Dia do Cinema Brasileiro: histórias que inspiram viagens e movimentam territórios
Por Yuri Benites
O cinema é uma fábrica de histórias, memórias e sonhos. Mais do que entretenimento, ele eterniza narrativas e preserva culturas que atravessam gerações. No Brasil, celebramos essa força criativa hoje, dia 19 de junho, o Dia do Cinema Brasileiro — uma data que reconhece a potência do audiovisual do nosso país não apenas na construção da nossa identidade cultural, mas também em seu impacto direto em diversos setores da economia — entre eles, o turismo. Filmes, séries, documentários e animações despertam o interesse, o imaginário coletivo e inspiram pessoas a viajarem em busca dos cenários que ganharam vida nas telonas (e telinhas).
Cada vez que um território é escolhido como pano de fundo para uma produção audiovisual, toda uma cadeia produtiva é movimentada (da tecnologia à hotelaria, da gastronomia ao comércio). No estudo “Tendências de Turismo 2025”, o Ministério do Turismo destaca os Destinos Inspirados pela Mídia como um dos comportamentos mais expressivos dos viajantes contemporâneos, evidenciando o poder do chamado film-induced tourism (turismo induzido por produções audiovisuais). O cinema não vende apenas paisagens, ele comercializa experiências, afetos e pertencimento. E isso tem valor econômico mensurável.
Prova disso pode ser observado “nas telinhas”, a partir do remake da novela Vale Tudo, que estreou em 31 de março e, logo no primeiro capítulo, levou o Destino Iguaçu a mais de 17 milhões de telespectadores. Desde então, as imagens exibidas diariamente na abertura e no encerramento dos capítulos já geraram, segundo estimativas, um retorno de R$ 1,6 milhão em mídia até maio. Somente o capítulo de estreia dedicou 41 minutos e 40 segundos à cidade de Foz do Iguaçu. Somando esse tempo com as ações promocionais anteriores, a Rede Globo estima que o retorno em mídia espontânea já ultrapassa os R$ 110 milhões, com um alcance de mais de 105 milhões de pessoas. Tudo isso sem que um único segundo fosse negociado como espaço publicitário.
Por trás desse impacto há um debate técnico sobre como as cidades e os destinos brasileiros têm, ou não, se preparado para transformar essas exposições midiáticas em desenvolvimento sustentável e inclusivo. Afinal, não basta aparecer na tela — é preciso converter visibilidade em fluxo turístico, em renda, em empregos, em preservação do patrimônio e em fortalecimento das identidades locais.
É dentro dessa visão estratégica que a Diretoria de Turismo do Itaipu Parquetec tem buscado ampliar as conexões entre cultura, audiovisual e desenvolvimento territorial. Ações como o Dia Internacional da Animação, a exibição do documentário Latidos Inmigrantes, a co-realização do Festival 3 Margens, a Mostra de Curtas da Unila, a Mostra de Filmes do Dia Internacional da Mulher e a parceria no Abril Claquete são mais do que eventos culturais, são dispositivos de ativação econômica, social e simbólica que colocam o turismo em diálogo com a economia criativa e com as pautas culturais. Além disso, muito em breve divulgaremos boas novidades, fruto das ações que estão sendo implementadas no nosso Mercado Público Barrageiro.
Fomentar o audiovisual, é, portanto, entender que, no século XXI, a competitividade de um destino turístico passa, obrigatoriamente, pela sua capacidade de se contar, de ser visto, desejado e vivido — antes na tela, depois na vida real.
Porque, no fim das contas, como já ensinou o nosso cinema brasileiro, os lugares só existem — e só fazem sentido — quando se transformam em histórias. Já dizia Chicó, do O Auto da Compadecida, “não sei, só sei que foi assim”. E que seja assim, cada vez mais, com a cultura e o turismo caminhando juntos na construção de territórios mais humanos, criativos e desejados.
Yuri Benites, diretor de turismo do Itaipu Parquetec
Referências