Postos de saúde lotados, mas a taxa de imunização é baixa.
O cidadão cobra, mas e quando ele não colabora? Se vacinar, cuidar dos resíduos e estar de acordo com o meio ambiente são ações importantes.
O lixo que volta em forma de vírus
Não faz uma semana que alertamos para o lixo largado em áreas verdes, terrenos baldios e até no corredor turístico de Foz do Iguaçu. Mesmo com coleta regular — três vezes por semana! — há quem prefira a incivilidade. O resultado vai muito além da paisagem feia: há um elo direto entre o lixo e o avanço de endemias. Dengue, leptospirose, doenças virais se multiplicam no rastro da sujeira, alimentando uma cadeia de infecção que deságua nos leitos dos hospitais. E pasmem: depois de agirem com tamanha displicência, os mesmos autores dessa degradação têm a audácia de reclamar do sistema de saúde nas redes sociais.
Entre sacolas e seringas
O que pesa mais para a saúde pública: o saco de lixo jogado em local indevido ou não se vacinar? Difícil dizer. A irresponsabilidade é gêmea. Em Foz do Iguaçu, por exemplo, a baixa adesão vacinal contra a gripe está amplificando o impacto de surtos respiratórios. De outro lado, o lixo acumulado ajuda a disseminar vetores. O efeito combinado é devastador: filas nas UBS e UPAs, aumento na ocupação de UTIs, colapso em plantões. E quando a saúde pública não dá conta, os mesmos que se negaram a se imunizar ou descartar corretamente os resíduos se tornam os primeiros a gritar por atendimento de qualidade. Estamos diante de um ciclo vicioso, alimentado pela ignorância e pela negação da responsabilidade individual.
Saúde pública: um poço sem fundo?
O sistema de saúde no Brasil virou um poço sem fundo — ou sem resultado. Quanto mais se investe, mais escancaradas ficam as deficiências. E não é só culpa dos gestores. É verdade que há falhas gritantes de gestão, desperdício de recursos, contratos mal fiscalizados e corrupção endêmica. Mas não é só isso. A equação da saúde também envolve a colaboração da população, que frequentemente negligencia a própria parte: não se protege e aumenta os riscos. Sem essa correção de comportamento, nenhum orçamento será suficiente. A saúde pública adoece também pela irresponsabilidade social.
Reclamar é fácil. Prevenir, nem tanto
Reclamar virou esporte nacional. Mas colaborar com a solução, isso é difícil. A tragédia da saúde pública não é apenas reflexo da má administração ou do subfinanciamento crônico do SUS. Há um componente cultural de desprezo pelas regras mais básicas de convivência e bem-estar coletivo. Quando alguém joga lixo no mato ou recusa uma vacina gratuita, está assinando — simbolicamente — o caos no atendimento que logo irá criticar. Há algo de cruel em transferir toda a culpa ao sistema, quando parte do colapso nasce da omissão cotidiana. Sem participação ativa e senso de comunidade, não haverá reforma que baste. A saúde que a gente exige começa pela saúde que a gente promove.
O ovo de ouro e o salário cru
Mudando de assunto: o empresário Ricardo Faria, conhecido como “Rei do Ovo”, literalmente botou um debate quente no ventilador. Ao afirmar que “contratar no Brasil é um desastre” porque “as pessoas estão viciadas no Bolsa Família”, o bilionário trocou empatia por empáfia. Seu império avaliado em mais de R$ 17 bilhões não o impediu de pagar salários médios 14% abaixo da média nacional, impondo ainda moradia obrigatória nas granjas, quase como um retorno ao feudalismo em versão caipira. Com R$ 1.670 por mês, o trabalhador pode até fritar o próprio ovo, mas não paga a fatura de dignidade. É fácil culpar os pobres quando se enxerga a realidade do topo da empilhadeira de paletes. Difícil é admitir que, às vezes, o que falta mesmo é salário justo e condições humanas de trabalho.
O que veio antes: o Bolsa ou o bico?
No Brasil, essa história de que o Bolsa Família desestimula o emprego já virou ovo mexido. Quando empresários se revoltam com programas sociais, talvez estejam olhando para o lado errado do galinheiro. O que desestimula mesmo é a vaga com salário baixo, zero perspectiva e exigências questionáveis, como se os empregados fosse parte do plantel. O apoio social, mesmo com falhas, evita que milhões entrem em miséria profunda — e não é o responsável por quebrar a lógica de mercado, mas sim o freio que impede o abismo. Se todo empregador oferecesse salários justos, jornada equilibrada e respeito, talvez nem precisássemos da eterna pergunta sobre o que veio primeiro: o ovo, a galinha ou a hipocrisia.
