Lula em Buenos Aires; os voos solos presidenciais e o “tal” IOF, que bicho é esse afinal?

Estes e outros temas fazem parte da coluna de Rogério Bonato para este sexta-feira invernal.

Tango, diplomacia e IOF: quando a política e os impostos dançam juntos

Lula em Buenos Aires, sem tango com Milei

Poucos destinos encantam tanto um presidente brasileiro quanto Buenos Aires. Lula tem memória gustativa na capital portenha: das carnes do Don Julio aos vinhos tintos que fluem melhor do que notas diplomáticas. Mas, desta vez, o brinde ficou de lado. Durante a Cúpula do Mercosul, Lula evitou o anfitrião Javier Milei. Embora tenham posado juntos para as câmeras, a troca real de afeto aconteceu mesmo com Cristina Kirchner, atualmente em prisão domiciliar. A visita foi um gesto simbólico, como quem homenageia um passado que já não volta.

Quando a diplomacia vira novela

Hoje, fingir que o outro não existe parece coisa do passado. Apesar das divergências, Lula e Milei trocaram olhares e, segundo fontes locais, até um aceno disfarçado. A verdade é que ambos são figuras carismáticas, teatrais e apaixonadas pelo palanque. No entanto, suas semelhanças acabam por evidenciar a crise. O Mercosul, nesse jogo, parece refém de egos. Em vez de pontes, temos trincheiras políticas. E enquanto isso, o comércio regional espera por soluções práticas.

Aqui na fronteira, os negócios não param

Em Foz do Iguaçu, a convivência com argentinos é parte da rotina. “Hermanos” surgem sem avisar, pechincham e abastecem antes de voltar. O comércio local sabe que um bom mês depende da cotação do peso e do humor do câmbio. Que Lula e Milei troquem farpas à vontade, desde que não estraguem os negócios. Afinal, se a política divide, o churrasco ainda une.

O Brasil do meio-termo

A diplomacia brasileira sempre teve vocação para o equilíbrio. Lula representa o Sul Global, mas evita se comprometer demais com o Ocidente. Sua visita à Argentina reacendeu debates sobre seletividade nas alianças. A imprensa internacional, como a The Economist, tenta decifrar esse posicionamento. Mas a verdade é que o Brasil prefere cozinhar sua política externa em fogo baixo, ao seu modo.

Enquanto isso, Bolsonaro repousa

Enquanto Lula discursava, Bolsonaro entregava atestado médico: repouso absoluto por conta de soluços e vômitos. Oficialmente, o ex-presidente está fora do jogo em julho. Mas há quem diga que os sintomas surgiram após a leitura de pesquisas eleitorais. Para muitos aliados, o silêncio de Bolsonaro é até estratégico. Ainda assim, ele permanece ativo no imaginário conservador.

Entre sintomas e slogans

O afastamento do ex-presidente trouxe alívio à esquerda, que respira sem o ruído constante. Mesmo assim, o silêncio não deve ser subestimado. Internado ou não, Bolsonaro ainda rende mais engajamento que muitos parlamentares em atividade. Seu afastamento, ainda que médico, tem implicações políticas profundas.

Malafaia e o soluço político

Um detalhe curioso: Bolsonaro teria crises de soluço ao tentar pronunciar o nome de Silas Malafaia. Médicos cogitam uma reação emocional. Analistas, por outro lado, apontam para o desgaste da última manifestação da Paulista. Para um político que se alimenta de aplausos, a ausência do público é como uma indigestão crônica.

Tarcísio, o herdeiro inquieto

Enquanto o ex-mito repousa, Tarcísio de Freitas testa sua própria força. Ele cogita liderar eventos sozinho, sem a sombra de Bolsonaro. O objetivo é claro: saber se sua popularidade resiste sem apoio explícito. Afinal, 2026 já começou nos bastidores. O risco? Haver espaço apenas para um messias por vez.

IOF: o imposto que ninguém vê, mas todos sentem

Em meio a tudo isso, surgiu um novo vilão: o IOF. Poucos sabiam exatamente o que ele era, mas todos pagavam. Esse imposto incide sobre quase tudo: empréstimos, câmbio, seguros e investimentos. O Congresso, atento ao clamor popular, decidiu barrar um aumento proposto pelo governo. A economia agradece.

IOF: o imposto que viaja com você

Vai comprar dólar, pagar com cartão no exterior ou enviar dinheiro para o filho no intercâmbio? IOF. O imposto segue o brasileiro até no Duty Free, sem precisar de passaporte. Reclamar não adianta. Ele aparece como fila de aeroporto: irritante, mas inevitável.

Investimentos e armadilhas

No mundo dos investimentos, o IOF age como um fiscal impaciente. Quem resgata aplicações antes de 30 dias pode perder até 96% dos rendimentos. Depois disso, a alíquota desaparece. É quase uma lição de moral: no Brasil, até a pressa custa caro.

No seguro, o governo também participa

Até quem tenta se proteger paga. O IOF em seguros pode chegar a 7,38% — especialmente em seguros de automóveis. A lógica é simples: “Você se protege, e eu arrecado.” No Brasil, o imprevisto sempre tem companhia.

Congresso barra aumento do IOF

Recentemente, o Congresso derrubou o aumento do IOF. Foi uma derrota para o Planalto e um alívio para o bolso da população. A decisão preserva bilhões na economia e mostra que o Legislativo ainda pulsa. Afinal, ninguém aguenta mais pagar imposto disfarçado de susto.

A criatividade tributária continua

Mesmo com a vitória contra o novo IOF, o governo busca novas formas de arrecadar. Cortar gastos? Melhor inventar um novo tributo. Quem sabe o IPEF — Imposto Provisório para Equilibrar o Furo — ou o TRONCO — Taxa de Recursos Obtidos no Crédito Operacional. Porque no Brasil, criatividade fiscal nunca falta. E assim seguimos, entre sorrisos diplomáticos e boletos invisíveis.

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