelas próprias vítimas em Gaza. Não há narração didática nem termos técnicos: a realidade aparece crua, enquanto o olhar é de profunda humanidade. O que se constrói é um ensaio visual que se recusa a ceder ao esquecimento.
“A experiência me permitiu testemunhar o que significa viver sob um regime colonial de apartheid, que segrega e oprime o povo palestino”, afirma Castro.
Nos anos seguintes à primeira viagem, o projeto ganhou densidade com a entrada da produtora e roteirista Juliana Sanson e do montador e também roteirista Ticiano Monteiro. O longa foi estruturado e aprofundado por uma extensa pesquisa histórica e iconográfica. “Não é apenas um filme sobre a Palestina; é sobre como o mundo vem se posicionando diante da catástrofe palestina há quase oito décadas”, observa Juliana.
Para Castro, trata-se de um dos raros filmes brasileiros a abordar o tema, impulsionado pela urgência de um posicionamento diante do que se vive hoje em Gaza. “O mundo não pode ser cúmplice, e nós não podemos permanecer neutros diante da barbárie. Nossa forma de agir é por meio do cinema”, diz.
Notas Sobre um Desterro é, sobretudo, um filme que se recusa à neutralidade. Onde a diplomacia fracassa e a imprensa hesita, ele avança. O filme participa dos principais festivais de cinema do País.
Serviço:
Abertura do Festival de Culturas da UNILA, 15° Edição.
Exibição: 10/09 às 19h, no Auditório Martina –
C309, Campus Jardim Universitário
Foz do Iguaçu

Notas sobre um Desterro
Sinopse
As filmagens do encontro com uma família brasileira-palestina na Cisjordânia de 2018 são revisitadas após 7 de outubro de 2023. O que era para ser um filme sobre as possibilidades de coexistência em uma terra ocupada, se transforma em uma brutal reflexão sobre colonização, apartheid, genocídio e a recente proliferação de imagens de guerra, produzidas pelas próprias vítimas de um massacre que se repete no curso do tempo.
Sobre o diretor
Gustavo Castro é diretor, diretor de fotografia e editor. Realizou mais de 30 documentários sobre temas sociais na América do Sul, Amazônia e Oriente Médio. Em 2025, lançou seu primeiro longa como diretor: Notas sobre um Desterro, um filme-ensaio sobre a questão Palestina.
Assessoria de Imprensa