Quando é que Foz do Iguaçu vai virar mar?

Em sua coluna, Rogério Bonato aborda os comentários sobre o degelo e a chegada do mar, o preço do cafezinho e vários outros assuntos e faz uma homenagem ao amigo Clauri Ferrari, que deixa o Grupo Muffato após 35 anos de dedicação.

Saúde é saco sem fundo
Mais 1,2 bilhão para nutrir o atendimento na Saúde dos paranaenses. E resolve? Quem conhece do assunto diz que não. Mas sem esses aportes a situação só vai piorar. A Saúde pública é um problemão em todo o mundo, afinal. As populações aumentam, os problemas ambientais alastram, as doenças proliferam, e cada lugar tem as suas características e necessidades. Não demora, os impostos serão convertidos somente o plano de saúde dos brasileiros e o restante corre risco de ficar de lado.

Manifestações
Este colunista recebeu uma penca de mensagens de gente pró e contra as manifestações pela anistia dos envolvidos no 08/01. O interessante são as comparações, com outros processos de anistia no passado. Agressões à história é o que em geral, nunca falta nesses embates. Chega a ser complicado emitir opinião, mas como o espaço é aberto a todos, vamos lá: o leitor A.M.B.B (pediu para não ter o nome publicado escreveu que “no passado anistiaram ladrões, corruptos, estupradores, terroristas e hoje não querem soltar mães de família, velhinhos e pessoas contrárias a posse de um…”. Faça o favor né? Os ladrões e afins, não foram à Brasília depredar o bem público e nem praticaram um vandalismo sem precedente contra a Constituição e os Poderes. Há esse diferencial em julgamento. Mas aqui entre nós, o caso é perdoar a ignorância e essa gente já amargou um bom tempo pelos atos praticados. A Justiça é quem vai decidir, independentemente a formação da opinião e o pensamento da maioria da população.

Crime terrível
No Brasil isso parece ser novo, embora a Constituição seja clara quanto ao vandalismo ou a depredação do Patrimônio Público. Mas se pesquisarem, descobrirão que nos Estados Unidos, por exemplo, se alguém quebrar uma pia, ou vaso sanitário de um banheiro público, pode ser sentenciado a prisão perpétua, porque o bem coletivo é considerado muito importante. Veremos como isso será tratado no Brasil. Donald Trump fez uso da Constituição dos EUA, no artigo 2º, seção 2, cláusula 1, que confere ao presidente poderes para conceder perdão por crimes federais, o que restabelece os direitos civis dos autores. Vale relatar, que isso não significa que o beneficiado seja inocente. O perdão retira restrições civis, como limitações ao direito de votar, concorrer a cargos eletivos e participar de júris, e facilita a obtenção de licenças, seguros e empregos. Em alguns casos, elimina os fundamentos legais para deportação. O presidente dos EUA ainda pode conceder remissão, ou a extinção das obrigações financeiras impostas pela sentença, e adiar o cumprimento da penalidade.

E no Brasil?
O presidente da República pode perdoar a pena por meio de graça (artigo 5º, XLIII, da Constituição) ou indulto (artigo 84, XII, da Constituição). Ambos os benefícios extinguem a punibilidade e só podem ser outorgados após o trânsito em julgado da sentença condenatória. É diferente dos E.U.A. Segundo pesquisa, “a graça é concedida a pessoas específicas. Quem tiver interesse na obtenção do benefício deve requerê-lo ao conselho penitenciário. Este órgão enviará o pedido ao Ministério da Justiça, que irá elaborar parecer e submeter a decisão final ao chefe do Executivo federal”. É mais ou menos assim que funcionam os indultos de Natal, quando um monte de aninhos sai para ver a família e dão no pé da penitenciária. Voltaremos ao tema, certamente.

Preço do café
“Antigamente consumíamos o café Caboclo, porque era mais barato e com marca tradicional, em torno de R$ 12,50. A situação melhorou um pouco e mudamos para as marcas Melita e Três Corações ao preço de RS 18,00. Ontem fui ao mercado e isso custava quase R$ 40,00? O que acontece hein? E um detalhe, não vendem as embalagens 250 gramas, só de 500. Tiraram das gôndolas. O produto descafeinado, indicado para algumas pessoas beira R$ 50,00, o que é um absurdo. Será que terei que plantar o café, torrar e moer, para economizar?”, escreveu a dona Julia G. B. Silva. Realmente o preço do café anda muito alto. E o cafezinho também. Quem mantém o hábito de pedir um expresso, acompanhado de um pão de queijo e chamar um amigo, vai desembolsar entre R$ 38,00 a R$ 52,00, dependendo a cafeteria.

