- Por Luiz Henrique Dias –
É evidente que com tanta tecnologia, redes sociais, séries e outras distrações, as pessoas perderam – ao menos um pouco – o hábito da leitura, em especial dos chamados livros físicos. Isso, acredito, em alguma escala, pode ter acontecido no mundo todo, mas no Brasil, onde vivo, suponho, seja mais evidente. E quando se fala em Foz do Iguaçu, ao meu olhar pelo menos, a situação é ainda mais grave. Não vemos mais por aqui muitas pessoas carregando seus livros nas ruas, lendo nos ônibus ou mesmo nas praças, nas sombras das árvores.
Confesso que não tenho interesse em colocar a culpa somente na tecnologia, até porque há na leitura, em especial na leitura de literatura, alguns elementos que são tão singulares que podem atrair mais do que joguinhos ou redes sociais, mas tais elementos precisam ser cultivados, cuidados, construídos ao longo da jornada das pessoas, principalmente na escola e nos espaços de leitura, como bibliotecas.
E é por conta das bibliotecas que faço esse texto: dia desses fui ao prédio onde funciona a Biblioteca Municipal de Foz do Iguaçu, local onde passei boa parte da minha adolescência lendo e pegando livros emprestados, e me deparei com essa cena que ilustra esse texto, onde um livro é usado como peso de porta no banheiro do prédio. Fiquei um bocado chateado com isso e tirei essa foto. Em seguida, ouvi um menino que saia do banheiro gritando para a pessoa adulta que o acompanhava “olha lá, tem um livro no chão”. Fiquei pensando sobre o que estamos ensinando sobre os livros para aquela criança e para as futuras gerações.
Foz do Iguaçu já viu minguar sua feira do livro, que hoje é um evento mirrado, mas que um dia foi grande, recebeu autores e mais autores consagrados e, por um período curto, colocou a cidade no circuito dos grandes eventos literários do Brasil.
Foz do Iguaçu não fomentou os espaços de leitura, não criou salas, não expandiu e não modernizou – e ne digitalizou – sua biblioteca municipal, bem como viu as bibliotecas públicas não estarem por todos os cantos como fizeram as cidades que são amigas dos livros, o que nos renega a não produzir leitores na velocidade em que a leitura poderia ganhar força frente às dispersões.
Foz do Iguaçu não conseguiu se tornar uma cidade literária como a gente sonhou um dia, quando fui convidado para participar do Programa Municipal do Livro, Leitura e Literatura e quando tínhamos grupos de escritores por vários pontos da cidade.
Ou seja, tenho a impressão que viramos a cidade que coloca o livro na porta do banheiro da biblioteca.