Por Rogério Bonato –
O crescimento demográfico é um evento que exige certa reflexão, afinal de contas, a nossa casa, ou seja, o planeta em que vivemos, nunca comportou tantos moradores ao mesmo tempo.
Trata-se de um fenômeno que emite muitos alertas, a começar pelos ambientais. As dinâmicas populacionais nos obrigam a pensar no equilíbrio, ou nas consequências desequilíbrio, as taxas de natalidade e de mortalidade; o saldo migratório da população e nas transformações econômicas, sociais e culturais.
O relógio da existência humana regista apenas alguns segundos, não mais que um minuto em relação à formação do planeta, um tempo que foi suficiente para elevar o suporte de vida ao risco. É assustador imaginar que a raça humana destrói para se proliferar.
Em 1.900 o mundo abrigava um pouco mais de 1,5 bilhão de pessoas; esse número dobrou 60 anos depois. Da virada do milênio até aqui, em 22 anos, a população aumentou em 2 bilhões. A natalidade avança com o tempo embora existam perspectivas de estagnação, seja por questões ambientais, decisões comportamentais ou mesmo pela força da Lei, como fez a China.
Um amigo outro dia perguntou: quantas pessoas já viveram em nosso planeta, desde o surgimento da raça humana? Enfim a humanidade possui sim essa balança, a bacia dos mortos, que não causam nada, a não ser a ocupação do espaço, e, a dos vivos, que consomem e destroem como praga de gafanhotos. Pictoricamente é atormentador, mas real.
Segundo uma estimativa da ciência, já viveram cerca de 120 bilhões de terráqueos humanos. No curto espaço para a realização deste texto, neste ano (2022) já haviam falecido mais de 58 milhões de pessoas e nascido quase 118 milhões; nasce o dobro em relação aos óbitos. Fazendo os cálculos, há um crescimento populacional em média de 50 milhões ao ano. Em outras palavras, seria como formar uma cidade do tamanho de Tóquio e São Paulo juntas a cada 365 dias!
Nosso “planetinha”, no entanto, sofre com a densidade populacional, por exemplo, é um reflexo disso a perda de 4,5 milhões de hectares de florestas ao ano; 6,1 milhões de terras férteis em erosão; 32 bilhões de toneladas de CO2 emitidas; 10 milhões de hectares em processo de desertificação e mais de 8 milhões de substâncias tóxicas liberadas no meio-ambiente, no período. Se o homem não existisse, nada disso estaria acontecendo, ou timidamente ocorreria diante dos processos naturais, uma vez que os bichos não são capazes de causar um estrago dessa magnitude.
Ou repensamos o tamanho da nossa casa e o que ela pode comportar ou cantaremos aquela boa e velha canção, “era uma casa, muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada”. Francamente, não há nada de engraçado se olharmos um futuro que oferecemos aos que virão.
Rogério Romano Bonato
Imagem stoodi/blog/geografia.