O BRASIL E A EUROPA

Por Adilson Pasini*

Diante das notícias desta semana o Brasil olha o degrau maior do pódio enquanto boa parte do velho continente europeu se distancia das premiações na área econômica. A Europa com 10% da população mundial, metade da população de Índia, agoniza, mas a mídia apresenta os problemas dos seus países como se fossem do mundo inteiro.

Fazendo ainda referência a Índia, naquele país não existem protestos contra o aquecimento global, isso porque o calor que faz lá não afeta em nada a vida do cidadão, o indiano não discute essa bobagem de linguagem neutra porque lá se fala mais de 400 dialetos. Os problemas que a Europa vem enfrentando em todos os aspectos, e se agrava a cada dia, não faz parte do mundo todo e nem representa preocupação para o resto da população que pensa diferente.

A atual performance econômica do Brasil não se deve as relações comerciais com a Europa, por isso, nesse sentido, parte daquele “velho continente” não tem que dizer nada sobre o que Brasil deve ou não fazer.

As angústias dos europeus com todas as suas bandeiras de comportamento, de defensores disso ou daquilo não afetam em nada a maioria dos países do mundo, principalmente, os asiáticos, pelos mesmos motivos e porque pensam diferente.

Na verdade, os restantes 90% do mundo não se preocupam com a agitação dos europeus, o fato é que a pandemia e a guerra entre Rússia e Ucrânia escancararam a real situação de fragilidade dos países que se intitulam potências.

Mas ainda vemos brasileiros se curvando à Europa como se aquele continente tivesse a receita sobre o planeta, e costuma ditar o que é certo ou errado com a noção de que o resto do mundo ainda é uma colônia.

Ainda hoje a mídia internacional critica o agronegócio brasileiro, a Amazônia, e as curvas da Serra do Rio do Rastro em Santa Catarina.

Na verdade, jornais estrangeiros mantém correspondentes no Brasil e a maioria deles moram por perto dos botecos da Lapa ou da Vila Mimosa no Rio, outros moram na Rua da Consolação ou próximo ao Bairro Butantã em São Paulo, e, essa turma toda, de manhã, depois da ressaca, claro, acessam os sites dos jornais nacionais e retransmitem sem analisar a tendência do seu conteúdo.

Muitas das matérias sensacionalistas que fazem a farra da imprensa local sequer são lidas pelo povo Europeu, no máximo são publicadas nos rodapés das últimas páginas.

Muitos dos europeus ainda estão convencidos que as suas agendas são deveres a cumprir por 90% dos habitantes do mundo.

No início deste ano, muitos manifestos anunciavam absurdos sobre a economia brasileira, erraram todas, mas ainda vemos instituições querendo um Brasil desenhado por temas da comunidade europeia, achando que tudo que vem de lá, tem de ser a mesma coisa em Pindamonhangaba.

Muitos brasileiros não imaginam que o Brasil faz parte dos 90% do mundo que está fora da Europa, mas se acham dentro dos 10% como se fossem europeus, dando assim um atestado da insolvência de si próprios.

*Adilson Pasini, é professor universitário, auditor e escritor.