Respeito em cada gesto
A visita da princesa Kako de Akishimo às Cataratas do Iguaçu, como parte das celebrações pelos 130 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Japão, foi marcada por elegância e reverência. Com uma fala breve, mas carregada de simbolismo — “Expresso meu profundo respeito aos imigrantes e seus descendentes” —, a princesa homenageou uma trajetória de sacrifício, superação e dignidade. Os primeiros japoneses chegaram ao Brasil em condições extremamente duras, fugindo de uma crise rural devastadora, enfrentando até 60 dias de travessia marítima em porões de navios como o lendário Kasato Maru. Ao lado de italianos, alemães, poloneses, ucranianos e tantos outros povos, construíram com suor e disciplina parte essencial da identidade brasileira. A fala da princesa reforça um valor profundo da cultura nipônica: o reconhecimento silencioso e nobre pela história de quem planta semeando o futuro.
A honra dos que vieram de longe
Não é todo dia que uma princesa visita Foz do Iguaçu — e muito menos alguém como Kako de Akishimo, representante de uma cultura milenar que valoriza a memória e o trabalho com sobriedade. A passagem da princesa pelas Cataratas foi também uma celebração da contribuição da comunidade nipo-brasileira ao país.
Terra do Sol nascente
Vindos do outro lado do mundo em tempos de escassez e adversidade, os imigrantes japoneses encontraram aqui um chão duro, mas fértil. Com paciência, método e respeito à terra, fincaram raízes profundas, moldando hábitos, inovações e valores. A honra, a perseverança e o senso comunitário estão entre os legados mais notáveis dessa presença. Quem sabe agora, com a visita ilustre, os ventos tragam mais turistas nipônicos para contemplar o Parque Nacional do Iguaçu, esse santuário onde a natureza se ajoelha para ser admirada.
Embala Brasil!
Iván Duque, ex-presidente da Colômbia, trocou os palanques pelos pickups e agora faz sucesso como DJ — sim, é um DJ famoso! Ao invés de conspirar nos bastidores ou alimentar polarizações, ele resolveu remixar hits e levantar a pista de dança. Um belo exemplo de como a política poderia ser mais leve… ou pelo menos mais dançante.
Vai que cola?
Fica a dúvida: se essa moda pega por aqui, que som embalaria nossos líderes? Lula, com seu carisma e molejo, talvez fosse de forró pé-de-serra. Já Bolsonaro, com seu séquito ruralista, poderia virar o “DJ do Agro”, soltando batidas ao som de berrante remixado e sertanejo de raiz. E quem sabe, no fundo, fosse até melhor assim: menos discursos inflamados, mais sets animados. Afinal, quando os políticos largam o microfone e pegam no vinil, a cultura — e a saúde mental da nação — agradecem.
Zum-zum na política
A população coçou a cabeça e certamente outras partes do corpo ao saber da aprovação de um auxílio-alimentação para os servidores do Legislativo, sobretudo quem ganha entre quase R$ 12 mil e R$ 19,5 mil. Certamente o auxílio, nossos valorosos auxiliares legislativos não correm o risco de privações, tampouco deixarão de passar a manteiga nas duas fatias do pão. Puxa vida. E é bom que o Legislativo se esperte, porque há um recente trabalho que aponta grande descontentamento da população, embora o pouco tempo de exercício. Se, agregar crédito ao setor político é uma meta, estão transitando na contramão.
Programa do Deoclécio
Já no meio dos preparativos do churrasquinho, aos domingos, eis que deu para assistir os dois primeiros episódios do “Paraná da Gente”, que é comandado pelo meu amigo Deoclecio Duarte e pela jornalista Jéssica Laine. É um programa muito variado e chama a atenção porque sai fora da faixa do esporte ou da música sertaneja, em geral a programação dos concorrentes. A dupla vai a campo e mostra um pouco de tudo, quando o assunto é um olhar para as cidades, o que há de bom e também ressaltar como andam as administrações. É um programa muito bem produzido e com a mão do Mário Cezar, com longa experiência e sucesso em tudo o que propõe. O Paraná da Gente vai ao ar às 10 horas do domingo, pela Rede Massa. Sucesso aos amigos! A sintonia é garantida!