Você já decidiu em quem votará?

Na reta final de campanha, o número de indecisos diminui e provavelmente os eleitores já tenham se decidido. Leia este e outros assuntos na coluna de Rogério Bonato.

A hora da verdade
Mesmo com toda a gana de uma caminhada eleitoral, os beliscões ao longo do trecho, e, os candidatos se esbarrando aqui e ali; mesmo com as farpas, desatinos, injúrias ao vento e confusões, Foz vive uma “festa” eleitoral como em poucas vezes. Senão é a maior disputa da história, a começar pelo virtual segundo turno. E há debates, entrevistas, propostas, soluções de todos os tipos, das moderadas às utópicas. O problema é, apesar do rebuliço, que está chegando a hora e cada um, dos pouco mais de duzentos mil eleitores, vai moldando o candidato ao seu perfil de necessidades. As águas estão se dividindo para valer e, a luta não é apenas pela conquista de votos, mas para convencer um eleitor cada vez mais ressabiado e, desconfiado.

Diálogo truncado
Se perguntarem a cada candidato, se está fácil convencer o eleitorado, todos dirão que “sim”, porque vestem o manto do otimismo, mas eles sabem que a verdade é o “não”. O eleitor está amadurecendo, é motivado por outros fenômenos além dos problemas da cidade, é influenciado por redes sociais, conversa mais sobre o assunto em casa, no trabalho, nos bares, por onde vai; não acredita tanto nas notícias, se falsas ou verdadeiras; nossos valorosos candidatos não devem subestimar a capacidade de escolha e de análise de quem vai às urnas. É preciso cuidado antes de julgar quem decide.

E a escolha?
Ela é difícil, está além da história, daquilo que cada um fez, da cara de anjo, de cansado, do sorriso colgate. Dos apertos de mão e tapinha nas costas. Pode ser, o eleitor esteja mesmo de olho nos buracos, nas condições do transporte, na falta de vagas nas creches, nas filas dos postos de saúde, na dolorosa espera por um atendimento médico, na falta de lazer, de praças, espaços culturais; por sua vez, há muita gente sentindo a falta de um teto, acolhimento, emprego, o prato de comida; trata-se, em verdade, de uma querência vasta, um compêndio de vida comum, com muitas coisas a se fazer, logo, é preciso saber escolher.

Qual o melhor candidato?
Francamente, este colunista, um humilde observador do horizonte cotidiano, considera que a maioria dos candidatos esboça competência para administrar esta terra abençoada, de tantas dádivas e valores naturais, culturais; de etnias que aos poucos, constroem o perfil de um cidadão de brasilidade universal, diferente de todos os outros. Na visão geral, todos possuem atributos interessantes, mas só será possível escolher um. Que pena, essa gente não se unir e causar o imprevisível, resgatando a cidade das dúvidas.

O candidato perfeito
Olhando o debate, nos surgem ideias estapafúrdicas, como um jogo de quebra-cabeças; uma peça se encaixa na outra, até formar uma ilustração agradável. No fim das contas, todos os candidatos são peças importantes nesse discernimento, mas as pessoas votariam de olhos fechados em alguém com o conhecimento do Paulo em inventar as soluções; no senso de comando, organização e velocidade do General; na paciência, visão de necessidades e jeito de se explicar do Aírton José; no saudosismo e declarações de amor pela cidade do Sâmis; na energia, modernice e concepção econômica do Zé Elias; no bom coração e entendimento ambiental do Sérgio Caimi, e, por fim, na capacidade de afronta contraditória do Latinha, porque até isso faz diferença. Mas infelizmente os candidatos não são bonecos de plástico, como as crianças juntam pernas, braços, cabeças e formam um ser imaginário e de brincadeira. Os adultos, quando tentam algo assim, dão vida a criaturas do tipo Frankenstein.

O que diz a história?
O que a história nos diz? É complicado analisar. Vamos entrar no túnel do tempo e tentar fazer uma rápida constituição desse tecido eleitoral e como se formou. Em 1993, Dobrandino era o prefeito; formou-se uma “frentona” para sucedê-lo e, Harry Daijó e Paulo Mac venceram (1996). Daijó chutou o Paulo e, após quatro anos (2000), eis que surgiu o Sâmis da Silva, que por sua vez, após o mandato, perdeu a eleição para o Paulo Mac, em 2004, que permaneceria no poder ao longo de oito anos e, ao final, trabalhou Chico Brasileiro para a sucessão, o que acabou não dando certo. A cidade preferiu o Reni Pereira, que assumiu em 2013 e aos solavancos, o governo chegou ao final com a vice Ivone Barofaldi. Aí foi o início da turbulência eleitoral, em 2016, onde o Paulo ganhou a eleição e não levou, colocando Inês Weizemann no trono por quase seis meses de agonia. Foi quando Chico Brasileiro, na versão rival do Paulo, ascendeu ao poder (2017), até os dias atuais.

