Estado, União e Município podem conversar sobre área no Parque Nacional do Iguaçu?
A disputa pela posse da área das Cataratas segue emperrada entre Paraná e União. Se São Paulo resolveu litígio histórico com diálogo, por que aqui não pode? E onde entra Foz nessa história? Leia este e outros assuntos na coluna de Rogério Bonato!
O Corvo não morreu
Não é porque deixei de publicar a coluna no impresso que o passarinho birrento virou defunto. Pelo contrário, a Coluna No Bico do Corvo é minha criação e pretendo reinventá-la no ambiente virtual. Em breve, novidades: provavelmente um box com notinhas ainda mais picantes. Temos todo o tempo do mundo.
A novela sem fim
O imbróglio sobre a posse de 1.085 hectares no coração do Parque Nacional do Iguaçu já dura décadas. A matrícula da área é reconhecida em nome do Paraná pelo TRF-4, mas o governo federal, via ICMBio, não aceita a decisão. Resultado: o caso se arrasta em reuniões e tribunais, sem desfecho.
O jogo duro de Brasília
O ICMBio tem interesse direto: o Parque Nacional do Iguaçu está entre as três unidades de conservação que sustentam financeiramente outras 72, deficitárias em visitação. Só em 2025, já recebeu mais de 1,3 milhão de visitantes de 115 nacionalidades, gerando receita vital para a máquina federal. Brasília não larga o osso.
Paraná na defensiva
A PGE-PR fica de mãos atadas. A estratégia estadual é buscar acordo, mas o governo federal prefere apostar no litígio. Enquanto isso, a principal atração turística do Brasil permanece em um limbo jurídico-administrativo.
Campo de Marte: o precedente paulista
São Paulo mostrou que dá para resolver. Em 2022, após mais de 60 anos de disputa, União e Prefeitura chegaram a um acordo sobre a área do Campo de Marte. Houve encontro de contas: parte do território ficou com a União e a Prefeitura abateu R$ 25 bilhões em dívidas. Vontade política, mediação e negociação encerraram uma querela interminável. Por que não repetir a fórmula aqui?
A cidade espremida
Foz do Iguaçu é uma cidade sitiada. Ao sul, o Parque Nacional; ao norte, Itaipu; a oeste e sudoeste, Paraguai e Argentina. Para entrar ou sair, só pelas rodovias federais, aduanas ou aeroporto – todos sob comando de Brasília. Foz vive comprimida, sem espaço de decisão sobre seu próprio território. Já passou da hora de reivindicar participação e contrapartidas.
O gênio da lâmpada
O que falta? Vontade política. União, Estado e Município poderiam costurar um entendimento histórico: dividir responsabilidades, compartilhar receitas e planejar um modelo sustentável. É possível. A questão é se Ratinho Jr. e Lula – adversários na eleição que se avizinha – terão coragem de esfregar a lâmpada mágica e libertar o gênio do consenso.
João deixa a Comunicação
Confirmou-se o que já circulava nos bastidores: João Zisman deixou o cargo de Secretário de Comunicação Social e Relações Institucionais da Prefeitura. Em carta de despedida, destacou lealdade ao prefeito Silva e Luna e disse sair para não atrair holofotes pessoais em detrimento da gestão. Jornalista atuante em Brasília, João tem trânsito fácil entre diferentes correntes ideológicas e cultivou amizades em Foz desde a campanha. Mas cargo público é sempre estar no olho do furacão. Desejo sucesso ao amigo em seus próximos passos.
Calça de veludo ou a bunda de fora
Foz adora reclamar que não tem teatro, mas não cuida nem do Barracão, carcomido da base ao teto. É como diz o ditado: ou calça de veludo, ou a bunda de fora. Agora, não vai faltar palco – o prefeito Silva e Luna prometeu um teatro e a Itaipu anunciou outro. Vai chover teatro em Foz. Mas haverá companhias locais para ocupar tantos espaços ou seremos apenas rota de peças em circuito?
Habemos “tchiatro”
Alguns entendidos em cultura ainda pronunciam “tchiatro”, com carioquice de novela das nove. Barbaridade! Mas, ao que tudo indica, teremos finalmente um, e dos bons. Itaipu anunciou um teatro anexo ao novo Centro de Visitantes, comparável ao Guairinha, de Curitiba. Foz, que sempre foi chamada de ilha cercada de fronteiras, pode virar ilha cercada de casas teatrais. Só falta garantir elenco: porque palco sem espetáculo é só teto caro com cortina vermelha.
Dia do Turismo
A cidade respirou turismo no último 27 de setembro como nunca antes. Destaque para a Urbia/Cataratas, que abraçou os artesãos – guardiões da imagem da terrinha levada mundo afora – e para o palco montado pelo Mercado Público Barrageiro, que promoveu festa para moradores, visitantes e trabalhadores dessa economia sempre emergente. Foi bonito de ver, sentir e participar. Um bom dia a todos!
Rogério Romano Bonato escreve com exclusividade para o Almanaque Futuro!