O que passa?
Não houve outra saída que não fosse ler as revistas especializadas. O aumento do preço do café no Brasil se deve a uma combinação de fatores: crise climática, a redução na produção, a qualidade dos grãos e o aumento das exportações. Isso tudo mexeu com as bolsas no produto pelo mundo. Em nosso país, a safra desde ano deve melhorar cerca de 4%, mas Minas Gerais, o Estado que mais produz, terá queda aproximada de 12% o que bagunçará mais ainda os preços.

Moer?
Isso só mesmo no sonho. O café em grãos é bem mais caro e para o preparo gastamos luz com o moedor e precisa ser craque para achar o ponto certo de preparo. Ainda acaba saindo mais barato ir comprar o café no supermercado. Antigamente a gente ia no armazém do “turco” e ele vendia por quilo, aí saía mais em conta, porque não havia o custo da embalagem e era possível comprar 100, 200 gramas, que o dono não fazia cara feia e ainda anotava na caderneta.

E o peixe?
Se o café anda caro, o que dizer os pescados, ainda em épocas de forte demanda, como é a Quaresma. E tem gente estocando peixe, disse um comerciante. O movimento aumentou e diante disso, como medo dos preços, muita gente reforça os freezers, com medo do que poderá acontecer mais perto da Semana Santa. Se depender do alarde que fazem sobre o aumento dos combustíveis será difícil comprar até sardinha em lata. A melhor saída será mesmo ir pescar na lagoa e correr o risco de ser comido pelo jacaré.

Ele reapareceu
Um leitor enviou mensagem: “estava tranquilamente curtindo uma sombra no Lago do Monjolo e eis que ao olhar para o lado levei um baita susto que cheguei a ficar congelado: tinha um baita jacaré com a bocona já aberta, pronto para me dar uma dentada. Caí no mundo de medo e quando voltei, ele não estava mais lá. E pensar que eu sempre levo a netinha junto quando vou pescar, sem saber que ela corria o perigo de virar petisco”, escreveu Alaurindo J. Vieira, aposentado e que mora nas imediações. Ao que se sabe, os jacarés ainda habitam, a lagoa e não se sabe de ataques. Eles ficam no gramado da margem de boca aberta, para pegar sol, explicou um biólogo que adverte para evitar mexer com as criaturas.

Complexo Médico Penal
“Prezado colunista, falou você escrever que CMP do Paraná fica no alto da Serra do Mar, ao lado da Estrada da Graciosa, onde o ar é bastante puro e indicado até aos que precisam fazer tratamento pulmonar. O lugar é um sonho de consumo dos presidiários”, escreveu L.A.S. Por outro lado, “M.V.C.S” relatou que os Complexos Médicos “não são uma Brastemp que o povo anda pintando, sei porque já fiquei ‘internado lá’ por mais de seis meses e é cadeia igual as outras, sem moleza e a gente ainda precisa trabalhar dobrado”. Bom é para lá que vai o Jorge Guaranho e foi ele quem motivou os comentários.

Praia em Foz?
Prezado colunista, li notas que publicaste sobre uma simulação do nível dos oceanos, caso todo o gelo das calotas polares derretesse. Veja, isso não foi realizado por qualquer um, o assunto leva a assinatura da Geographic Universal, uma organização de respeito. Mas há também o FloopMap, um site onde você digita a quantidade de metros e ele oferece uma ilustração. O desenho enviado é com o suposto acréscimo de 250 metros a mais, no nível dos oceanos. Pensa, se isso acontecer de verdade, teremos sim praia no Porto Meira! (Foto).

Pearl Meira Beach
Aí sim o cenário estaria completo! Muita gente vive dizendo que só faltava um mar em Foz do Iguaçu, para completar a lista de atrativos! Realmente o assunto está dando o que falar, mas a felicidade dura pouco. A ciência explica que se toda a água do planeta fosse parar nos oceanos, até mesmo as que estão submersas, o nível não superaria entre 60 a 70 metros. É o que diz a Nasa, logo, não seríamos banhados por água salgada em Foz do Iguaçu.