O que dizem os analistas?
As pessoas que conhecem mais à fundo o perfil político da cidade, encaram a linha da história de outra maneira. Dizem que Paulo se afastou de Daijo e ajudou a destruir o governo, enquanto isso, Dobrandino, esperto, construiu a imagem do filho. Paulo calculou o pulo e alcançou o sonho, ou melhor, o primeiro reinado, depois o segundo e, já estava de olho no terceiro, não fazendo muito força para parir o sucessor, o Chico. Reni surgiu, fez o estrago e, tudo estava do jeitinho que o Paulo queria; ele só não contava com a Justiça. O resto todo mundo já sabe. Agora, estamos e frente com a eleição e com várias figuras do passado, seja para a Prefeitura, como para a Câmara.

As velhas águias
Impressionante a revoada de pessoas que estiveram no poder, perto dele, ou de alguma maneira, escreveram o nome da história e, resolveram voltar. Um exemplo é o Beto Koelbel, um nome presente por décadas na vereança e em torno dela. Em boa forma e octogenário, ele distribui santinhos em seus redutos, hoje bem diferenciados dos velhos tempos.

Divisão de pensamento
As pessoas costumam dizer que a “renovação” é importante na política, mas isso não é fácil para os novos. Quase nunca se dão bem nas eleições e, só conseguem colher frutos depois de décadas na militância e exercendo cargos por meio das composições políticas. Até pela competência os novos enfrentam obstáculos. A vocação política não é fácil de se construir por meio dos votos. Todavia, os “velhos”, querem se perpetuar no poder e não dão chance à renovação. É daí que surge o fenômeno de fazer as pernas tremerem na hora do mudar. “Vou votar em fulano, porque a gente já conhece, dizem”. De outra maneira, ainda restam a cicatrizes e exemplos, de votarem em novos, cujo governo foi um desastre.

Foz precisa mudar
Hoje lidamos com essa realidade. Qualquer nome na lista de candidatos sugere mudança. Nada parece se inspirar na continuidade governamental e atual. O conceito de escolha é que é diferente. Ou mudar para o que conhecemos ou arriscar um modelo diferente, acreditando em outras maneiras de gestão. Eis aí a dúvida e onde mora a insegurança da população. Vai falar mais alto o convencimento; com o auxílio da turba e a convicção montada na introspecção, ou seja, o eleitor parar, e, pensar.

O que ocorre?
Se fosse uma corrida de Fórmula 1, daria para observar que Paulo vem na frente, mas o General quer disputar a dianteira, as retas e as curvas. Aquele que parar para trocar pneu corre risco de ser ultrapassado. No segundo pelotão, o Aírton acelera, com o Sâmis colado no retrovisor e, por fim, no terceiro pelotão há um embolo de ultrapassagens e derrapadas. (Isso se baseia no instrumento número TRE/PR – PR-06803/2024 Contratante cujo contratante é o GDia, onde foram ouvidos 600 eleitores, com margem de erro de 4,1 pontos percentuais para mais ou para menos; intervalo de confiança de 95,5%; realizado pela Radar Inteligência). Pronto, falei!

A realidade
É muito provável que os números apurados na pesquisa realizada no dia 09 de setembro (Radar/GDia), com tentativa de impugnação, sejam diferentes. Vale ressaltar que os impugnantes recorreram à Justiça para acessar os dados. Primeiro não acreditam e depois querem ver? Bom, a Justiça disse que podem olhar os dados. E por essas e outras o jornal estuda a realização de mais um levantamento. A pesquisa do GDia se tornou a Viúva Porcina das eleições, “a que foi, sem nunca ter sido”.

Traduzindo…
Paulo ocupa o tempo tentando desfazer os estragos que lhe foram causados, por meio da dúvida se poderia ser ou não candidato. A Justiça diz que sim. Ele trabalha todo o espaço possível para reverter as maledicências eleitorais.

Outra frente
Ao que parece, o General Silva e Luna passou para outro estágio de campanha, e concentra a atenção em falar com sindicatos, organizações, empresas e, com apoio da munição da direita, ou seja, deputados do PL e partidos alinhados ao ex-presidente Bolsonaro.

Aírton
Ele vive o “paz e amor” e não quer não entrar na encrenca, mas não vai desperdiçar a possibilidade de se aproximar dos que estão na frente. O candidato se esforça muito pelo convencimento na base o olho no olho.

Samis
Ele foi à Rádio Cultura e se disse satisfeito com novas adesões, isso baseado em levantamentos de consumo. O candidato deixou um pouco o saudosismo de lado e está partido para cima, aumentando a pegada na reta final.

Zé Elias
O candidato do União Brasil segue elevando o recado e talvez seja esse mesmo o propósito de sua investida política, em dizer que a cidade pode ser administrada de outra maneira.

Caimi
O meio-ambiente e a sustentabilidade são os pontos fortes de sua campanha e certamente algumas de suas ideias chamaram a atenção de outros candidatos. Sérgio leva a vantagem de ser amigo de todos e de não brigar com ninguém. Se não alcançar o segundo turno manterá as portas abertas.

Jurandir Latinha
Ele manterá o contraditório, espalhando no ventilador, porque diz que não possui compromisso com outras coligações. O candidato não é muito chegado em aceitar “voto de protesto”, mesmo assim agradece.

Segundo turno
Já é possível delinear onde essas coligações se espalharão em caso de segundo turno. Tudo nos leva a crer, que dificilmente alguém possa ficar de fora. Isso em Foz seria uma novidade. Uma boa quinta-feira a todos!

Rogério Romano Bonato escreve regularmente para o Almanaque Futuro.