O comércio tradicional de Foz do Iguaçu anseia por inovação

*Paulo Angeli

 

Pode até ser que as gerações mais novas desconheçam, mas a história de Foz do Iguaçu perpassa pela charmosa Avenida Brasil. Era nos estabelecimentos ao longo da via (que foi de mão única por um longo período) onde a vida cultural e comercial da cidade aconteciam.

Desde a primeira camada de asfalto, adicionada na década de 1960, muita coisa mudou, mas os negócios locais clamam por inovações após perder espaço para a comodidade e climatização – nos nossos dias mais quentes – dos shoppings centers.

Uma possibilidade seria fechar a rua para veículos e deixá-la aberta exclusivamente para pedestres. Esse tipo de proposta – que é muito comum em diversas cidades – desencadeia uma série de benefícios comerciais que contribuem para o desenvolvimento sustentável e a prosperidade das áreas urbanas.

E não estou falando em “inventar a roda”. Temos exemplos práticos espalhados pelo Brasil que comprovam a eficiência desse tipo de iniciativa. Em Curitiba, a implementação da Rua das Flores (o Calçadão da XV) enfrentou grande resistência, e hoje é um dos metros quadrados mais valorizados da cidade, assim como o processo da Costanera em Florianópolis.

Aqui mesmo em Foz, na própria Avenida Brasil, temos o exemplo do Núcleo Avenida Brasil, um grupo organizado pelos empresários locais com o objetivo de pensar, organizar e promover ações em prol do desenvolvimento e valorização da região.

Paulo Angeli, idealizador do Festival das Cataratas e presidente do COMTUR. Foto: Jean Pavão

 

Algumas iniciativas importantes já foram desenvolvidas pelo núcleo setorial, mas é necessário mais apoio e uma ruptura mais impactante. Para iniciar, que tal um projeto-teste fechando o tráfego de pequenos trechos da avenida, como entre a rua Jorge Sanways e a Avenida Jorge Schimmelpfeng?

Para não me alongar, cito os principais benefícios desse tipo de iniciativa:

– Atração de Clientes: com a rua livre do tráfego de veículos, automaticamente temos um ambiente mais agradável e acessível para os pedestres. Essa atmosfera incentiva as pessoas a explorar lojas e restaurantes, amplificando as oportunidades de vendas;

– Melhoria da Experiência do Cliente: com os pedestres circulando com mais conforto e segurança, a experiência de compras se torna mais relaxante e envolvente;

– Estímulo ao Comércio Local: com essa proposta, espera-se que pequenas empresas se destaquem sem a concorrência direta de grandes redes varejistas ou centros comerciais. Isso ajuda, e muito, a preservar a autenticidade e a identidade da área;

– Redução de Poluição e Ruído: a eliminação do tráfego de veículos contribui para a melhoria da qualidade do ar e reduz os níveis de poluição sonora, tornando o ambiente mais agradável;

– Inovação e Criatividade: o ambiente livre de carros permite a implementação de soluções de design inovadoras, como instalações de arte pública, iluminação especial e mobiliário urbano criativo.

Em resumo, a conversão de ruas em espaços exclusivos para pedestres não apenas melhora a qualidade de vida dos residentes, mas também impulsiona o turismo e a atividade econômica local, estimulando o comércio, a criatividade e a interação social.

*Paulo Angeli é presidente do Conselho Municipal de Turismo de Foz do Iguaçu (Comtur) e idealizador do Festival das Cataratas.