E se fosse?
Simular o nível dos oceanos até não foi uma tarefa difícil. Agora, simular como será Foz, caso o mar avence até a cidade, aí isso já exige umas doses de humor e conhaque Dreyer. Para começo de conversa o Blue Park faliria! O povo iria farofar na beira do Iguaçu e Paranazão. Balneário Camboriú, submerso, incorporaria arranha céus na fronteira. Itaipu teria que trabalhar para inverter a entrada de água nas turbinas, uma vez que o mar desaguaria no lago. O General Silva e Luna enviaria para a Câmara um projeto alterando o nome da Avenida Beira Rio, para Beira Mar, o que desagradaria os colorados iguaçuenses. O Bar do Juca abriria uma filial na praia. Os turistas iriam ao Marco das Fronteiras fotografar as baleias! O Porto Meira não seria tão mudado, porque como está hoje, só se vê boias do lado de fora do comércio. Os muambeiros acrescentariam as roupas de banho na bagagem e o visual seria como a Praia Grande, em São Paulo, nos anos 70, apinhada de banhista admirados em ver o mar pela primeira vez, enterrando melancias na areia da praia. A prefeitura fará mutirão para recolher restos de marmita e o povo espetaria os pés em osso de frango. Mulheres entrariam nos supermercados exibindo a bunda, usando “fio dental”; no caso de Foz, estaria mais para “cordão cheiroso”. Pensa os ambulantes vendendo pollo, chipa e sopa paraguaia na costaneira? Seria uma baita esculhambação. Uma barbaridade! Como hoje é sábado, também não custa nada imaginar!

Aeroportos lotados
Enfim, com o enchimento dos oceanos, Foz do Iguaçu faria concorrência ombro a ombro com as praias nordestinas, aumentando em três vezes os voos diários! Aliás, este colunista recebeu uma informação de cocheira e foi conferir para saber se era verdade! Segundo o portal Aeroin, a “CCR deve vender sua participação em 17 aeroportos brasileiros”. Mas nem faz tanto tempo que privatizaram esses locais e o que estaria acontecendo? É uma informação, no mínimo, de se estranhar.

Pior, é verdade
Segundo o portal, “as concessões de dezenas de aeroportos brasileiros podem mudar em breve, com a possível saída da CCR da administração de 17 aeroportos no país”. A empresa analisa a possibilidade de desfazer os ativos aeroportuários, e para isso espera “passar o ponto”. Hoje a gigante do setor administra Bacacheri, Curitiba (PR), Bagé (RS), Foz do Iguaçu (PR), Goiânia (GO), Imperatriz (MA), Joinville (SC), Londrina (PR), Navegantes (SC), Palmas (TO), Pampulha, Belo Horizonte (MG), Pelotas (RS), Petrolina (PE), São Luís (MA), Teresina (PI) e Uruguaiana (RS). No exterior, a CCR está em Curaçao (na ilha holandesa do Caribe), San José (Costa Rica) e Quito (Equador). Os 20 aeroportos sob a gestão, movimentam cerca de 43 milhões de passageiros por ano.

O que dizem?
“De acordo com a Bloomberg, a CCR está passando por uma reestruturação interna e pretende simplificar seu portfólio, deixando o setor aeroportuário para focar mais em mobilidade urbana, incluindo rodovias e trens urbanos/metrôs. Para viabilizar a venda dos ativos, bancos e financeiras como BTG Pactual, Goldman Sachs, Itaú Unibanco e Lazard já estariam envolvidos na negociação. A expectativa é de que a venda seja feita de forma integral e que ao menos seis empresas estejam interessadas no negócio”.

E como é que fica isso?
A ANAC e o governo ainda não se manifestaram sobre a possível venda das participações da CCR nos aeroportos, sem a realização de um novo leilão. E não vã fazer nada? Ou ficarão quietinhos, mediante o pagamento da outorga? Há também as obrigações contratuais, a expansão e manutenção dos aeroportos. Francamente isso se parece bastante com as transações de mutuários das casinhas próprias; o povo implora por um teto e depois de receber a habitação, vende para o primeiro que aparece. A diferença é que a CCR não vai voltar a morar na beira do riacho. Fazem um barulho danado para as concessões e depois se mudam, sem dar muita satisfação. Bom, o mundo dos meganegócios é assim mesmo.

Mudanças de nomes
O caso da mudança de nomes de estruturas na área de Saúde está dando o que falar. A novidade é que há vereador pensando em pedir a formação de uma comissão para analisar todos os nomes de ruas e edifícios públicos em Foz do Iguaçu. Isso anda causando arrepio em muita gente. “Só faltava essa, mudarem os nomes das ruas, essa gente precisa achar o que fazer. Trabalhei cerca de 25 anos nos Correios e toda a vez que mudavam o nome de uma rua era aquela dor de cabeça. Sabia que tem rua que já mudou três vezes de nome em Foz? E os vereadores que resolvem batizar praças e edifícios com os nomes do parentes, gente que nunca fez nada pela cidade?”, desabafou a servidora L.B.C, que pediu que o nome, obviamente, não fosse publicado.

