Foz entra na reta de campanha; começam os horários eleitorais

Até agora os canidatos fazem o treino nos debates e contatando a população por meio de visitas. Em sua coluna, Rogério Bonato relembra a última contenda e comenta a visita "abrupta" de Jair Bolsonaro.

Jogo de várzea?

Qualquer pessoa que comente o real transcurso de um debate, ficará próxima de uma ação na Justiça Eleitoral. A vaidade dos candidatos dificilmente aceitará a verdade e a maneira com a qual se postaram frente às câmeras, digladiando com oponentes ruins, medianos e preparados. Em verdade essa gente precisa vencer várias dificuldades ao mesmo tempo, com a falta de experiência, timidez, o entendimento com o jogo de câmeras, as expressões da plateia, o apresentador, e, por fim, os oponentes, feras indomadas e imprevisíveis. O alento é que esse desconforto afeta a todos, independentemente a experiência na comunicação, ou a longo trecho no exercício político.

 

Pela ordem

Com relação ao debate da última terça-feira, não há muitas dificuldades para a transcrição, no ponto de vista da opinião, mas é necessário escolher como comentar um evento político de mais de três horas. Devemos obedecer a linha dos acontecimentos, ou na performance de cada um? A última hipótese parece ser a melhor, porque o que todo mundo espera é uma avaliação sobre os participantes. Ainda não é possível atribuir uma boa nota a nenhum dos candidatos; eles ainda não superaram a trava. Vamos seguir a ordem de apresentação dos participantes: Sérgio Caimi, Aírton José, General Silva e Luna, Zé Elias, Jurandir de Moura (Latinha), Paulo Mac Donald e por fim o Sâmis da Silva. Vamos ao resumo.

 

Caimi

O candidato do PMB, não aparecerá em horários eleitorais e dependendo o canal de Tv, será apartado pela regra da representação parlamentar no Congresso. Ele surpreendeu pela desenvoltura e mostrou coesão, preparo e conhecimento em vários assuntos, se livrando inclusive das enrascadas. Quando foi provocado, respondeu com educação e por isso se saiu bem. Sérgio Caimi bom relacionamento com os adversários. Foi secretário do Sâmis, é amigo do Paulo, e, conversa bem com os demais. Sem dúvida, o ponto forte dele é o saneamento e meio ambiente, e, por isso, se deu bem nas perguntas e respostas com Paulo Mac, que adora navegar pelo mar dos problemas na Saúde.

 

Aírton e as pegadinhas

Como advogado, o candidato pisa em ovos e como comunicador, faz um passeio nos debates. Mas o que se viu foi um Aírton armador de boas arapucas. Escolheu bem as perguntas e a quem fazê-las, aproveitando a réplica. No tema da logística, interagindo com o General Silva e Luna e no rescaldo do assunto abordado pelo Paulo, o candidato do PSB se saiu muito bem. Estudou o assunto que é causador de muitas dores de cabeça na população; também soube explanar as questões de segurança. Aírton está trabalhando novas técnicas; sempre com trocadilhos emocionais e chegou a fazer até um discurso no encerramento do debate. Outra virtude é a de não se enroscar em encrencas, passando longe delas. Se cada candidato fosse o componente de uma salada, Aírton seria o quiabo. É liso.

 

General Silva e Luna

Cutucaram a onça com a maledicência de um adultério. Em tempos de campanha é pior que a vara curta. O candidato “chegou, chegando”, rebatendo a denúncia com a faca nos dentes e sangue nos olhos. Subiu o tom e calçou o coturno, demostrando que a elegância pode ser deixada de lado, conforme a pimenta que despejarem em seu prato. Usou a palavra “canalhas”! Convenhamos, não era para menos. Mas, textual, disse: “encerro aqui este assunto”. Para a surpresa geral, Silva e Luna fez perguntas ao Paulo Mac Donald, e foi para cima da atual administração no assunto do asfalto e buracos pela cidade. Comparando com a performance do debate da Tv Tarobá, Silva e Luna parecia outra pessoa. Foi bem preparado pelos assessores e aproveitou para anunciar a visita de Jair Bolsonaro (mais informações sobre isso na sequência).

