Rogério Romano Bonato
Interessante: nos teclados dos computadores não existe um botão para “reiniciar”, em verdade há um comando para a realização da tarefa. Existe onde ligar/desligar, deletar, mas não “reiniciar”. Pode ser, isso evite distrações e acidentes de percurso, do tipo esbarrar e perder o que se estava fazendo. Em resumo, reiniciar é uma atitude.
Infelizmente, na vida, que é bem mais complicada, também não há de um botão para reiniciar coisa alguma. Os atos precisam ser pensados, repensadas e calculados, porque se equivocados, prejudicam a outros. O sentido de “reiniciar” exige essa atenção.
Muitas pessoas ingressam o novo ano como “reiniciassem” a vida e não é de todo ruim caso resolvam fazê-lo. É uma maneira de corrigir os erros e encontrar um caminho mais sólido para seguir em frente. “Neste ano não vou mais fazer isso ou aquilo”; “não quero errar de novo”, pensamentos assim transladam os períodos em nossa bagagem, e, inevitavelmente estamos fadados a fazer as mesmas coisas, porque não somos uma máquina com placas, fios e circuitos, com a memória de silício, tela de cristal, elementos químicos, físicos e metalúrgicos; câmeras e HD – “Hard Disk”. Somos de carne, ossos e água, com um cérebro utilizado em apenas 16% da capacidade. Mesmo assim, ainda conseguimos ser superiores à inteligência artificial, uma vez que a criamos.
Esta linguagem está longe de ser autoajuda; é a pura e racional realidade. Portanto, para crer no ato de “reiniciar”, e, melhorar, corrigir e aperfeiçoar, basta a atitude e a tarefa de encontrar, apertar o botão imaginário, e lidar com o que virá. Pode ser bom, ou nem tanto. É a vida, ela é assim imprevista, depende de nós e dos outros, do destino e de como tudo se encaixará. Precisamos aprender a aceitar e lidar com isso.
Mas há no meio dessa jornada outros fatores importantes, orgânicos, como os sentimentos e o que deles se origina. O otimismo, por exemplo, é um jeito de acreditar no melhor, mesmo em condições desfavoráveis; há a compaixão, em remediar a dor alheia; e o que fazer com o amor, quando não é correspondido? Nossa, que máquina complicada somos, tão perfeitas e incapazes de processar a maioria das ocorrências que nos afligem? E como somos tão diferentes? Seria defeito na linha de produção?
Não. Somos isso tudo, essa vastidão de querências e desejos, de aspirações e com calma, encontraremos as soluções. Há jeito para tudo, até para o inimaginável. Basta acontecer e saberemos.
Então, é aí que reiniciamos. Hoje já é dia 9 de um novo ano, bola pra frente e que venha a vida com tudo o que ela nos presenteia de bom ou ruim, porque quando se tem a chance e a capacidade de viver, tudo se transforma, e acaba ficando do jeitinho que queremos.