Perimetral Leste: São Tomé que me desculpe, mas eu vi com meus próprios olhos
Em plena sexta-feira preguiçosa e chuvosa, desmenti boatos, venci a incredulidade geral e percorri — de cabo a rabo — a nova Perimetral Leste. Spoiler (a palavra do momento): ela existe sim e funciona.
Aos incrédulos de plantão, comunico com entusiasmo quase cívico que, contrariando a meteorologia e a vontade de permanecer no café, decidi testar pessoalmente a tão falada Perimetral Leste, inaugurada nesta quinta-feira pelo governador Ratinho Júnior, o general Silva e Luna e comitiva de autoridades das estradas.
Logo cedo, como faço diariamente, fui surpreendido por um dilúvio de “diz-que-diz-que”. Segundo as más línguas — sempre elas — a obra estaria “pela metade”, “incompleta”, “só para inglês ver”. Como bom morador da bela Zona Sul, bem no entroncamento da BR-469 com a Perimetral, resolvi convocar meu São Tomé interior e ir atrás da verdade: “ver para crer”, porque só crer já não estava dando.
Pois bem: fiz o contorno das obras da BR-469, usei a alça do novo viaduto e segui em frente. Passei sobre a Felipe Wandscheer, República Argentina e afins, avistei o complexo penal, o acesso para a BR-277 e, mais adiante, o viaduto que permite retornar à cidade. Confesso que não entrei no desvio para a BR (senão seria difícil retornar) e não saberia informar se está aberto (A TV diz que não). Voltei um pouco antes, percorri de novo a pista em sua total extensão, conferindo com zelo de auditor popular e contribuinte. Até a área industrial parecia renovada — ou talvez fosse meu bom humor testemunhal.
Não foi um dia tão radiante para a fauna local: encontrei dois gatos, um gambá e um tatu que sucumbiram à pressa alheia. Registro aqui o pesar. A engenharia avança, mas a educação no volante ainda tropeça.
O retorno após o viaduto me permitiu acessar novamente a BR-469. Percebi que seria perfeitamente possível seguir em frente até as aduanas — e em outro momento o farei, já com o espírito explorador devidamente recarregado.
É verdade que faltam alguns detalhes: plantio de grama, ajardinamento e aquele polimento urbanístico que dá o acabamento final. Mas a pista está lá, inteira, operante, sinalizada, com guardrails e movimento intenso já nas primeiras horas da manhã. Curiosos, claro — mas curiosos da melhor espécie: aqueles que querem celebrar o novo.
E o fato é simples: agora (ou em muito breve) é possível seguir para Curitiba ou para o Oeste sem atravessar o centro da cidade. Só isso já vale este texto.
Resta-nos torcer pela finalização dos trechos pendentes da duplicação da BR-469 — ou, ao menos, dos acessos essenciais que darão mais conforto a moradores, turistas e trabalhadores dessa via que abriga hotéis, parques temáticos e nos conduz ao maior cartão-postal do mundo: as Cataratas do Iguaçu.
Para hoje, basta celebrar: a Perimetral Leste está viva, entregue e funcionando. Detalhe: sem banda de música, rojões e o festerê de sempre. Acabei de ver e usar. Bom dia a todos!

Rogério Bonato é articulista exclusivo do Almanaque Futuro