 

Zé Elias

Milagrosamente o candidato não lembrou o senador Sérgio Moro, mas, voltou a abordar a eficiência na administração, e, educação, uma das suas praias. Tirou o Sâmis dp sério com o assunto do “novo na política” e mais tarde o rebateu sobre a construção de sala de aulas. Lembrando: o ex-prefeito afirmou que havia construído 120 salas em seu mandato e o Zé, em seu empreendimento particular, disse que fez 60. José Elias é um estudioso por natureza e gosta de números, inventários, cálculos e se aprofundou na área da administração pública. Falou que em 44 dias tapará todos os buracos da cidade.

 

Latinha, again

Ele abusa dos trocadilhos. Em algumas situações isso não se encaixam bem, longe de entrar em acordo com os temas abordados. Repete a expressão Cavalo de Tróia para lembrar o Hospital Municipal (?). Ao se apresentar, descreveu as vestimentas, o tipo de camisa, calça, a aparência, e, disse que atendia aos deficientes visuais. Ele também utiliza uma caneta pendurada na orelha, igual turco de armazém. Queixou-se de ser desprivilegiado, uma vez que não é questionado pelos rivais. Aqui entre nós, não é uma estratégia ruim. O Jurandir, ou popularmente Latinha, acusou o relacionamento dos oponentes com os vereadores; para ele o número de cadeiras no Legislativo chegaria a 17, quando a Câmara possui 15 membros. “Onde vocês enxergam o lixo eu vejo dinheiro”, disse ao abordar questões de saneamento e coleta de resíduos.

 

Paulo ainda é o Paulo

O candidato do PP está aparentemente mais à vontade ao encarar os adversários. Abusa da tática de chutar o escanteio e correr para a área, para tentar cabecear; responder as próprias perguntas que faz e para tentar incomodar o General, abordou mais o assunto da “gestão”. Usou a velha soberba ao dizer que “não precisaria se apresentar”, mas corrigiu o rumo da prosa. No geral, volta a abordar o setor de Transporte Coletivo com exemplos que o cidadão só compreenderá ao usar um ônibus. Paulo se esforça ao mencionar inovações, como a Telemedicina, mas isso é um assunto que exige tempo e quando é levado para o debate, e por isso não se torna conclusivo. Todo mundo sabe da sua competência em muitas áreas e a eficiência no serviço público, portanto não deveria, em confronto direto com os adversários, perder tempo em responder agressões, como as que sofreu sobre o lixo. Um ponto interessante foi a troca de opiniões sobre a Logística. Paulo e General, sem perceberem, entregaram um pacote de soluções, cada um, ao seu modo, identificando a realidade no setor.

 

Sâmis e os velhos tempos

Apesar de afastado da política por décadas, Sâmis da Silva mantém o discurso aprimorado. Seu maior pecado é insistir em lembrar o “luxo” de sua passagem pela prefeitura, sem admitir o “lixo”. Uma das virtudes que o povo espera dos candidatos é a humildade em reconhecer que não cumpriram a tarefa em 100%. O mandato de Sâmis deixou muitos problemas para o sucessor, portanto, a cidade se lembra. Mascarar a história, ou anuviar a verdade é passar diploma de trouxa para os contribuintes. Sâmis trabalhou bem em muitas áreas e algumas das suas pegadas foram eficientes; usa e abusa da simpatia popular do seu mestre, e pai, o Dobrandino Gustavo da Silva, mencionando casos folclóricos. O exemplo desgastado da “coleta de lixo” propõe visões administrativas opostas. O que um compreende como eficiência, o outro trata como gestão. Paulo pediu soluções para reduzir os gastos com a economia dos recursos públicos, enquanto Sâmis crê que isso causou desemprego e problemas às concessionárias. A população, afinal, sabe julgar esses diferenciais.

 

O passeio do seo Jair

O assunto do dia e da noite, entre terça e quinta, foi a visita “relâmpago” do ex-presidente Jair Bolsonaro. Não no sentido da permanência em Foz, porque ficou até bem mais horas de quando estava no poder; sim pelo surgimento abrupto na agenda política, praticamente de um dia ao outro. Foi “quase” uma surpresa. Na terça-feira surgiram as primeiras informações e ele já desembarcou na quarta.

 

Os eventos

Logo, da terça-feira, até a noite do dia seguinte, o comitê de campanha do candidato General Silva e Luna precisou passar sebo nas canelas e se organizar, alugando palco, imagem institucional de campanha, seguranças, logística e a estrutura para receber um ex-presidente, governador do Estado e tudo o mais; foram ao aeroporto, fizeram carreta e o que se viu; “independentemente” o público.

 

E o público?