O caso das UBS’s
Disseram a este colunista que o General Silva e Luna pediu informação sobre a questão dos nomes nos postos de Saúde na área Sul, com a intenção de “não cometer injustiça com os homenageados” e pessoas que algum dia foram importantes para as comunidades, como é o caso do padre Ítalo. Um leitor (Luiz D. Ruiz) enviou uma mensagem: “prezado colunista, batizar o Poliambulatório com o nome de Padre Ítalo Paternoster não causa demérito algum. Pelo contrário, ele foi importantíssimo para a existência do hospital e nada mais juste em homenageá-lo lá”. Outras pessoas enviaram mensagens assim e alguém revelou que a mudança da denominação surgiu de funcionários antigos da instituição. Mas o caso não é somente esse, e sim, o leva e traz de informações sobre os nomes das estruturas, o que dá um nó na cabeça dos usuários.

Dona Cândida Anzoategui Peters
O fato é que a mudança de nome do posto de saúde tocou muita gente e causou tristeza, levando em consideração a dedicação do padre Ítalo em construí-lo. Mas essa ciranda da troca de nomes, acabou cometendo outra injustiça, ao mudarem a nominação do Posto de Saúde do Ouro verde, que se chamava “Cândida Anzoategui Peters”, muito lembrada em toda a cidade. Faltou sensibilidade com a questão, uma vez que a homenageada trabalhou como parteira em Foz, por mais de 50 anos, de 1903 a 1955. Ela também foi voluntária por mais de 20 anos na Santa Casa Monsenhor Guilherme. Vale imaginar, que muitos pioneiros nasceram pelas mãos dela. A mudança do nome ocorreu quando o posto do Ouro Verde foi parar ao lado do CAIC do Porto Meira. A memória não pode ser assim tão frágil e desprezível com as pessoas que formaram o alicerce da nossa sociedade.

Diretoria de Cultura?
“Prezado colunista, sei que foi você quem inventou esse assunto de colocar um diretor de Cultura na Fundação Cultural. Lembro bem o dia em que foi defender isso na Câmara e disse: “uma fundação sem um Diretor de Cultura é avião sem piloto”. Me desculpe, mas o senhor não era o presidente? Neste caso era o piloto. Comissário de bordo que não era. Logo, essa encrenca toda que está acontecendo, a culpa é tua, que inventou o cargo. Se eu fosse o General Silva e Luna e o atual diretor-presidente da Fundação Cultural, Dalmont Benites, reuniria o Conselho de Cultura, chamaria os procuradores do Município e partiria para a extinção dessas diretorias que não servem para nada. No seu tempo havia os cargos de Diretor Presidente e o Secretário Geral, um cargo que era preenchido com muita competência pelo Adilson Pasini. Olha quantas coisas fizeram sem uma penca de diretores enchendo o saco e criando confusões? Tudo o que há até hoje, foi realizado com aquela estrutura: a Feirinha da JK, Feira do Livro, Carnaval, dentre outras”. Maria A. F.C. Braga

Questões de futuro
Prezada professora, deixa eu defender o assunto. A criação da diretoria de cultura aconteceu bem depois da minha gestão (Rogério Bonato). O cargo, aliás, já existia e foi extinto em gestões anteriores. A função foi retomada, atendendo ao pedido do setor Cultural e assim, o Juca Rodrigues passou a deliberar na pasta. Os tempos mudam e claro, a prefeitura deve estar de olho na situação. Pode ser, não nomeiem outro ocupante para a diretoria, ou abram o espaço para os servidores concursados, o que é muito justo. Ao que se sabe, o Dalmont aguarda um parecer técnico para deliberar com segurança.

Sem a Fundação
Há um outro burburinho correndo solto nos bastidores. Eles dizem que o General Silva e Luna e técnicos do governo já não eram muito favoráveis em manter a Fundação Cultural e que o projeto seria fazer da pasta, uma diretoria da Secretaria de Turismo. Uns acreditavam, que deveria ser na Educação. O fato é que a discussão ocupou dias antes da posse e apelaram pela manutenção, ou existência da Fundação, para gerir a construção do futuro Teatro Municipal, aos moldes da Fundação e Teatro Guaíra. Teria sido uma ideia inclusive, mede governo do Estado. Vai lá saber, se depois da confusão que se formou, com a exoneração do Monank, não resolvam retomar os antigos planos?

