Oeste sem Moacir é dia sem o Sol.

 “Nasce o sol e põe-se o sol, e volta ao seu lugar onde nasceu. O vento vai para o sul e faz seu giro para o norte. Continuamente vai girando o vento e volta a fazer os seus circuitos. Uma geração vai, outra geração vem, porém a terra para sempre permanece”.

Érico Veríssimo  

 

O domingo amanheceu escandalosamente lindo, como em geral, são as manhãs que transcendem a Primavera, conduzindo-a até a próxima estação. Tudo o que contemplamos em dias assim, simplesmente desaparece quando sabemos notícias tristes sobre alguém que amamos, ou admiramos, ou conhecemos, ou queremos bem. Não importa o grau, a distância – a geográfica e a fraterna -, uma nuvem escura rouba o céu, pesa sobre tudo e invade as nossas lembranças.

É a definição do meu domingo, quando soube do falecimento do Moacir Hanzen. E, francamente, quase nada podemos fazer além disso: lembrar e torcer para que a família consiga superar um momento tão triste assim.

Das lembranças, e, elas são muitas, consegui resumir a importância do amigo; alguém que nunca faltou nos momentos mais difíceis, e que em várias ocasiões surgiu do nada, e disse: “em que posso ajudar”, ou “aguenta firme, isso passa”.

Mas em momentos assim, lembramos o lado pessoal e nunca o coletivo. Os “fatos” ficam por conta das páginas de noticiários; neste aspecto, bastaria resumir que o Moacir José Hanzen foi uma figura ímpar no cenário empresarial e área da comunicação no Extremo Oeste do Paraná; homem muito bem relacionado com todas as comunidades da Costa Oeste, nome que deu ao seu grupo de informação. Um empresário atento, realizador, hábil e generoso.

Em meus exercícios públicos, o Moacir foi um “pronto socorro”, em muitas ocasiões. Não saberia enumerar as vezes em que cedeu tendas, barracas, arquibancadas, gratuitamente ou matando o prejuízo no peito, porque simplesmente depositava fé, no bem comum que a inciativa causaria.

Nessa narrativa da “pessoalidade” há a introspecção, das vezes em que discutimos política, a viabilidade das iniciativas públicas e privadas, a comunicação como instrumento da formação da opinião, o tirocínio do exercício de sobrevivência, sem prejudicar e sim, ajudar colaboradores e amigos. Muitos saberão lembrar o tamanho do coração do Moacir.

Francamente, no momento em que soube o súbito que levou o Moacir, não consegui pensar em mais nada que não fosse o Mauro Hanzen até porque, é difícil desassociar um irmão do outro, parceiros na alma, muito além dos negócios. Deus ajude a confortar a alma do meu querido amigo Mauro, porque não dá para avaliar a dimensão da sua dor.

Entender a profundeza do pensamento e palavras do grande Érico Veríssimo, pois assim ele encerrou o compêndio de três, das suas magníficas obras, resultante em “O Tempo e o Vento”, é que aprendemos uma lição sobre a superação e a sua extraordinária simplicidade no transladar das gerações. Mas como um observador da minha geração, não consigo deixar de acrescentar a memória, porque ela é imaterial, ao contrário daquilo que permanece, no caso, a terra. Foi uma grande honra e um privilégio ter sido aceito como amigo, pelo Moacir Hanzen.

Rogério Romano Bonato