Foi o ponto de polêmica. Os adversários dizem que não havia mil pessoas, os correligionários sustentam que foram três mil; este colunista consultou um PM (pediu para não revelar o nome), que apesar de bolsonarista roxo, possui experiência no assunto e relatou que perto de dois mil foram até a Praça da Paz.

 

“Independentemente”?

Devemos considerar que os organizadores foram de certa forma felizes com a presença “orgânica” das pessoas, como o termo é costumeiramente utilizado para a fluência nas redes sociais. Eles garantem que as pessoas foram ao local do comício com os próprios meios, sem transporte de graça, ou outros artifícios, enfim, usaram a espontaneidade. Os adversários podem zombar, mas não devem subestimar a importância da visita, afinal ela será importante para o arsenal de campanha. Hoje o General Silva e Luna e todos os candidatos a vereador possuem fotos ao lado de Bolsonaro e Ratinho; falas em palanque, gravações, imagens pelas ruas da cidade, enfim, uma artilharia eficiente. Este humilde colunista avalia que armaram uma produção para a finalidade exclusiva. O público, independentemente o número de simpatizantes, foi uma formalidade.

 

Sem dúvidas

Se Bolsonaro agendar uma visita à Foz, com uma semana de antecedência, estejam certos que um evento assim precisará ser realizado em estádio de futebol em muita gente ainda ficará de fora. Não há praça na cidade que comporte tanto público. Os adversários é que tratem de se conformar. Se isso será traduzido em votos, aí são outros quinhentos, só saberemos na noite de 6 de outubro. Faltam apenas 38 dias. É, o tempo voa.

 

O nome “General”

Saiu a decisão! A tentativa de impugnação de Joaquim Silva e Luna, em usar a patente de General, bateu na trave. A justiça decidiu favoravelmente ao candidato e a sentença da Juíza Eleitoral Trícia Cristina Santos Troian diz que “ANTE O EXPOSTO, DEFIRO o pedido de registro de candidatura de JOAQUIM SILVA E LUNA para concorrer ao cargo de Prefeito, sob o número 22, com a seguinte opção de nome: GENERAL SILVA E LUNA. Intime-se e atualize-se no sistema CAND a situação de julgamento do candidato. Ciência ao Ministério Público Eleitoral”. A decisão foi expedida na última quarta-feira, 28/08 e, naturalmente divulgada em seguida.

 

E a corrida?

No ponto de vista eleitoral, fazendo campanhas, participando de debates, organizando comícios, visitas, atuando como deveriam na colheita dos votos, os ilustres candidatos possuem missões matemáticas: Paulo terá que segurar as intenções de voto, enquanto o General Silva e Luna precisará furar o balão do ex-prefeito e convencer indecisos; Sâmis e Aírton José, procuram meios de alcançar o segundo lugar, e, sonharem com a participação no outro turno; Caimi e Zé Elias tratam de cavar opções, na esperança de convencimento por meio da propaganda eleitoral e aliados externos, e, por fim, o Latinha, vive à espera de um milagre. Ou esta análise está errada? É a corrida dos cavalinhos do Fantástico.

 

O debate na Cultura

Muitas pessoas enviaram mensagens perguntando sobre o debate da Rádio Cultura, fazendo confusão com a data. Não será no dia 01 de setembro, ou seja, na próxima segunda-feira e sim no primeiro dia de outubro. Pois é bom que os candidatos se preparem, será um evento de qualidade e com grande exposição. O último debate antes da eleição.

 

Detalhes

O debate no dia 01/10, acontecerá no Recanto Hotel e todos os candidatos foram convidados. A emissora organiza uma reunião para informar as regras. No dia, a movimentação está prevista para iniciar às 19h, nas mídias sociais e, a partir das 20h, inicia-se o rol de perguntas, respostas, réplicas e tréplicas, e tudo o mais que acontece em eventos assim.

 

Antes

A Rádio Cultura deve preparar mais uma rodada com os candidatos e possui uma agenda que assim: a ordem será inversa à primeira rodada, começando com o candidato Zé Elias, dia 16/09; Sergio Caimi em 17/09; Samis da Silva no dia 18/09; Paulo Mac Donald em 19/09, o Latinha (Jurandir de Moura) dia 20/09; dia 23/09 será a vez do General Silva e Luna e por fim, o Airton José participará em 24/09, encerrando o ciclo de entrevistas. A emissora também anunciou que em caso de segundo turno, realizará um outro debate no dia 22 de outubro.