Administração direta ou indireta?
O modelo de Fundação Cultural é o de administração indireta. Há quem sustente, que a administração direta, ou seja, no formato de secretaria, seria mais fácil captar recursos e realizar convênios com o Estado e governo Federal. Mas há dissonância nesse princípio e pode ser, a Cultura acabe em nenhuma das duas figuras.

Seo Ferrari
Confesso a emoção ao receber uma mensagem de despedida do amigo Clauri Ferrari, gerente da rede Super Muffato em Foz do Iguaçu, depois de 35 anos de labuta; foi muito amável com as palavras, lembrando a velha amizade e em detalhes, para ele marcantes. Não há como deixar de devolver tanta gentileza, e, mencionar, que sem o seu senso de compromisso social, profissionalismo, organização, bom coração, diplomacia para com a cidade, sua gente e seus vários setores, muitos eventos não existiriam e não se tornariam referência, tradição ou bens culturais e sociais.
Posso com todas as letras escrever sobre a Canja do Galo Inácio. Imaginem organizar um evento para atender o Carnaval, e, reverter a renda para uma entidade social e carente, em uma operação que envolve centenas de voluntários e necessita bem mais que uma tonelada de alimentos? E como seria realizar uma primeira iniciativa assim, em cima do laço? Ocorreu-me ir falar com a rede de supermercados. De cara encontrei o Ferrari na porta da unidade que fica ao lado do Batalhão. Nem sabia ao certo o que pedir e contei-lhe o projeto, ainda sem uma formalização.
Lembro bem o dia, porque anotei. Foi num domingo, 21 de janeiro. O gerente disse: “em cima da hora, Bonato, mas entendi, vamos adiantar isso e fazer agora mesmo uma lista”. Quando comecei a relacionar os produtos ele deu risada. “Vai fazer canja para a cidade toda?”. Sei que corri para o escritório, formalizei um pedido e quando cheguei com o papel no supermercado ele tinha a resposta. “Vamos apoiar, mas quando chegar o Dia da Bondade”, você dá uma força, tá bem assim?” E a Canja do Galo Inácio foi um sucesso.
Nos anos seguintes, era o Ferrari quem ligava no início do ano cobrando a cartinha e a relação de alimentos. Ele é sim um dos fundadores do evento, porque além de convencer a diretoria da rede sobrea sua importância, ajudava na decoração das barracas, comparecia aos lançamentos, e sempre ajudava com os imprevistos, porque em realizações assim, eles não faltam.
Certa ocasião, fui ao supermercado, como aliás sempre fazia. Vi o Ferrari meio cabisbaixo, e alonguei a conversa. Isso faz uns dez anos. Me disse que a tarefa era muito árdua, trabalhava bastante, incluindo finais de semana, feriados, e, naturalmente isso acabava pegando no lado pessoal, porque o corpo e a cabeça precisam de um tempo. Mas não se tratava de uma reclamação e sim “reflexão”. Ele foi em frente e encontrou uma maneira de equilibrar o bastão e aquela conversa foi importante também do meu lado, porque somos abnegados com o que fazemos e, esquecemos que há vida lá fora.
Comentei o caso com alguns amigos e, senti que todos esboçaram imediata preocupação. Ferrari era e é admirado por muita gente. Em outra ocasião, em reunião no Provopar para tratar de outra Canja, disse para a Nanci Rafagnin que iria conversar com o Ferrari para tratar dos alimentos. Ela disse: “Rogério, às vezes tenho até vergonha de pedir as coisas para ele, porque só neste ano, ela já nos ajudou em uma penca de eventos” e mostrou a lista. Impressionante, o zelo da rede com o lado social da cidade e certamente muita gente não faz ideia disso. Esse diferencial tem nome: Clauri Ferrari!
Desejo ao amigo um descanso, a merecida aposentadoria, mas qual o que? Se alguém pensa que ele vai descansar se engana. Disse em bom tom: “vou encarar uma nova etapa da minha vida e estou aqui pensando o que vou fazer. Ficar parado é que não vou”. Feliz da cidade que pode contar com uma rede supermercadista tão acolhedora e, na sua linha de frente, alguém tão comprometido com o zelo institucional! Desejo um bom dia ao amigo e muitos outros, cheio de felicidade ao que virá!


Rogério Romano Bonato