Fundação Cultural: 40 anos de arte, memória e futuro

Criada em 1985, a instituição consolidou-se como a principal engrenagem da vida cultural iguaçuense. Em quatro décadas, transformou eventos em tradição e resistência em política pública.

-Por Eliane Luiza Schaefer*

 

A Fundação Cultural de Foz do Iguaçu completa 40 anos em 2025. Criada em 1985, durante a gestão de Dobrandino Gustavo da Silva, marcou uma ruptura com os tempos em que a cultura local era tratada como um apêndice burocrático da Secretaria de Educação — sem orçamento, sem protagonismo, sem horizonte.

Desde então, tornou-se o coração  da produção artística da cidade, fomentando expressões diversas, abrindo palcos e ampliando o acesso da população à arte em suas múltiplas formas. O calendário cultural que hoje movimenta Foz nasceu, em grande parte, sob o guarda-chuva da Fundação: Festival de Teatro, Festival de Poesia, Feira do Livro, Fartal, Carnaval, Feirinhas da JK, Estações Culturais, celebrações cívicas e desfiles de aniversário. Tudo isso, somado ao apoio direto a músicos, artistas visuais, companhias de dança, grupos populares e produtores independentes.

Mais do que promover eventos, a Fundação Cultural criou vínculos: entre gerações, entre bairros, entre artistas e públicos. E fez isso mesmo em cenários de crise, cortes orçamentários e ausência de concursos públicos, mantendo sua credibilidade perante a sociedade iguaçuense.

Responsável pela implementação das leis de incentivo e pela mediação com os sistemas nacional e estadual de cultura, a instituição é também referência na condução de políticas públicas permanentes — e não apenas episódicas — para o setor.

Ainda assim, há sonhos que continuam à espera de palco. A volta da Orquestra Sinfônica Municipal, com seus grupos de câmara, coral e banda, segue como desejo coletivo. E o tão falado Teatro Municipal, prometido por diferentes administrações ao longo de décadas, permanece nos discursos, mas não no concreto.

Com equipe reduzida e orçamento modesto, a Fundação Cultural faz muito — mas poderia fazer ainda mais. A cidade que cresceu em população, em turismo e em complexidade, também exige um novo patamar de investimento cultural. Espaços de ensaio, salas de formação, acervo para instrumentos e mecanismos modernos de financiamento estão entre as demandas mais urgentes.

Celebrar 40 anos é reconhecer uma trajetória de conquistas, mas também lançar o olhar adiante. Em tempos de transformações urbanas, sociais e tecnológicas, a cultura não é luxo — é ferramenta de pertencimento, coesão e desenvolvimento. E a Fundação Cultural, neste sentido, continua sendo uma das instituições mais respeitadas de Foz do Iguaçu. Pela história que escreveu. E pela cidade que ainda pode ajudar a desenhar.

 

Eliane Luiza Schaefer é empresária do ramo da comunicação, colunista, artista plástica e designer gráfica, engajada com a cultura e com movimentos em defesa da causa animal.