Os finais de ano e ato de lembrar e relembrar
Uma singela mensagem para todos os amigos e leitores. Antes, os nossos mais sinceros agradecimentos.
Depois de fazer um balanço de nossas atividades, eu e Eliane tiramos uns poucos dias para mudar de ares, depois de quase quatro anos. E, durante a viagem, entre a atenção da estrada, ruídos do automóvel, pneus, as placas de sinalização e paisagens, sempre existem uns minutos de silêncio, e é quando brotam as reflexões.
As lembranças afloram e, com o tempo, as lições são mais claras e sintomáticas. E pelo caminho vamos conversando o que foi bom, ou ruim, enfim, sobre todas as coisas e como trataremos de melhorar, evitando os sobressaltos e os sustos que a vida nos prega. Imagino que isso aconteça com todos os que desligam e se põem a pensar.
Entre as conversas, não há como deixar de lidar com a dor quando os amigos se vão, afinal, constatamos que vamos ficando sozinhos. Penso em quem de alguma maneira acaba sem ninguém. Será que há remédio para a solidão ou solitude? Ele não existe e esses “males” nos põem a sofrer. “Solidão é doença”? Alguém pode perguntar. A solidão é a inexistência. A doença advém das razões de se tornar solitário; com os traumas e as suas consequências. A solidão é uma tragédia. Já a solitude é uma opção.
E o que nos leva a isso? As mazelas, decepções, necessidade de introspecção, a busca pela existência? É experimentar e saber. Pessoalmente não gosto das duas coisas, nem da solitude e muito menos da solidão, o bom mesmo é viver cercado de gente, bichos, árvores, e tudo o que há. Aí sim haverá a vida e com ela, a felicidade. Ué? O Tom Jobim define isso com melodia: “é impossível ser feliz sozinho”.
Eu e Eliane optamos em viver assim, cercado de cães, gatos, peixes, ipês floridos, plantas de todos os tipos e, agradecemos a tudo, todos os dias. É uma dádiva encontrar razão e buscar a felicidade em todas essas coisas, mesmo que por várias razões aconteça alguma tristeza. Mas é muito melhor “ser alegre, do que triste”. Por isso fazemos uma festa a cada vez que nos reunimos com amigos.
Alguém disse: “o mundo é o que sai da nossa cabeça e interage com as outras”. É uma definição meio egoísta, porém uma verdade social. A idade nos impõe desafios e a tristeza custa caro, porque é difícil repor alegria; em 2023 não gastamos tristeza ao perder parentes; os que restam sobreviveram, graças a Deus, mas, saber que vários amigos não superaram a jornada, isso sim dilacera.
E ficamos lembrando cada um, famoso ou anônimo, rico ou pobre, chato ou alegre, próximo ou distante; todos farão sim, muita falta. Não há nada mais importante no mundo, além dos que estão à nossa volta; são os tesouros que muitas pessoas ainda não descobriram e, de certa forma, ignoram. Hoje mesmo conferimos a lista de amigos no celular e não soubemos o que fazer e nem dizer ao surgir o número de alguém que já morreu, para quem enviaríamos esta mensagem, comprimindo afeição e alargando a saudade.
Não há pecado maior do que esquecer um amigo; não há indulgência frente uma barbaridade dessas. Pedimos perdão se alguém se sente por nós abandonado, ou triste pela ausência que às vezes causamos. Todos os nossos amigos estejam certos: vira e mexe, aparecem em nosso pensamento, em nossa lembrança, com estima, valor, respeito e tudo o de bom que merecem.
É com um espírito assim que vamos encarar um novo exercício, e que venha esse tal 2024, período convencionado como um novo ano, de 12 meses e 366 dias, porque será bissexto. Será outra jornada rápida, cada vez mais, à medida que envelhecemos.
Que bom se no curto período, todos encontrássemos otimismo, com a bola rolando para frente, e, partíssemos em busca de eficiência nas coisas boas? Infelizmente, sabemos que isso não será assim e, sempre, conviveremos com a mediocridade, ambição, guerras, ameaças e a revolta da Natureza, a que tanto maltratamos. Sonhamos com o acordar da humanidade, em busca das estrelas e da inovação, provendo o conforto, reduzindo as desigualdades, lutando contra a fome ou a dor. Firmemente ainda conseguimos crer nessa possibilidade e é a mensagem que eu e Eliane enviaremos aos amigos: força, porque tudo vai dar certo!
